quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

EUA procuram engolir Ucrânia para explorar seus recursos'

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Foto de arquivo. Assessora do secretário de Estado Victoria Nuland destribuindo biscoitos na praça da Independência em Kiev

Os EUA e as instituições financeiras controladas pelo Ocidente planejam colocar a Ucrânia em sua órbita econômica, financeira e militar, disse na entrevista ao canal de televisão RT Richard Becker, da Coalizão Answer.

RT: Existe alguma esperança que a ajuda financeira ocidental melhore a situação na Ucrânia?
Richard Becker: Eu penso que é extremamente difícil, se é que existe alguma esperança. Na realidade, o governo, tanto o governo anterior, como o governo atual, concordou com as condições que impõem a austeridade ao povo ucraniano. Nós já vimos que, por todo o lado onde este tipo de resgate, ou este tipo de ajuda financeira, foi aplicado aos países, ele sempre criou problemas graves: deslocação da população, desemprego, perda de subsídios e redução do nível de vida da grande maioria da população desses países. Nós cremos que provavelmente se irá passar o mesmo na Ucrânia.
RT: Na sua opinião, qual é o papel dos Estados Unidos no conflito ucraniano?
RB: Bem, eu penso que é importante referir qual é a razão por que esse conflito está acontecendo. Isso se deveu à intervenção dos Estados Unidos e de algumas outras potências importantes da União Europeia que intervieram vigorosamente, diria mesmo ilegalmente, nos assuntos da Ucrânia desde já há algum tempo, o que provocou o derrube do governo de Yanukovich, ou seja, o golpe que foi realizado para derrubá-lo.
Devemos recordar que os EUA já enviaram lá algum do seu pessoal de topo e continuam fazendo-o, creio que o secretário do Tesouro irá viajar para lá em breve. Também o FMI é uma instituição largamente controlada pelos EUA que está sediada em Washington. Não está acontecendo nada de bom desde o ponto de vista do povo ucraniano, quer o povo o perceba, tenha consciência disso, quer não. Essa agenda do governo dos Estados Unidos pretende atrair a Ucrânia para sua órbita de uma forma permanente, para sua órbita econômica, sua órbita financeira e sua órbita militar. É isso que se passa na realidade. Eu penso que é isso o que percebem as muitas pessoas na Ucrânia que resistem a essa agenda.
RT: Porque foi que os EUA intervieram neste conflito nessa altura?
RB: Bem, eu penso que é, mais uma vez, importante recordar que aquilo que despoletou as manifestações das forças de direita em novembro de 2013… foi uma oferta da Rússia para ajudar, em muito melhores condições, a Ucrânia a ultrapassar sua crise de dívida e sua crise financeira. Mas o governo de Yanukovich estava disposto a aceitá-la e estava tentando fazer um jogo de equilíbrio entre a Rússia, a Europa Ocidental e os EUA.
Mas isso não era aceitável para os Estados Unidos e a agenda dos EUA foi alterada para colocar a Ucrânia em sua órbita e os EUA intervieram ativamente para consegui-lo. Claro que a Ucrânia poderia ter encontrado um caminho de saída para a crise financeira, o que faria mais sentido, aceitando a oferta da Rússia, que apresentava condições muito melhores, sendo a Rússia um vizinho próximo, um parceiro comercial, etc.
Mas enquanto vigorar a agenda da austeridade, liderada pelos grandes bancos das instituições governadas pelo Ocidente, como o FMI e o Banco Mundial, não haverá esperança de a Ucrânia ver uma recuperação real do ponto de vista da maioria de sua população.
RT: O que podemos esperar do envolvimento do secretário do Tesouro dos EUA?
RB: Mais uma vez, nada de bom. O secretário do Tesouro, que é o ministro das finanças dos Estados Unidos, representa sempre os grandes bancos e isso foi o padrão seguido desde sempre. Eles circulam entre os maiores bancos, como o JPMorgan Chase e o Goldman Sachs e outros, e suas posições dentro do ministério das finanças dos EUA que aqui também é chamado de Departamento do Tesouro… Mas a agenda deles não é a agenda do povo dos EUA, eles certamente não representam os interesses do povo ucraniano, aquilo que eles estão fazendo é procurar promover os interesses daqueles que eles realmente representam e que são os bancos gigantes internacionais e multinacionais.
RT: O presidente ucraniano Petro Poroshenko parece não estar cumprindo as promessas que tinha feito. Qual é a sua atitude em relação a ele?
RB: Bem, Poroshenko é um homem muito rico, apoiado por interesses ainda mais ricos, por interesses mais poderosos fora do país, e o fato é que temos os governos capitalistas dasgrandes corporações na Europa Ocidental e dos EUA enaltecendo-o apesar de, como você disse, ele ter demonstrado não cumprir suas promessas, uma coisa que não é invulgar nos políticos estadunidenses e também, provavelmente, nos outros países.
Mas o fato de ele ser elogiado nada tem que ver com seu papel na ajuda ao povo ucraniano… Eles elogiam-no porque ele está realmente cumprindo e promovendo a agenda deles para a Ucrânia. Como sabe, seu desejo é engolir a Ucrânia de forma a poder explorar seus enormes recursos naturais, o trabalho de seu povo e, dentro de algum tempo, na OTAN. Por isso é que Poroshenko é enaltecido apesar do que ele tem realmente demonstrado.

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