ENTRE ASPAS -
Quarta, 22 Abril 2015
AS conversações que conduziram à assinatura do Acordo Geral de Paz entre o Governo e a Renamo em 1992 “levaram” cerca de 5 anos. Foi muito tempo. O contexto é que elas foram realizadas, assim o justificou.
Pouco mais de 20 anos após a assinatura daquele acordo, Moçambique e o mundo assistem mais uma “rodada” de conversas envolvendo os mesmos actores. Estamos, portanto, perante a máxima segundo a qual “a falar é que a gente se entende”. E, por se tratar de conversas entre irmãos, faz mesmo sentido aquela velha máxima.
O que já não faz sentido é o tempo que a conversa, iniciada no ano passado, está a consumir. E, compulsando as razões que estão na origem da demora, não encontro nada plausível. É como se o tempo tivesse parado no tempo; é como se as matérias em discussão não fossem importantes; é como se de repente um dos interlocutores tivesse encontrado no “diálogo” – espaço onde decorre a conversa – um palco de entretenimento.
OBSERVADORES NACIONAIS
Como estamos lembrados as conversações que estão a ter lugar no Centro Internacional Joaquim Chissano (CIJC) foram “forçadas” pela Renamo que defendia a necessidade e urgência da alteração da Lei Eleitoral. Entretanto, para que a conversa arrancasse, a Renamo impôs, como condição, a criação de um grupo de observadores com a missão de acompanharem o “bate papo”. Acordado este ponto se seguiu a maratona que terminaria com a aprovação da (nova) legislação que viria a orientar as eleições de Outubro passado.
A CENTO E CEM…
Pode-se dizer, olhando hoje para o que está a acontecer por estes dias, que a aprovação da Lei Eleitoral foi feita a uma velocidade de cento e cem… E, compreende-se porquê. É que a Renamo estava convicta de que com a nova lei iria ganhar as eleições. Não tendo conseguido alcançar o seu principal objectivo, ela (a Renamo) segue a uma velocidade muito mais reduzida do que a de um camaleão na discussão de temas cruciais, por exemplo, o referente a desmilitarização dos seus homens.
OBSERVADORES MILITARES INTERNACIONAIS
Repare-se aqui para o facto de ela ter imposto como condição (mais uma condição) para a discussão do tema a necessidade da presença de observadores militares para monitorarem, não apenas o debate sobre esta matéria, como também e principalmente, todo o processo de identificação, registo e desmobilização dos seus homens armados. O Governo concordou, solicitou aos países eleitos para enviarem os observadores militares. Os mesmos estiveram “aqui”. O tempo acordado para a prossecução do objectivo esgotou-se. Alguns dos observadores, cansados de nada fazerem, “bazaram” como quem diz: fiquem com as vossas brincadeiras…
O DESENCANTO…
Como que a seguir o exemplo dos observadores militares, os observadores “civis” vieram a público manifestar o seu desencanto perante o arrastar do diálogo sem fim à vista. O desencanto dos observadores é, na verdade, o desencanto de muitos moçambicanos. Sobretudo porque as razões que estão na origem do impasse veem do mesmo lado, ou seja, da Renamo. Sim. É a Renamo que desdobrando-se, sessão sim, sessão sim, em justificações insustentáveis recusa-se a indicar quantos homens armados estão ao seu dispor e onde se encontram…
Estamos perante uma atitude que parece indicar que, não tendo alcançado o poder político por via das eleições de Outubro passado, a Renamo quer ou parece querer enveredar por via da violência armada para alcançar os seus objectivos. Não admira, portanto, o facto de estarem a ser reportadas movimentações de algumas unidades dessas forças, um pouco por todo o país. Veja-se o caso de Gaza, Inhambane e de Tete. Atenção pois a todos os amantes de paz, neste país, para as manobras da Renamo. Pois, para ela, o diálogo não passa de mais uma ocasião para nos entreter…
Marcelino Silva – marcelinosilva57@gmail.com
Dércio Ernesto Até que ronda isto vai desaguar?
Florindo Passaro Estamos a desfrutar de uma paz aparente. Uma paz de fazer de contas quando os nossos corações são massacrados dia após dia. A voz bélica e mais destrutiva que as bombas descarregadas sobre Hiroshima e Nagazaki. O CCJC esta sendo palco de entímidaçao do Povo humilde, sacrificado e tolerante. Basta!
Florindo Passaro Urge questionar se o dialogo do CCJC e o dialogo que o POVO quer...Não será o CIMEM (Centro de Incubação do Medo aos Moçambicanos? Quais as razoes desse arrastar do tempo? Não será mais uma estrategia para submeter os 23 milhoes de Moçambicanos a humilhacao sob pretextos inconfessáveis?
Álvaro Xerinda Ainda teremos muitos problemas
Albertina Bulha Ate a renamo ter resposta d carta enviada p EUA a infirmar k a nossa policia anda a destrui/ atacar bases deles(renamo) e k ele quer abrir novas bases. O fim nao e p ja k esperemos sentados com um cafe p nao dormir...
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