domingo, 24 de maio de 2015

Bagdad tenta impedir novos avanços do Estado Islâmico nos arredores de Ramadi


Extremistas anteciparam a contra-ofensiva das forças de Bagdad e levaram a batalha para a pequena cidade de Husayba. Situação no terreno é ainda incerta.
Já 55 mil pessoas fugiram de Ramadi desde que a cidade foi tomada pelos jihadistas AHMAD AL-RUBAYE / REUTERS
Começaram neste sábado as primeiras batalhas pelo controlo de Ramadi, travadas entre o autoproclamado Estado Islâmico e as forças leais a Bagdad, que tentam recuperar a cidade conquistada na semana passada pelos jihadistas. O principal palco dos confrontos é Husayba, sete quilómetros a leste da cidade. A situação é ainda incerta, mas, por enquanto, os relatos do terreno parecem indicar que Bagdad continua na defensiva.
Depois da conquista de Ramadi, os combatentes do Estado Islâmico foram progredindo para leste, em direcção a Habbaniyah, cidade onde se concentraram o exército iraquiano e milícias xiitas e de onde se esperava que partisse uma contra-ofensiva para libertar Ramadi.
Neste avanço, os jihadistas tomaram na sexta-feira as primeiras linhas de defesa de Husayba, a meio caminho entre Ramadi e Habbaniyah.
Ao início da tarde deste sábado, parecia ser o autoproclamado Estado Islâmico quem controlava a maior parte de Husayba. À BBC, um dos responsáveis da província de Anbar, da qual Ramadi é capital, afirmava que apenas alguns locais da cidade pertenciam às forças pró-Bagdad. Há também notícias de confrontos em Khalidiya, uma localidade ainda mais próxima de Habbaniyah. 
Como escreve a Al-Jazira, as milícias xiitas e exército iraquiano parecem estar por agora a tentar impedir novos avanços dos extremistas. Numa tentativa de anteciparem um contra-ataque, foram os jihadistas que se lançaram em ofensiva e é Bagdad quem está novamente na defensiva.
“O Estado Islâmico quer ter o controlo da base que serviria como local de preparação de uma contra-ofensiva pelo exército iraquiano e os paramilitares xiitas contra o grupo”, escreve Zeina Khodr, correspondente da Al-Jazira.
Mas as milícias xiitas lançam uma leitura diferente dos acontecimentos deste sábado. As forças da coligação das Unidades de Mobilização Popular, que concentram várias milícias, afirmam que são elas quem estão a levar a batalha ao Estado Islâmico e que neste sábado ficarão concluídas algumas das operações para retomarem Ramadi.
O porta-voz de um dos grupos armados xiitas, o Kataib Hezbollah, disse à Reuters que o grupo levou mais de 2000 combatentes para a base aérea de Habbaniyah. “Hoje seremos testemunhas do lançamento de algumas operações tácticas que vão servir de base para a eventual libertação de Ramadi”, disse. Segundo os números das Nações Unidas, já fugiram mais de 55 mil pessoas de Ramadi desde que os radicais islamistas tomaram a cidade.
Não se sabe ao certo com quantos elementos conta Bagdad para a operação de reconquista de Ramadi. Sabe-se porém, que a maioria dos combatentes pertencem às milícias xiitas – as primeiras informações depois da queda de Ramadi apontavam para 3000 homens. Anbar, contudo, e a sua capital Ramadi, é uma região de maioria sunita, o que desperta preocupação face à chegada de um grande número de combatentes xiitas, alguns deles apoiados pelo Irão.
O Governo iraquiano tentou resistir a convocar as Unidades de Mobilização Popular, exactamente dado o risco de conflitos internos. Mas o exército de Bagdad tem-se mostrado incapaz de travar o avanço do Estado Islâmico. Um facto que se tornou gritante com a queda de Ramadi.
Até ao momento, as milícias xiitas são encaradas como a única força capaz de libertar Ramadi. E, de acordo com o correspondente da BBC em Bagdad, John Simpson, o exército iraquiano parece não ter um grande papel a desempenhar nos combates que se avizinham.
“Os observadores militares mantêm a ideia de que o exército não tem simplesmente a determinação para corresponder ao empenho do Estado Islâmico, e que as chamadas Unidades de Mobilização Popular são as únicas com a força e determinação necessárias”, escreveu Simpson neste sábado.

   

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