Os serviços de emergência russos estão monitorando o nível de água do lago durante as 24 horas do dia. Efetivamente, não é para brincar quando o repositório da quarta parte de toda a água doce na Terra registra um descenso acelerado do seu nível. A água vai-se embora dos poços nas aldeias costeiras, deixando secas até as turfeiras. Mais oito centímetros de descenso e a água lacustre será proibida por lei para as atividades econômicas, adverte Arkadi Ivanov, coordenador do programa Baikal da Greenpeace Rússia:
"Antes de mais nada, isso traz consigo uma ameaça aos recursos haliêuticos. Pois a faixa de águas litorais de pouca profundidade deixará, afinal, de existir, convertendo-se em costa. Os peixes que desovam no lago vão perder seus desovadouros habituais, enquanto os que desovam em rios perderão lugares apropriados para o desenvolvimento dos alevins. Tal mudança poderá afetar também as aves que nidificam no vale do rio Selenga. Além disso, há perigos de dimensão social, como o desaparecimento total de água em poços e o surgimento de um novo estorvo no combate a incêndios, muito especialmente em turfeiras".
A situação se deve, segundo acreditam os cientistas, a duas razões. A primeira tem a origem na própria natureza. O inverno do ano passado foi de pouca neve e o verão também bastante seco. Os afluentes do Baikal não receberam alimentação suficiente para manter o nível de água no lago.
A segunda razão tem a ver com um erro de cálculo humano. Ao fazer a previsão do tempo projetada para um período de vários trimestres, os meteorologistas predizeram erroneamente um verão e outono chuvosos. Como consequência, as usinas hidrelétricas foram autorizadas a reduzir o nível de água nas albufeiras 20% mais do que normalmente. Contudo, uma estiagem inesperada chegou em vez de chuvas intensas, devido à qual o Baikal não conseguiu recuperar o nível de água, produzindo-se uma queda dramática desse. Esta situação deve lembrar-nos mais uma vez de que os seres humanos somos responsáveis para com a natureza.
Os acontecidos atuais devem chamar uma particular atenção da Mongólia e dos países e organizações que apoiam os projetos mongóis relacionados com o Baikal, prossegue o chefe do programa Baikal da Greenpeace Rússia, Arkadi Ivanov:
"Como se sabe, a Mongólia começou a projetar a construção de uma série de represas no curso do Selenga, um dos rios que alimentam o Baikal, e de seus afluentes. Por exemplo, se sabe de um projeto da usina hidrelétrica Shuren; o segundo projeto, em termos de suas proporções, é o de transvasar a água do rio Orkhon, um afluente do Selenga, para o deserto de Gobi. Implementação desses projetos poderá afetar seriamente a caudalosidade do Selenga e, por conseguinte, do Baikal".
Os ambientalistas russos e internacionais procuram que a Mongolia use as fontes alternativas, as que permitem alcançar as metas sem ofender a natureza. Em particular, o país asiático tem excelentes perspectivas no campo de exploração da energia eólica e solar, argumentam os especialistas.
No que diz respeito à situação vivida atualmente pelo lago Baikal, os especialistas acreditam que por enquanto não há razões para falar de danos ambientais irreversíveis. O referido quadro, segundo eles, vai durar até abril, quando a neve começará a derreter. O Baikal voltará a se encher com água e, se calhar, a sua linha litoral recuperará os antigos contornos.
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