domingo, 8 de março de 2015

O Vento Sopra do Norte


EDITORIAL
– “Vento Sopra do Norte” é título cinematográfico moçambicano atribuído ao segundo longa-metragem nacional (kuxa-Kanema – Palavra obtida da junção de dois dialetos moçambicanos: do dialeto Runga, que significa “nascimento”, e “Kanema”, do dialeto Makua, que significa “imagem”) produzido em 1985, superando “O Tempo dos Leopardos” que havia sido lançado no mesmo ano. E nós (Redacção do O Autarca) decidimos atribuir o título ao primeiro editorial do ano. Obviamente por alguma razão. De facto, em Moçambique o vento já sopra do norte. A própria história cinematográfica moçambicana que inspira a elaboração do presente editorial ajuda-nos a compreender a razão do primeiro longa-metragem produzido por um moçambicano, Ruy Guerra, em 1979, ter sido “Mueda: memória e massacre” que narra o massacre de 600 pessoas pelo exército colonial português em Mueda, em 1960, onde o actual Presidente da República, Filipe Jacinto
Nyusi, havia nascido a um ano e consegue sobreviver quando apenas tinha um ano de idade. É lá de onde o vento sopra hoje em Moçambique. Era apenas uma introdução, mas para subescrever que a construção desta pátria amada que celebra 40 anos de independência nacional este ano teve e continua a ter o envolvimento saliente de diversificados actores, cada um actuando no seu domínio do saber e conhecimento, a sua medida e em função das oportunidades conquistadas e favorecidas. Cineastas, jornalistas, escritores, poetas, compositores e vocalistas musicais, dramaturgos, educadores, religiosos, animadores, estes e outros actores são tão importantes quanto os outros, hoje, ainda mais destacados. É uma mensagem de ordem ao Presidente Nyusi para considerar da sua extensa lista de priorização.
Os políticos não são menos importantes, mas também não são de todo tão importantes comparando com os outros a ponto de sozinhos merecerem tamanho privilégio como se assiste nos dias correntes. A inclusão ou governação inclusiva não deve se limitar a dirigentes e militantes de partidos políticos, que representam uma minoria insignificante neste país, por razões próprias e sobejamente conhecidas: a falta de seriedade e objectividade sobretudo. A maioria dos moçambicanos o seu vínculo identifica-se com classes sociais, religiosa, profissional, cultural e étnico, esses de facto que desejamos devem constituir a agenda prioritária de governação do Presidente Nyusi. Uma nova governação implica uma nova abordagem, novos conceitos de governação esperados são de pouca politiquice mas sim muito trabalho senhor  Presidente Nyusi. Alguns dos líderes políticos com quem o senhor presidente deu a prioridade de se reunir antes de se preocupar com os actores reais da sociedade, não tem representação alguma, não conseguem sequer reunir uma meia centena de pessoas em suas actividades de mobilização.
Não subestimamos a eleição da prioridade do Presidente, mas queremos e reiteramos que quando o vento sopra do norte, olhando a disposição territorial do país, é mais abrangente do que quando sopra de qualquer outro extremo de Moçambique. Bem haja a governação de Filipe Nyusi.
O AUTARCA – 06.03.2015

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