quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Quem são as forças em combate na Síria?


Num território cada vez mais dividido, hoje na Síria está muito mais em jogo do que derrubar Assad.
Mural em Damasco de membros de milícias pró-Assad mortos em combate JOSEPH EID/AFP
No início da guerra na Síria, em 2011, a oposição tomou armas para lutar contra o regime de Bashar Al-Assad. Mas o conflito tornou-se mais complexo durante estes quase cinco anos de combates, sobretudo com a entrada em jogo do grupo jihadista ultra-radical Estado Islâmico (EI), que conquista território no Iraque e na Síria. Hoje, numerosos grupos, bem como várias potências estrangeiras – regionais ou globais – estão envolvidas nesta guerra, com diferentes objectivos, num território cada vez mais fragmentado.


Assad e aliados

- O exército sírio tinha 300 mil homens no início do conflito, mas os seus efectivos reduziram-se a metade devido às baixas e deserções. Os militares perderam dois terços do território para o EI ou para a Frente Al-Nusra – ramo local da Al-Qaeda – e outros rebeldes de inspiração islâmica. Mas controla ainda um território estratégico, que compreende Damasco, Homs e Hama no Centro do país, o litoral e uma parte de Alepo. Nestas regiões vive 50% da população que ainda permanece na Síria.
- As milícias pró-regime contam com 150 mil a 200 mil homens. A principal, as Forças de Defesa Nacional, com 90 mil combatentes, foi criada em 2012. A estas há que adicionar as milícias que vêm do Líbano, do Irão, do Iraque e do Afeganistão. A mais importante é a do Hezbollah libanês, que segundo os analistas terá entre 5000 e 8000 combatentes.
- A Rússia é o aliado de maior peso do regime. Recentemente, tornou-se mais presente no terreno, reconstruindo uma base no aeroporto de Latákia (Oeste) e dirigindo para lá aviões de combate, sistemas de defesa área e outros equipamentos modernos. Pelo menos 1700 soldados russos foram para lá enviados, segundo os media russos.
- O Irão é o principal aliado regional de Assad. Enviou 7000 guardas da Revolução para reforçar o exército e forneceu também conselheiros militares e ajuda económica ao Presidente sírio.
Frente Al-Nusra e outros grupos de inspiração islâmica
Ahar al-Sham é um dos mais importantes grupos de oposição armada ao regime. Criado em 2011, é financiado por países do Golfo Pérsico e pela Turquia, segundo especialistas nos equilíbrios de poder regionais. Está presente sobretudo no Norte da Síria e na região de Damasco. Embora seja de inspiração salafista – uma ideologia político-religiosa que se baseia na crença do jihadismo violento e no regresso ao que os partidários deste movimento acreditam ser “o verdadeiro” Islão sunita – tentou apresentar-se este ano ao Ocidente como um grupo moderado.
- A Frente Al-Nusra é o ramo sírio da Al-Qaeda e é o grupo jihadista mais importante na Síria a seguir ao EI, seu rival. Classificado como “terrorista” por Washington, é liderado por Abu Mohammad al-Jolani. Aliou-se com outros grupos revoltosos, nas províncias de Idleb (Noroeste) e de Alepo (Norte). Está também presente nos arredores de Damasco e no Sul.
Estes dois grupos integram, juntamente com outras formações de menor expressão, o Exército da Reconquista, criado em 2015. Financiado, segundo os especialistas, pelos países do Golfo, expulsou quase todas as tropas de Assad da província de Idleb.
Jaich al-Islam é o mais importante grupo revoltoso na região de Damasco. É dirigido pelo islamista Zahrane Allouche.
- A Frente do Sul junta vários grupos armados não islamistas que conquistaram partes da província de Deraa, no Sul do país.
Grupo Estado Islâmico
Esta é a formação mais bem organizada, mais rica e mais temida, por causa das atrocidades que pratica. Desde a sua entrada no conflito, em 2013, o EI conquistou metade do território sírio. Dirigido por Abu Bakr al-Baghdadi, com com milhares de combatentes estrangeiros, luta contra o regime de Assad, a Al-Nusra, outros rebeldes e os curdos. Em Junho de 2014 proclamou um califado, tendo por base os territórios que conquistou na Síria e no vizinho Iraque. Mais de 30 mil jihadistas estrangeiros juntaram-se às suas fileiras nestes dois países desde 2011, segundo os serviços de informações norte-americanos.
Curdos
Presentes sobretudo no Norte e no Nordeste, os curdos defendem os seus próprios territórios, depois de as forças do regime se terem retirado. Receberam apoio da coligação internacional liderada pelos EUA para obrigar o EI a retirar-se das suas cidades.
Coligação Internacional
Face aos ataques e atrocidades cometidos pelo EI, os Estados Unidos, aliados a vários países árabes, iniciaram em Setembro de 2014 uma campanha de ataques aéreos contra os jihadistas do Estado Islâmico. Mas, até agora, não os conseguiram neutralizar. Vários países ocidentais,  como o Reino Unido e França, têm-se juntado à coligação.

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