quarta-feira, 17 de junho de 2015

RTP quer deixar de pagar pelos comentários de políticos


Televisão pública está a rever as regras e critérios sobre pagamentos de avenças, que ficarão estabelecidas no livro de estilo.
PÚBLICO/ARQUIVO
Tendencialmente, a RTP vai deixar de pagar aos políticos para serem comentadores nos seus diversos canais. A garantia foi dada esta quarta-feira no Parlamento pelo presidente da empresa, quando questionado pelo PSD sobre a existência na RTP de “avenças milionárias” para comentadores políticos.
Não houve referência directa, mas os contratos milionários a que o PSD se referia eram os do socialista Carlos César, que recebe seis mil euros mensais pela participação no programa "Três Pontos", da RTP Informação, assim como do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira (quatro mil euros) e o centrista Nuno Melo (dois mil euros – que nunca chegou a receber porque não entregou recibos).
“Os contratos anteriores deviam ter a sua lógica”, admitiu Gonçalo Reis, explicando que à medida que os actuais contratos forem terminando – como é o caso do de Carlos César, que acaba no final deste mês –, a lógica que a empresa vai tentar implementar é de “os políticos, tendencialmente, não serem pagos”.
A televisão e a rádio públicas estão a rever as suas regras e critérios para o pagamento aos comentadores políticos, que ficarão definidas nos respectivos livros de estilo.
Gonçalo Reis, que está a ser ouvido na Comissão de Ética sobre as contas de 2014 e o plano de actividades de 2015, remeteu a estratégia editorial sobre comentário político para a Direcção de Informação, mas vincou que a administração considera que a equipa liderada há dois meses por Paulo Dentinho “tem conduzido muito bem” esta área, estando a definir e a implementar uma política de “debates plurais, abertos e confrontacionais”.
“A Direcção de Informação definiu que não deve haver políticos sozinhos em espaços de opinião, devem estar sempre em confronto, e enquadrados com outro tipo de comentadores, como especialistas e directores de jornais, por exemplo”, descreveu Gonçalo Reis.
Sobre a produção, o presidente contou que as direcções de conteúdo têm analisado nos últimos dois meses “centenas de projectos”. Tendo em conta que a administração definiu como orientação estratégica o reforço da produção interna, Gonçalo Reis diz que a sua equipa está a “corrigir as políticas anteriores de externalização da produção”.
“É contra natura, tendo em conta aquilo que são a tradição e as valências da RTP, externalizar a produção”, defendeu ainda, demonstrando uma posição oposta à filosofia que o próprio ministro Miguel Poiares Maduro defendeu para o serviço público. “A RTP tem os meios técnicos e humanos e a capacidade instalada. A produção, sobretudo de programas de fluxo como os da manhã e da tarde, deve ser internalizada. É uma forma de usar activos e mobilizar as nossas equipas e de darmos mais oportunidades de trabalho aos nossos profissionais”, argumentou Gonçalo Reis.
Para isso, está a renegociar diversos contratos com produtoras externas, alguns que vigoravam até final de 2016. Está decidido que já em Setembro o programa da manhã "Agora Nós" voltará a ser produzido pela RTP, no centro de produção do Porto e tornará a chamar-se "Praça da Alegria", exemplificou Gonçalo Reis. “Esta filosofia é compatível com a de trabalhar com produtores independentes para a ficção”, acrescentou.

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