30 de Janeiro de 2016, 13:38
A Polícia da República de Moçambique (PRM) acusou hoje a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) de ter atacado de madrugada o povoado de Saute, na província de Gaza, Sul do país, tendo morto um tractorista em serviço.
“Eles [a Renamo] atacaram a população de Saute [no distrito de Chigubo] e mataram um tractorista que estava a trabalhar, abastecendo de água as populações afectadas pela seca”, disse à Lusa o porta-voz da PRM na província de Gaza, Jeremias Langa.
O responsável acrescentou que a intenção dos alegados atacantes era encontrar uma das posições das forças de defesa e segurança na região, à semelhança do que aconteceu na madruga de Quinta-feira no centro de Moçambique.
A Lusa contactou o porta-voz da Renamo, António Muchanga, que desmentiu a informação avançada pela polícia, tal como negou o ataque na madruga de Quinta-feira ao povoado de Zero, na província da Zambézia, considerando que há um plano da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder) para “manchar a imagem” do seu partido.
“É mentira, a Renamo não está envolvida nisso. Estou a dizer que é mentira”, sublinhou António Muchanga, acrescentando que se trata de “confrontos entre eles”.
A informação sobre o segundo incidente envolvendo a Renamo em menos de quatro dias foi avançada pela Rádio Moçambique e confirmada depois à Lusa pelo porta-voz da PRM em Gaza.
À semelhança do alegado ataque da Renamo na Quinta-feira ao posto das forças de defesa e segurança do povoado de Zero, de acordo com o porta-voz da PRM em Gaza, o novo incidente no distrito de Chigubo deu-se de madrugada, por volta das 02:00 horas.
“Os trabalhos de perícia já estão em curso e também já temos lá uma equipa que está a garantir a segurança das populações”, afirmou Jeremias Langa, salientando que, apercebendo-se da chegada da polícia, os autores do ataque colocaram-se em fuga, em direcção a Funhalouro, na província de Inhambane (Sul), onde existe uma base da Renamo.
Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder em seis províncias do Norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
O líder da Renamo não é visto em público desde 9 de Outubro, quando a sua residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por algumas horas, a sua guarda.
Nos pronunciamentos públicos que tem feito nos últimos dias, Dhlakama afirma ter voltado para Sadjundjira, distrito de Gorongosa, mas alguns círculos questionam a fiabilidade dessa informação, tendo em conta uma alegada forte presença das forças de defesa e segurança moçambicanas nessa zona.
A Frelimo e a Renamo têm vindo a acusar-se mutuamente de rapto e assassínio dos seus dirigentes.
No dia 20 de Janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, província de Sofala, centro de Moçambique e o seu guarda-costas morreu no local.
A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.
O Presidente moçambicano tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição e que só negociará depois de tomar o poder no centro e Norte do país.
Lusa
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