quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Rússia não deve pensar em se meter com a OTAN

Exercícios da OTAN na Lituânia

Vershbow: 

© AP Photo/ Mindaugas Kulbis
DEFESA
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OTAN e Rússia devem evitar escalação excessiva de tensão, apesar das posições contrárias, principalmente na Síria, nos países do Báltico e no Mar Negro, disse o vice-secretário-geral da OTAN, Alexander Vershbow.

“Está nos nossos interesses ter relações com a Rússia, se conseguirmos chegar a uma situação, na qual as tensões não sejam escaladas sem necessidade. Precisamos sempre manter a transparência e a pevisibilidade nas relações, de modo a evitar mal-entendidos e incidentes, possíveis de ser evitados, em regiões onde as nossas forças possam entrar em contato: no Báltico, no Mar Negro ou sobre a Síria”, afirmou Vershbow em Madrid, durante a abertura da conferência “OTAN e um novo arco da crise”, organizada pelo Instituo Real Elcano de Estudos Internacionais e Estratégicos e pelo departamento diplomático da aliança militar. 
Segundo Vershbow, a OTAN precisa introduzir correções na sua política, em função da piora das relações com Moscou. Este tema será discutido durante a próxima cúpula da aliança. “Com a aproximação da próxima cúpula da OTAN em Varsóvia, em julho, precisamos avaliar as consequências a longo prazo da crise atual no relacionamento com a Rússia e no futuro da aliança”, disse Vershbow.
“A Rússia não é União Soviética, encerrada por detrás de cortina de ferro. O mundo mudou. Está mais integrado e mais interdependente. Desse modo, a questão não é se teremos relações com a Rússia, mas qual será o caráter dessas relações”, afirmou o vice-secretário-geral. 
“Futuramente, no caso de uma concorrência continuada com a Rússia, deveremos adaptar a aliança, considerando as perspectivas de longo prazo. Precisamos melhorar o intercâmbio de dados de inteligência, detectar os pontos fracos em potencial, combater … os ciberataques, incluindo na pauta a cooperação com as organizações internacionais nessas questões, sobretudo com a União Europeia”, disse o vice-secretário-geral da OTAN.
Ele lembrou que as forças de reação rápida da OTAN (Spearhead force) podem ser mobilizadas em questão de dias. Nos países aliados do Leste Europeu foram abertas seis novas bases, mais duas serão abertas, e são realizados exercícios militares na região. Segundo Vershbow, o objetivo dessas ações é “dar a entender à Rússia que esta não deve nem pensar em se meter com a OTAN”.
Além disso, Vershbow chamou a atenção para o fato da OTAN estar oferecendo apoio prático à Ucrânia, através de cinco fundos, nas áreas de comando e gestão, defesa cibernética e auxílio médico. “Os aliados estão fornecendo equipamento à Ucrânia e estão realizando treinamento de militares e policiais”, disse Vershbow, citando também os programas de ajuda militar à Geórgia e Moldávia.
Segundo Vershbow, as forças da OTAN devem se concentrar “nos desafios que partem da Rússia e do sul”. Nesse contexto ele destacou o sistema de escudos antimísseis e lembrou que na Espanha estão localizadas naves norte-americanas com mísseis balísticos.
Na semana passada, os discursar durante a reunião do Clube Valdai de Discussões Internacionais, em Sochi, o presidente Vladimir Putin manifestou preocupação com avanço das posições da OTAN em direção às fronteiras russas e com as ações dos EUA com relação a seus sistemas de escudos antimísseis.
"O que nos preocupa não é o avanço da democracia sobre as nossas fronteiras, o que nos preocupa é o avanço da infraestrutura militar da OTAN sobre as nossas fronteiras" – disse o presidente durante a sessão plenária do evento.
"Tudo isso, ao meu ver, provoca uma legítima preocupação da nossa parte, e isso, sem dúvida, precisa ser avaliado e trabalhado. Apesar de todas as dificuldades, nós estamos dispostos a isso pelo mesmo problema antigo, o do sistema de defesa antimísseis" – disse Putin. As palavras de Alexander Vershbow demonstram, mais uma vez, que as preocupações do presidente da Rússia tem fundamento.


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