Desde que anunciou-se a "saída" do Guebuza da presidência da Frelimo estamos em festa. Não poderia ser contrário. Ele é que não deixava nada andar. Não me refiro ao "deixa andar" dos espiritos que combatia. Mas um deixar andar do que se pretende que ande. Para muitos "observadores", os combates se sobrepuseram. A promessa do combate espiritual do deixa andar acabou se alastrando até para sectores onde era necessário que andasse.
Nada andava mais no país. Passaram 10 anos que Guebuza nos bloqueia. Pior de tudo é que mesmo com a sua retirada da presidência quase nada possibilitava o renascer das esperanças. Afinal, o espertalhão ja havia assumido a presidência da Frelimo. Consequentemente mandaria no Nyussi.
Hoje jubilamos. O problema foi removido. Inclusive Unay Cambumaescreveu no seu perfil que as negociações vão correr sem sobressaltos. Deu vontade de rir. Mas tive medo que o riso virasse contra mim. Tive medo que todos que pensam que Guebuza era o problema estivessem realmente certos.
Eu continuo na minha caverna. Continuo pensando que Guebuza era o bode expiatório que impedia de se pensar seriamente nos problemas do país. Inclusive no quão nós somos partes do problema. Vou continuar na caverna. Nela tenho segurança. Quero continuar pensando que o que consideramos como entraves no país está para além do Guebuza. Não acredito em tanto poder num só homem para as nossas insatisfações por 10 anos.
Insistir em pensar assim é se negar a pensar seriamente. Mas não me admira que esse seja o caso, pois, Elisio Macamo já disse: pensar custa e doi. Mas em fim. Queriamos um bode expiatório. Tivemos. Estou triste porque ele se vai. A quem responsabilizar agora? Azar de Nyussi que corre o risco de ser sobrecarregado tudo. Receio que se faça transferabilidade.
Contudo, o exercicio de transferabilidade constituiria uma grande transgressão intelectual (não sei se os transgressores tem remorsos) que elaboro a hipotese de continuar-se a reforçar poderes onde estes não existem com a tamanha força que são atribuidos. Buscar culpados em tudo é tão confortável que se não existirem fisicamente somos obrigados a inventa-los. No ato da invenção eles eles acabam se tornando reais.
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