Damião José reafirma intenção de desarmar Renamo pela força
Damião José, porta-voz da Frelimo e deputado da Assembleia da República, reafirmou o desejo da Frelimo de desarmar a Renamo de forma compulsiva. Falando ontem a partir do pódio da Assembleia da República, na sessão reservada às comunicações antes da Ordem do Dia, Damião José disse que o desarmamento da Renamo é um imperativo nacional, sendo esta uma afirmação que contraria o outro discurso da Frelimo de que precisa de dialogar com a Renamo.
“A Frelimo reitera que é imperioso o desarmamento dos homens armados da Renamo para beneficiarem das oportunidades que o fundo da paz e reconciliação lhes abre”, afirmou o deputado, que é um dos indivíduos que tem demonstrado ódio à Renamo e ao seu presidente, tendo mesmo chegado a compará-lo ao Diabo e a um “jihadista”. Damião José diz que o desarmamento da Renamo “é um imperativo nacional e desejo inequívoco do povo moçambicano.”
Em resposta a Damião José, o deputado da Renamo José Manteigas explicou que as armas que a Renamo tem e que a Frelimo pretende arrancar à força “resultam do estatuído no n.o 8 do Protocolo 5 do Acordo Geral de Paz”. José Manteigas afirma que, “durante 23 anos [a Renamo] nunca tirou uma bala, nunca vendeu nem alugou uma arma de fogo”. Manteigas desafiou a Frelimo a desarmar-se antes de desarmar a Renamo.
“Esses que pretendem desarmar a Renamo andam armados até aos dentes e têm armas aqui na sala. Usam essas armas para atormentar os inocentes”, declarou. “Que moral tem um partido armado até aos dentes para exigir o desarmamento a um outro partido político?”, perguntou Manteigas, que acusa a Frelimo de ter esquadrões de morte que fazem vítimas no país.
“Desarmem as vossas mentes. Mataram Siba-Siba Macuácua, mataram Cardos Cardoso, mataram o professor Cistac, mataram Paulo Machava”, acusou José Manteigas.
Quem manda na Frelimo?
José Manteigas falou também dos frequentes ataques à Renamo pelas Forças de Defesa e Segurança. Diz que há desordem na Frelimo e acusa Filipe Nyusi de cinismo.
O deputado diz que ataques daquela envergadura só podem ter acontecido sob o comando do chefe dessas Forças, “neste caso, o Presidente da República.” Manteigas questiona que tipo de diálogo Nyusi pretende, se o diálogo verdadeiro ou o “diálogo de armas”.
“Preocupa-nos o silêncio cúmplice da sua pessoa [Filipe Nyusi] associado aos discursos dos acólitos do Diabo, como é caso do senhor Damião José, entre outros, que claramente contrariam o discurso da paz”, disse, e pergunta:
“Afinal quem manda na Frelimo é o presidente? É o porta-voz e a sua ‘gang’?”. (André Mulungo)
CANALMOZ – 30.10.2015
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