Promessas de integração social aos repatriados:
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O Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário proferiu “mentiras” grosseiras do tamanho do seucurriculum para enganar os exilados, vítimas de xenofobia, que se encontravam acomodados no campo provisório de Boane, na província de Maputo onde visitou há dias.
O governante mentiu dizendo que o governo garantirá a total reintegração social das vítimas de xenofobia, quando os moçambicanos expulsos na África do Sul questionaram-lhe sobre o que será deles daqui em diante no solo pátrio.
Reunido com os repatriados, na sua recente visita ao campo improvisado para acolher as vítimas de xenofobia, o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, foi instado a pronunciar-se sobre o que será da vida daqueles concidadãos daqui em diante no solo pátrio para a sua sobrevivência, ao que se deixou levar pelos discursos políticos, tendo preferido proferir utopias.
Diante da dor e mágoa provocadas pelos actos de xenofobia, na África do Sul, aos mais de 400 moçambicanos, o primeiro-ministro não conseguiu ser honesto e informar àqueles concidadãos que o governo não tem nenhum plano para os integrar socialmente no país, no sentido de levarem a vida normal no solo pátrio.
“Não é bom para a nossa convivência como irmãos e, sobretudo, sendo ambos da região da SADC. Queremos, também, dizer a vós bem-vindos à casa.
A casa pode ser pobre ou rica, é sempre casa e todos são bem-vindos. Providenciámos algo para vós. É sempre melhor sofrer cá do que na RAS, onde corremos o risco de morrer por causa da violência.
Mas também porquê sofrer se nós cá temos água, energia, gás, minas e, sobretudo, vocês, homens capazes de produzir e desenvolver o país?”, apontou Do Rosário enfatizando que o pano quinquenal do governo, ora aprovado pelo parlamento prevê a criação 1.483.562 empregos pelos sectores público e privado até 2019.
Esta é uma afirmação dúbia do primeiro-ministro tendo em conta que estas previsões de criação de emprego são as mesmas desde os anos passados, mas que muitos moçambicanos residentes estão desempregados, pelo que não será com a vinda de outros moçambicanos repatriados que o governo irá conseguir criar postos de emprego suficientes.
Aliás o PQG prevê aumentar 116 mil postos de trabalho em cinco anos, a um ritmo de 23 mil por ano, quando na verdade, o PQG prevê o programa de criação de 1.483.562 empregos pelos sectores público e privado até 2019, nas palavras de Venâncio Mondlane do Movimento Democrático de Moçambique.
Desabafo dos repatriados
Alguns dos repatriados, tiveram mais ousadia ao informar ao primeiro-ministro que eles possuem vasta experiência em diversas áreas tais como montagem de tijoleira, carpintaria, serralharia, canalização, pelo que pedem ao governo para que lhes arranje formas de aplicar esses conhecimentos aqui no país para que, por um lado, evitem voltar para a África do Sul e, por outro, desenvolvam Moçambique com os seus talentos.
Os repatriados não só defendiam a tomada de algumas medidas retaliatórias, chegando mesmo a exigir a interrupção do fornecimento de energia àquele país, entre outras.
“Nós não roubamos nada lá, apenas trabalhamos, até ajudamos os sul-africanos. Pelo que presenciei, só tenho uma coisa a pedir. Em 2008 houve xenofobia, eu estive lá, quando a situação acalmou, voltei.
Agora repetiu-se. Afinal, até onde somos tão santos, somos mais santos do que quem? Nossos irmãos estão a morrer, foram queimados”, disse Hilário Anastácio, um dos imigrantes que chegou hoje ao centro de Boane.
Por seu turno o deputado da Renamo na Assembleia da República, António Muchanga, lamentou durante a marcha em repúdio aos actos de xenofobia perpetrados pelos sul-africanos havida no último sábado em Maputo, o facto de o governo estar a abandonar à sua sorte os repatriados ao longo da estrada nacional número um, sem plano para inseri-los socialmente.
William Novela
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