FÉLIX RIBEIRO
26/06/2015 - 16:40
Bombista suicida atingiu mesquita xiita durante as principais cerimónias do dia. Há 202 feridos e o número de mortos deve ainda aumentar.Governo diz que ataque atingiu a unidade do país, que tem um registo de boas relações entre sunitas e xiitas JASSIM MOHAMMED / REUTERS
Uma explosão suicida numa mesquita xiita no Kuwait matou pelo menos 25 pessoas e feriu outras 202, segundo os mais recentes dados oficiais do Governo, avançados ao início da tarde desta sexta-feira. O ataque, reivindicado por um ramo do autoproclamado Estado Islâmico, atingiu a mesquita Imam Sadiq, na cidade do Kuwait, a capital, na hora mais movimentada das preces de sexta-feira. Espera-se que o número de mortos aumente nas próximas horas.
Segundo disseram testemunhas à Associated Press, o bombista entrou na mesquita lotada quando a cerimónia já estava a decorrer e detonou depois o cinto de explosivos que escondera debaixo da roupa. Ataques de extremistas islâmicos a mesquitas xiitas têm sido comuns no Iémen e até na Arábia Saudita, mas são mais raros em países como o Kuwait. De acordo com a Reuters, aliás, este ataque suicida terá sido o primeiro a atingir uma mesquita xiita no país.
Khalil al-Salih, deputado no Kuwait, estava na mesquita no momento da explosão e diz que viu o bombista entrar. “Era óbvio pelo corpo do bombista que ele era novo”, disse al-Salih, que diz também que, naquele momento, estariam mais de 2000 pessoas no edifício. “Ele parecia estar na casa dos 20. Vi-o com os meus próprios olhos”, declarou ainda, citado pela Reuters.
O braço do autoproclamado Estado Islâmico que reivindicou o ataque, e que opera na região, foi oficializado pelo grupo em Novembro. Fez o seu primeiro ataque suicida no final de Maio, também numa mesquita xiita mas desta vez no leste da Arábia Saudita. Morreram mais de 20 pessoas.
Na semana passada, o grupo principal dos jihadistas lançou uma vaga de ataques suicidas a mesquitas xiitas na capital do Iémen, Sanaa. O ataque, que utilizou quatro carros-bomba, matou mais de 30 pessoas. Em Março, também no Iémen e também com o alvo em templos xiitas, o autoproclamado Estado Islâmico matou mais de 100 pessoas num só ataque.
Os extremistas sunitas consideram que os adeptos da vertente xiita no Islão são apóstatas e, nesta sexta-feira, no comunicado em que reivindica o ataque, o grupo fala de um “templo de negacionistas”.
Ao contrário do que acontece no Golfo Persa, porém, no Kuwait a população xiita e sunita convivem em relativa paz. “Este incidente ataca a nossa frente interna, a nossa unidade nacional”, afirmou nesta sexta-feira o primeiro-ministro do Kuwait, Jaber Al-Sabah.
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