INTERNACIONAL
Sonhava com os "Estados Unidos de África" e quis fazer do Gana um Estado moderno, mas o plano não funcionou. Kwame Nkrumah, o primeiro Presidente do Gana, foi derrubado por um golpe de Estado a 24 de fevereiro de 1966.
Kwame Nkrumah nasceu em 1909 na Costa do Ouro, antiga colónia britânica no Golfo da Guiné (atual Gana). Cumprindo um sonho antigo, estudou e trabalhou durante dez anos nos Estados Unidos da América.
Na década de 1940 foi para Inglaterra estudar Direito. Foi aqui que se tornou num fervoroso defensor do pan-africanismo e da ideia de uma África unida e forte. Em 1947, de volta à Costa do Ouro, organizou greves e boicotes e fundou o Partido da Convenção do Povo (CPP), que tinha como slogan "Independência já!"
Em 1950, Nkrumah foi preso pelos britânicos. O seu partido venceu as eleições no ano seguinte e ele foi libertado, juntando-se imediatamente ao Governo. Assume o cargo de primeiro-ministro em 1952.
Uma África unida e forte
Em 1957, o Gana tornou-se independente. Foi o primeiro país da África subsaariana a libertar-se do jugo colonial. Em 1960, Nkrumah foi eleito o primeiro Presidente do país, que na altura era o maior exportador mundial de cacau.
Como chefe de Estado, fundou numerosas empresas estatais, começou um grande projeto de construção de uma barragem, construiu escolas e universidades e apoiou movimentos de libertação noutras colónias africanas.
Nas inúmeras viagens que fez, Nkrumah, que se descrevia como socialista-marxista, não se cansa de defender a sua ideia de uma África unida e forte, com um Parlamento comum. "Ele não era o típico déspota africano. Tinha o bem-estar das pessoas e do país em mente", explica o cientista político alemão Christian Kohrs.
Os mais pobres viam Nkrumah como um Messias e escreviam-lhe hinos e orações. Apesar da sua popularidade, Nkrumah era um homem solitário, desconfiado e amargurado. A sua vida era dominada pela política.
Líder autoritário
Nkrumah governou o Gana com uma mão cada vez mais pesada. Criou leis que permitiam ao Governo prender pessoas sem julgamento e também controlava os meios de comunicação. Em 1964, o Presidente converteu o Gana num Estado de partido único.
Economicamente, o país passava por dificuldades crescentes. A maioria das 50 empresas estatais estava a ser mal gerida e sofria perdas. Muitos dos grandes projectos de Nkrumah eram edifícios de luxo muito pouco utilizados. Um deles foi um centro de conferências em Accra, que supostamente deveria ser a sede de um futuro governo de unidade africano.
"Quando se quer modernização, é preciso incluir as pessoas. Ele perdeu isso de vista. Nkrumah quis fazer do Gana um Estado moderno, mas quis isso de forma muito rápida", lembra o especialista Christian Kohrs.
Entretanto, com a forte queda do preço do cacau no mercado mundial, o Governo teve de aumentar os impostos. O custo de vida subiu e as pessoas saíram às ruas, em greve. "Tivemos de fazer fila à parte do estádio para conseguir uma ração de açúcar", recorda o professor ganês Mike Ocquaye. "As fábricas que Nkrumah tinha construído não funcionavam".
Em 24 de fevereiro de 1966, enquanto Nkrumah estava na China, em visita de Estado a Pequim, os militares assumiram o poder no Gana, com o apoio dos Estados Unidos. Ao Presidente deposto foi concedido asilo na Guiné. Kwame Nkrumah morreu em 1972 em Bucareste, na Roménia, onde se encontrava para tratar um cancro.
Há alguns anos, foi erguida uma estátua de Nkrumah em frente à sede da União Africana (UA), em Addis Abeba, Etiópia. Uma homenagem a um defensor precoce de uma África unida.
LEIA MAIS
ÁUDIOS E VÍDEOS RELACIONADOS
- Data 24.02.2016
- Autoria Hilke Fischer / Isaac Kaledzi / cvt / ms
- Palavras-chave Kwame Nkrumah, Gana, Costa do Ouro, CPP, golpe, pan-africanismo, União Africana, UA,independência, África
- Compartilhar Enviar Facebook Twitter google+ Mais
- Feedback : Comentário
- Imprimir Imprimir a página
- Link permanente http://dw.com/p/1I0yD
Sem comentários:
Enviar um comentário
MTQ