OPINIÃO
A intervenção do Presidente da República na tomada de posse do governo PSD/CDS tenta corrigir a linha das interpretações do discurso que proferiu há uma semana, quando anunciou ter indigitado Passos Coelho como primeiro-ministro. Desde logo, ao sentir necessidade de justificar a opção que tomou: pelos resultados eleitorais, pelo “costume político-constitucional” de que forma governo quem ganhou as eleições e – last but not least - porque as outras forças políticas, de esquerda, ainda não lhe apresentaram “uma solução alternativa de Governo “estável, coerente e credível”.
Palavras como “consolidar”, “prosseguir”, “preservar”, “não regredir”, “fidelidade aos compromissos” reforçam a ideia de estabilidade, responsabilidade e credibilidade que tanto repetiu. Sempre com a economia no topo das preocupações.
Nas duas páginas e meia de intervenção, o Presidente da República enumera as obrigações de Portugal em matéria de disciplina orçamental, do Pacto de Estabilidade ao Tratado Orçamental, passando pela dívida e pelo défice, União Bancária e Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento.
Recorda o programa de assistência depois do país ter estado “à beira da bancarrota”, enaltece os “sinais de esperança” e acena com os riscos de se perder a credibilidade externa que permitem os meios de financiamento. Mas reserva apenas uma frase para falar do combate ao desemprego e da promoção de justiça social.
Por fim, o Presidente evoca a importância da estabilidade política, sem a qual “Portugal torna-se um país ingovernável” e “ninguém confia num país ingovernável”. Desta vez, as referências implícitas ao PCP e ao BE são menos crispadas, mas não deixam de estar lá. Como está lá a dúvida profunda que Cavaco Silva tem em relação a um governo apoiado por estes dois partidos. A palavra-chave deste discurso é a credibilidade. E Cavaco ainda não acredita.
Sem comentários:
Enviar um comentário
MTQ