Ex-ministro das Finanças grego respondeu às acusações de que está a enriquecer à custa das conferências onde tem participado e publicou uma lista dos seus compromissos e dos honorários.
Yanis Varoufakis respondeu nesta quarta-feira às acusações de que está a ganhar rios de dinheiro com as conferências que tem dado em vários países da Europa e do mundo, publicando uma lista com os honorários que tem recebido e lembrando que apenas cobra uma em cada 12 aparições públicas que faz. De caminho, acusa os media “amigos da troika” de quererem travar a divulgação do espírito da “Primavera de Atenas”.
Num texto publicado no seu blogue, o antigo ministro das Finanças da Grécia agradece – ironicamente – aos media a “excelente oportunidade” que lhe dão para pôr em prática o princípio de transparência que deve ser adoptado pelos políticos e pelas instituições europeias. Varoufakis dá, assim, o pontapé de saída de uma campanha que designa de “Transparência em todo o lado”, publicando a lista das conferências que já deu e pretende dar, os honorários que cobrou e as despesas das viagens.
Em causa está uma notícia do jornal grego Proto Thema, amplificada pelo britânico Telegraph, segundo a qual Yanis Varoufakis cobra 54.400 euros para discursar fora da Europa e 4500 euros pela sua participação em conferências nos países europeus.
Varoufakis começa por dizer que desde que deixou o cargo de ministro das Finanças tem passado grande parte do seu tempo a tentar levar o espírito da “Primavera de Atenas” até ao coração da Europa. O objectivo, destaca, é garantir maior transparência nas decisões que são tomadas e “combater o enorme défice democrático” que se vive nas instituições europeias.
“Como era esperado, os mesmo media amigos da troika que tentaram vilipendiar a 'Primavera de Atenas' durante a nossa guerra com atroika investem agora os seus esforços para tentar desacreditar os meus últimos esforços”, escreve o especialista em teoria dos jogos, que esteve recentemente em Coimbra a convite do Centro de Estudos Sociais.
Varoufakis divide a lista de conferências em que já participou e irá participar em dois grupos. Da lista A fazem parte 23 intervenções políticas que já fez ou pretende fazer até ao final de Novembro. Os honorários que cobra nestes casos é, ironiza, um número “radical”: zero. Foi o que aconteceu no dia 17 de Outubro, quando abriu a aula inaugural do programa de doutoramento em Coimbra.
Em três casos, contudo, recebeu uma pequena quantia, “porque os organizadores insistiram para que o fizesse”. Foi o que aconteceu com a sua intervenção na 6.ª Bienal de Moscovo, que lhe rendeu 1000 euros; na conferência sobre um plano alternativo para a Europa que decorreu em Berlim, e pela qual recebeu 500 euros; e ainda uma intervenção que fez em Barcelona, a convite da presidente da câmara Ada Colau, que lhe rendeu 1700 euros.
Da lista B fazem parte dois discursos que se destinam a “manter a independência económica”. Pela sua participação num programa da televisão italiana RAI 3 recebeu 24 mil euros, a que se somam 28.800 euros que lhe pagaram por participar na conferência anual Abraaj em Singapura. É de notar, concluiu o académico, que o rácio é de 12 aparições não pagas contra uma aparição paga.
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