sábado, 26 de setembro de 2015

Uma campanha de erros


26.09.2015
DOMINGOS DE ANDRADE
Este é um título repetido. Mas não há volta quando a pescadinha teima em ter o rabo na boca. Nos idos de 1995, foi um Valentim Loureiro empolgado que estragou a festa a Fernando Nogueira, em Gondomar. Chamou-o ao palco, entusiasmado: "Gu-te-rres"...
Há dois dias, em Leiria, ao homem do microfone de todas as campanhas socialistas ter-lhe-á fugido uma estranheza das cordas vocais. Queria chamar António Costa. Mas parece ouvir-se uma indelicadeza. Feia. Não a reproduzimos. Aqui. Porque pode ser só uma impressão. De duro de ouvido.
Ontem, em Espinho, elementos da comitiva da coligação Portugal à Frente chegaram a vias de facto. Por nada. Houve insultos. De uma pessoa zangada, talvez pelas dificuldades que atravessa. Porque as há. Muitas.
Nenhum dos casos é grave. São apenas "fait divers" de campanha. Sem mossa. Se não fossem espelho destes dias eleitorais. A começar pelo óbvio. Enquanto os principais problemas de António Costa parecem residir dentro do partido, os principais problemas de Passos vêm de fora. Cada um tem os seus infiltrados com que lidar.
A coligação é uma massa unida. Pensou bem. Portas tem o discurso duro. Passos anuncia as coisas boas. Rui Rio sai para as ruas. E Marcelo. E outros. Passos toca na alma dos portugueses. Puxa o lustro ao refrão relho de a Direita pôr as finanças em dia e de a Esquerda gastar. E começa a querer dar esperança. As ruas enchem-se. Já se sabe. E as televisões gostam.
As sondagens também. Valem o que valem. E ninguém acredita que valham muito. Mas mostram tendências e são quase todas persistentes na mesma leitura. Deixam António Costa a precisar de fôlego. O resto da Esquerda a tentar segurar o voto útil. A coligação a caminhar. Chamam-lhe a maratona.
É por isso que não se percebe. O líder socialista é, por estes dias tão televisivos, um homem demasiado só.
A Juventude Socialista não se vê. As grandes figuras do partido mal aparecem. À festa da coligação servida aos noticiários contrapõe-se um António Costa a tentar desbravar caminho. E não era expectável. Ou não era depois da dinâmica temporária imprimida no debate televisivo frente a Pedro Passos Coelho. Que se perdeu no debate das rádios.
Mas Costa não tem mais ninguém?
Faltam oito dias para as eleições.

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