A DEGRADAÇÃO de estradas devido aos desastres naturais e a fraca qualidade de energia fornecida às fábricas estão a comprometer os níveis de produção, transporte, processamento e colocação nos principais portos para a exportação do chá produzido no distrito de Gurué na província da Zambézia.
Os proprietários e gestores das unidades de produção do chá, uma cultura estratégica para a exportação, queixaram-se há dias ao Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, José Pacheco, que visitou o distrito de Gurué para se inteirar do processo de produção agrícola, sobretudo das empresas chazeiras que estão a enfrentar muitos problemas que precisam de uma resposta urgente do Executivo moçambicano.
Amedi Ali, da Chazeiras de Moçambique, disse ao ministro José Pacheco que as chuvas que se abateram no início deste ano causaram enormes prejuízos às empresas porque muitas estradas e pontes ficaram completamente destruídas e não houve uma reposição das infra-estruturas, o que impactou, negativamente, no transporte do chá verde do campo para as fábricas e depois de processado para os principais portos para exportação.
Amedi Ali disse que isso se reflectiu, de forma severa, nas finanças das empresas, algumas delas já estão a enfrentar problemas de pagamento de salários, impostos e outras obrigações porque não conseguiram comercializar nada.
Outro problema apontado pelos produtores do chá está associado à fraca qualidade de energia fornecida às fábricas, o que limita a capacidade de laboração. Soubemos que algumas fábricas só funcionam em pleno nas horas mortas, por isso, pediram ao ministro para interceder junto do Conselho de Ministros sobre a necessidade de reforçar a energia necessária. Amedi Ali recordou que o distrito do Gurué ficou dois meses sem energia devido à queda de torres na região de Mocuba, no período do pico de emergência.
Por seu turno, Ravi Shing, do Chá Magoma, disse que o nível de investimento que as empresas fazem é maior, todavia, os rendimentos são poucos, o que torna ineficiente a sua comercialização, não só no mercado interno, como no estrangeiro.
CHÁ NACIONAL MENOS CONSUMIDO
Ainda de acordo com Shing, o chá do Gurué perdeu o seu valor devido ao agravamento do dólar no mercado cambial, as fábricas estão numa profunda crise financeira, o chá nacional passou a ser menos consumido.
“O chá nacional é menos consumido em relação ao da África do Sul que custa menos. Esse é um problema de competitividade que pode ser resolvido com a protecção da produção nacional”, disse Ravi Shing, para quem o Executivo tem responsabilidade de proteger o chá de Gurué.
Entretanto, o Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, José Pacheco, reconheceu que as preocupações dos produtores de chá são legítimas e avançou que, neste momento, as prioridades do Executivo são as estradas que dificultam o escoamento da matéria-prima, quer para fora, quer para Gurué. Pacheco afirmou que o Executivo está a mobilizar recursos multiformes para a reposição do trânsito rodoviário, não só na província da Zambézia, como nas outras afectadas pelos desastres naturais do início do ano.
Dados em nosso poder indicam que a província da Zambézia tem uma área estimada em seis mil hectares para a produção do chá nos distritos Gurué e Ile. Actualmente, a província processa três mil toneladas que são, maioritariamente, exportadas para a venda em leilão em Mombaça.
Entretanto, os produtores defendem uma nova abordagem na produção do chá, nomeadamente o envolvimento do sector familiar. Este teria já o mercado garantido junto às fábricas de processamento. Tal como acontece com o tabaco, algodão e outras culturas de rendimento, o desejo das empresas é exactamente esse para que possam sair da crise.
JOCAS ACHAR
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