OPINIÃO
Hoje, o dr. Costa e as suas tropas contam, para nos livrar deste desgraçado destino, com o aumento do consumo interno da gente encalacrada a quem deram uns cêntimos.
A esquerda manifestou ontem a sua alegria, embora misturada com uma certa raiva a Cavaco, agora absolutamente inútil. Se deixasse o cavalheiro espernear sozinho em Belém, não tinha estragado a sua festa. Até porque, como de costume, o conformismo do indígena entrou logo em cena e, tirando um ou outro caso de convicção e teimosia, os jornais, o Komentariado e a televisão começaram logo a louvar o inominável governo do sr. Costa e as felicidades que ele seguramente nos traria. Houve mesmo um originalíssimo grupo de beatos que resolveu promover um jantar na Casa do Alentejo para comungar na alegria colectiva da vitória, com o proverbial lombo de porco e batatas fritas. Deus lhes dê uma longa vida e muitos pretextos para se unirem assim na sua fé.
Cá de fora, não pareceu que os motivos dessa tão devota euforia merecessem uma grande confiança. Compreendo muito bem que um subsídio, uma encomenda ou uma ajudazinha no emprego alegrem a alma. Mas não parece que o “bodo aos pobres”, como a direita lhe chama, ou a “redistribuição”, como lhe chama a esquerda, venha a ser uma coisa por aí além. Num país com a dívida pública e privada de Portugal e uma economia pequena e frágil, em que se investe pouco e mal, não sobra muito para acabar com a miséria, o desemprego e a pobreza de uma “classe média” que nunca chegou verdadeiramente a existir. O óbolo que se pretende dar aos “mais desfavorecidos” não lhes devolverá o optimismo do tempo em que, à superfície, o mundo se mexia a seu favor e ninguém esperava um percalço ou uma catástrofe.
Hoje, o dr. Costa e as suas tropas contam, para nos livrar deste desgraçado destino, com o aumento do consumo interno da gente encalacrada a quem deram uns cêntimos, com uma extraordinária epopeia científica e cultural (?) e com os milhões do universo exterior que serão atraídos pelo PCP e o Bloco e pelo seu conhecido tacto para receber e regular a iniciativa privada. Quanto ao resto, 19 ministros, 41 secretários de Estado e, como certeza, umas centenas de assessores saídos direitinhos da América e da Inglaterra bastam para pôr em ordem a vida portuguesa e a administração, de acordo com os melhores preceitos da arte. Pena que o Partido Socialista falhe sempre com Soares, com Guterres, com Sócrates. Mas desta vez não falhará com Costa. Porquê? Porque sim.
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