Além disso, os representantes do "Quarteto da Normandia" recomendaram que os representantes de Kiev e do Donbass intensifiquem os contatos.
Poucos esperavam que a reunião de ontem levasse a resultados positivos. Todos os contatos anteriores no "formato da Normandia" foram baldados. Contudo, o fato de se terem realizado, em princípio, era em si positivo, já que as pessoas continuam morrendo no Donbass e é importante que sejam aproveitadas todas as possibilidades PARA influenciar a situação. Eeis aqui, de repente, um progresso inesperado. Terminada a reunião em Berlim, o chanceler russo, Serguei Lavrov, classificou-a como útil, especificando o resultado alcançado:
"A decisão mais importante, aprovada hoje e registrada na declaração conjunta, tem a ver com um poderoso apoio à retirada urgente de armas pesadas a partir da linha de contato fixada nos acordos de Minsk, em particular, no Memorando de Minsk de 19 de setembro de 2014.
"Isto é exatamente o que foi proposto pelo presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, em sua mensagem ao presidente da Ucrânia, Piotr Poroshenko, de 15 de janeiro deste ano. Esperamos que o apoio a esta iniciativa por parte dos ministros das Relações Exteriores do ‘formato da Normandia’ permita implementá-la.
"Quero lembrar que as milícias da RPD e RPL (República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk – N. do Ed.) já apoiaram o cronograma da remoção das armas pesadas, conforme a iniciativa do presidente da Rússia. Esperamos que a liderança ucraniana proceda da mesma maneira".
Por acaso, o avanço nas negociações de Berlim foi dado quando os combates em torno do aeroporto de Donetsk tomaram um rumo desfavorável para os militares ucranianos. Uma situação semelhante foi observada também no final de agosto e início de setembro do ano passado. As milícias, anteriormente em defensiva, passaram na altura à ofensiva; o exército ucraniano se apressou a retroceder e Kiev concordou com uma trégua e negociações com representantes do Donbass. O caso terminou com a assinatura do Memorando de Minsk sobre a pacificação faseada do conflito.
Ignorando, todavia, o compromisso de proceder à implementação das cláusulas deste último, o governo ucraniano aproveitou a trégua para reagrupar suas forças no leste do país. Não obstante, o novo assalto contra Donetsk, lançado por Kiev em meados de janeiro, tampouco tem sido bem sucedido. E veja só: mais uma vez Kiev concorda com um plano de paz, ressalta o cientista político, doutor em ciências históricas Viktor Kuvaldin:
"Até agora, o ‘partido da guerra’ em Kiev não deixava esperanças para dar solução ao problema do sudeste através do uso exclusivo da força e derrotando a resistência das milícias. Aliás, as pesadas baixas sofridas pelo exército ucraniano nas batalhas encarniçadas no aeroporto de Donetsk têm mostrado que essas esperanças são ilusórias. E algo mais: as milícias demonstraram ser capazes de fazer simultaneamente seu próprio jogo sério, iniciando uma operação militar em torno da cidade de Mariupol, um ponto de suma importância na linha de interação dos milicianos.
"Portanto, a balança se tem inclinado agora a favor do outro lado. O "partido da paz", que também existe em Kiev e é apoiado por muitas forças na União Europeia, viu sua chance. Entreabriu-se uma janela para acordos mútuos com base em soluções razoáveis em que, seja oportuno enfatizar, desde há muito vem insistindo a Rússia".
Agora é importante, como observou o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que a declaração final do "Quarteto da Normandia" não se torne pedaço de papel molhado. Mas isso já depende em uma maior medida de Kiev e dos líderes das Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk, proclamadas no leste do país. Enquanto isso, o sangue continua a ser derramado no Donbass.
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