O antigo presidente moçambicano, Joaquim Chissano, aponta a exploração de novas parcerias com o sector privado como uma alternativa que poderá ajudar a contribuir para a rápida solução dos problemas traduzidos na restrição da competitividade na agricultura bem como no agronegócio.
Segundo Chissano, a agricultura deve continuar a ser vista como a alma do continente e não pode ser relegada apenas ao sector público, porquanto o agronegócio em África exige uma nova abordagem que vai garantir a parceria para o crescimento.
O ex-estadista moçambicano defendeu a acepção durante a sua intervenção na 4/a Cimeira da AGCO para África realizada segunda-feira na cidade de Berlim, capital da Alemanha, onde além dos quadros da iniciativa estiveram também personalidades da FAO, agência da ONU, assim como intervenientes em representação de organizações afins.
Após a proclamação da independência nacional em 1975, a agricultura, segundo Chissano, foi definida como a base do desenvolvimento, pois a maioria da população que, por sinal vive no meio rural, dela depende para garantir a sua subsistência.
No exercício da sua governação durante 18 anos (1986-2004), o ex-presidente moçambicano afirma ter entendido que a agricultura tem um elevado potencial para transformar o modo de vida da maioria da população em áreas rurais.
Quando ascendeu ao poder, o sector da agricultura tinha sofrido negativamente os efeitos da guerra assim como dos desastres naturais recorrentes (secas e cheias). Na altura, havia dois principais actores envolvidos no processo de produção.
Por um lado as fazendas estatais em diferentes subsectores da agricultura ou seja, culturas, pecuária e silvicultura; por outro os pequenos agricultores, alguns agrupados em cooperativas de produção e associações; e outros a trabalharem individualmente.
Depois de historiar sobre as diversas fases que a agricultura do país atravessou desde os insucessos na forma de guerra civil, e os sucessos espelhados nas diversas iniciativas, políticas e programas que além de aumentar a produção alargaram as áreas de cultiva, Chissano disse que esses feitos contribuíram para mudar a situação no país.
A nível continental, por exemplo, o país tem estado a melhorar a sua participação no debate sobre agricultura e agronegócio. Aliás, a Declaração de Maputo 2003, através da qual os líderes africanos são apelados a reservar pelo menos 10 por cento do orçamento anual à agricultura, constitui um exemplo do envolvimento do país no debate Agricultura Africano, no período pós-guerra.
A fonte destacou ainda que a nível internacional, como parte do pós-guerra, foram também implementas acções que abordaram a necessidade de reduzir a fome e melhorar os indicadores de segurança alimentar, como parte dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM).
Na verdade, segundo Chissano, o maior desafio consiste em encorajar a juventude rural a abraçar a agricultura e assegurar a formação e serviços para que ela possa sair bem-sucedida tanto como investidores quanto agricultores comerciais.
Para o efeito, o continente precisa de estabelecer as modalidades destinadas a reverter o êxodo rural através da provisão de incentivos à juventude para que ela assuma a agricultura e o agronegócio com mais seriedade.
“Acredito que o agronegócio, quando totalmente integrado na agenda do desenvolvimento da agricultura, pode acrescentar valor à produção agrícola, aumentar oportunidades de emprego e a geração de renda nas cadeias de valor da agricultura”, ressaltou Chissano.
O feito é fundamental no quadro de esforços que o governo está a empreender para reduzir a pobreza e do desenvolvimento sustentável em Moçambique, em particular, e do continente em geral.
O ex-estadista moçambicano reafirmou a necessidade de reforçar o compromisso de investir mais na agricultura, em geral, e colocar o agronegócio no epicentro da agenda de desenvolvimento agrícola.
A fim de acelerar o crescimento sustentável e inclusivo e do desenvolvimento na África, há a necessidade de reconhecer o papel do sector privado no complemento ao papel do governo com o objectivo de maximizar os benefícios do agronegócio e agro-indústrias em uma abordagem capaz de explorar todo o potencial do agronegócio do continente.
A agricultura como um negócio e não apenas uma agenda de desenvolvimento só será bem-sucedida se, segundo Chissano, os pequenos agricultores, em parceria com o sector privado e do governo, oferecer uma oportunidade para reviver a competitividade, agronegócios e agro-indústrias de uma forma consistente.
A ideia da agricultura como um negócio também só terá sucesso se os pequenos agricultores forem suportados através de um mecanismo estabelecido que fornece habilidades necessárias, insumos e um ambiente propício para uma geração de jovens empreendedores com serviços de formação e de apoio inovadores.
(RM/AIM)
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