No contexto de iminentes problemas econômicos, o Conselho debateu diferentes cenários de desenvolvimento do ramo espacial russo. Assim, o membro correspondente da Academia de Cosmonáutica Russa, Andrei Ionin, propôs se recusar a cooperar com os EUA e a Europa no âmbito da Estação Espacial Internacional (EEI) e de outros projetos, reorientando-se para projetos conjuntos com os países do BRICS. Além da Rússia, este formato reúne a Índia, África do Sul, China e Brasil, países que desenvolvem seus próprios programas espaciais ambiciosos, não estão, ao mesmo tempo, envolvidos na cooperação com os EUA e a Europa nem impuseram à Rússia sanções relativas ao uso de diferentes componentes na indústria espacial.
O BRICS pretende formar uma aliança tecnológica. E para iniciar, é sempre necessário dar um primeiro passo concreto, disse Andrei Ionin, entrevistado pela Sputnik:
"Um ambicioso projeto espacial do BRICS poderia ser o primeiro passo no caminho de formação da aliança tecnológica. Os países seriam capazes de desenvolver não só tecnologias espaciais mas também as robóticas, as tecnologias de informação estratégicas, as de mineração e as nanobiotecnologias, entre outras. Quer dizer, tudo isso precisamos de desenvolver e possuir em conjunto, para não dependermos de alguém tentar através de sanções restringir nosso acesso a essas tecnologias. O mais importante é um projeto conjunto que implementemos juntos, aprendendo a trabalhar juntos, entendermos um ao outros e alargar a confiança".
Ao desenvolver ativamente seus próprios programas de voos espaciais tripulados, a China e a Índia têm alcançado notórios progressos nesta área. E os especialistas russos acreditam que a parceria na criação de uma estação espacial comum poderia ser interessante precisamente para eles, em primeiro lugar.
Sendo promissor, o projeto é, definitivamente, necessário e possível. Esta opinião é compartilhada também pelo membro numerário da Academia de Cosmonáutica Russa, Alexander Zheleznyakov. Contudo, na sua fase inicial, o projeto não prevê usar nenhumas tecnologias de ponta, afirma o especialista:
"A Rússia poderia contribuir para esse projeto de estação disponibilizando os blocos que estão sendo preparados para a EEI. Esses blocos poderão ser reconvertidos para construir uma estação nacional russa ou uma estação orbital em cooperação com a Índia e a China.
"A Índia não poderá contribuir com algo completamente novo para este projeto, já que ainda está se aproximando de voos espaciais tripulados. Ela não possui tecnologias idôneas e os próprios desenvolvimentos ainda são muito modestos.
"A China sim que está criando uma estação nacional, mas usa as tecnologias já testadas na Rússia e na EEI. Portanto, eu vejo o projeto sobretudo como político".
Os cientistas russos irão propor o projeto internacional, conjunto com a China e a Índia, de uma estação orbital tripulada para a discussão no Conselho Empresarial do BRICS. Enquanto isso, a iniciativa será analisada em paralelo ao mais alto nível político para decidir sobre a possibilidade de incluí-la na agenda da cúpula do BRICS. Ambos os eventos serão realizados no verão boreal de 2015 em Ufa.
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