BRICS a caminho da institucionalização?

Ksenia Galichenko

Hoje, 15:00

© Photo: RIA Novosti/Mikhail Klimentyev

Foto de arquivo

A confrontação entre o Oriente e o Ocidente adquire hoje um caráter cada vez mais evidente. O formato do BRICS, que reúne as principais economias dos quatro continentes, representa essencialmente uma incarnação do Oriente globalizado. Essa opinião foi expressa pelo embaixador extraordinário e plenipotenciário e membro do Conselho de Assuntos Internacionais da Rússia Gleb Ivashentsev:

“O peso do BRICS na economia mundial está em crescimento permanente. Nos anos mais próximos, o PIB consolidado dos seus países-membros deverá ultrapassar o PIB consolidado do Grupo dos Sete. Mas os países tradicionais do Ocidente não deixam os países do Oriente globalizado se desenvolverem. Por isso o BRICS tenciona atuar também tanto na esfera monetária e financeira, como na elaboração de sua própria estratégia econômica, como praticamente em todas as outras áreas.”

No ano que começou, a Rússia assumiu a presidência do grupo BRICS. No verão, em Ufa, irá decorrer a cúpula de líderes do Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul. Durante a presidência russa, o BRICS deverá acordar sua estratégia de parceria econômica, o roteiro de cooperação em investimentos e uma série de outras iniciativas. A cúpula de Ufa dará continuidade aos princípios aprovados na cúpula do grupo na cidade brasileira de Fortaleza no verão do ano passado.

Por iniciativa dos países do BRICS, foi criada um pool de divisas de reserva. Segundo a declaração, assinada pelos líderes do BRICS no verão passado no Brasil, já em 2015-2016 irá iniciar seu funcionamento o Banco de Desenvolvimento do BRICS, que se irá especializar em projetos de infraestruturas no território de seus países-membros.

O arranque do processo de criação de um secretariado virtual, anunciado recentemente pela imprensa, foi considerado por alguns analistas como o início do processo de institucionaliza ção do BRICS. Se isso for verdade, esse processo não será nem rápido, nem simples. Os países do BRICS enfrentam uma escolha difícil, considera Nandan Unnikrishnan, vice-presidente do centro de análises indiano Observer Research Foundation:

“O mundo moderno atravessa uma crise geopolítica. Esse é um dos problemas que o BRICS terá de enfrentar. Não será nada fácil elaborar uma única abordagem desse problema. Não podemos esquecer que para cada país integrado no BRICS a China é o principal parceiro comercial. Entretanto, do ponto de vista político, para todos os países, excetuando provavelmente a Rússia, as relações com os EUA são prioritárias. O êxito do BRICS irá depender de esse grupo de países conseguir, ou não, se equilibrar no limite e não tomar o partido de ninguém.”

Seja como for, os líderes do grupo BRICS demonstram intensão em aprofundar a cooperação. Durante o período da presidência russa, será testado um novo formato de relacionamento: o BRICS Civil. Esse formato irá reunir representantes da sociedade civil dos seus cinco países-membros.
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