sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O que nos resta da Copa brasileira


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Ontem, 15:48
Brasil, Copa, futebol, FIFA

A Copa do Mundo de futebol é, sem dúvida, um dos eventos que mais marcaram o ano que está findando. Cada Copa traz para o mundo alguma lembrança. A africana de 2010 nos deixou como legado a vuvuzela e a imagem do saudoso polvo Paul. Vamos ver o que restou da brasileira.

Não faz mal começarmos por inovações, verdade? De coisas ruins sempre haverá tempo de falar. Então, aquele spray evanescente, que é usado em campeonatos brasileiros há quase 15 anos, na Copa 2014 ele foi usado pela primeira vez. A FIFA só aprovou o spray, invenção latino-americana, em 2012, e em 2013 foi feito o primeiro ensaio prático, na Copa do Mundo sub-20. Parece que os árbitros e os jogadores gostaram da experiência, e o uso do spray foi autorizado também para a Copa do Mundo seguinte, que foi exatamente a deste ano, a brasileira.
O spray parece espuma de barbear, e não por acaso. Foi precisamente a espuma de barbear que inspirou Heine Allemagne, que é considerado o inventor, em 2000, da substância. Porém, há uma certa rivalidade. O jornalista argentino Pablo Silva atribui a invenção a si, em 2002, mas só patenteou em 2010.
Outra novidade que teve a Copa deste ano foram as pausas durante o jogo por causa do calor. Inicialmente, a FIFA permitia pausas extra para beber água, sempre que houvesse acordo prévio entre os times. Mas pouco depois do início do Mundial, o Ministério Público do Trabalho (MPT) brasileiro entrou com ação civil pública contra a FIFA para pedir pausas para beber água quando a temperatura supere os 30 graus. A federação consentiu, estabelecendo, desde o dia 20 de junho (encontro Itália-Costa Rica), paradas obrigatórias acada 30 minutos do jogo.
O maior país da América Latina sofreu também o maior fracasso na fase final de uma Copa do Mundo, perdendo por 7:1 frente à Alemanha. A partida, que teve lugar no estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG), foi imediatamente batizada de “Mineiraço”. Um final com a participação do time nacional era tão importante para o Brasil que a derrota na meia-final foi até vista, naquele momento, como o fim de toda esperança. Tanto que o Brasil nem quis ser o terceiro na Copa, perdendo depois para a Holanda.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, mandou uma mensagem de consolo aos futebolistas, que tinham abandonado o Mineirão cobertos de lágrimas – as da torcida e as suas. Mesmo na primeira metade do jogo, quando arrancou a terrível goleada alemã, torcedores começaram a abandonar, desiludidos, o estádio: fato insólito para uma Copa. Na mensagem, a chefe de Estado explicava que “nós, brasileiros, não levamos a taça, mas fizemos a Copa das Copas” e exprimia a esperança de que a partida servirá de lição “para melhorar ainda mais o nosso futebol, dentro e fora dos estádios”.
Durante a Copa, quase não houve “fora dos estádios”. Até que escolas tinham férias adicionais e os dias em que houve jogos com a participação da seleção nacional tiveram menos horas de trabalho.
Também os empregados públicos tiveram uma agenda menos agitada. Só houve duas votações durante o mês da Copa e quatro projetos de lei aprovados. E a primeira semana na Câmara dos Deputados após o torneio começou como 136 dos 513 deputados presentes.
primeiro passo à melhora foi talvez a demissão voluntária do técnico Felipão, Luiz Felipe Scolari, logo após a Copa. O cargo foi assumido por Dunga, Carlos Caetano Bledorn Verri, que treinou a seleção nacional para a Copa 2010.
Mas não só há lembranças ruins desta Copa. Afinal, o Brasil só cedeu a um time forte e que já foi campeão, e cedeu na fase final mesmo.
Além disso, há quem afirme que o campeonato agregou cerca de 30 bilhões de reais ao PIB nacional, com atração de investimentos e possibilidade de crescimento econômico. Desteponto de vista, as Olimpíadas no Brasil em 2016 podem também ser um fator importante para a economia.
E para o resto do mundo
A Alemanha, por sua parte, foi o time que mais marcou no campeonato: foram 224 gols. E bateu outro recorde ainda, se tornando o primeiro time europeu vencendo uma Copa do Mundo nas Américas.
A seleção da Argentina, que saiu vice-campeã após perder para a Alemanha, provocou uma onda de desordens em Buenos Aires no dia final do evento. Segundo as testemunhas, a violência “surgiu do nada”, começando por um grupo de torcedores bêbados. A derrota do Brasil também suscitou violência no país.
Na Colômbia, no dia da partida entre a seleção desse país e a brasileira, foi proibida a venda de farinha, espuma de barbear e bebidas alcoólicas, com o intuito de reduzir ataques de “bombas” compostas pelos dois primeiros ingredientes. Contudo, foi naquele jogo que o craque brasileiro Neymar sofreu uma lesão da espinha dorsal após um ataque inoportuno do colombiano Zúñiga.
Futebol insólito
A febre do futebol não poupou outros países. O goleiro dos EUA, Tim Howard, foi proposto, por um grupo de entusiastas que enviaram uma petição para a Casa Branca, como candidato ao cargo de ministro da Defesa.
Já três seleções africanas se tornaram protagonistas de escândalos financeiros. Por medo de não receber o bônus por passar as eliminatórias, os times de Camarões, Gana e Nigéria ameaçaram não jogar na Copa até que lhes fosse pago o dinheiro prometido. Os jogadores do Gana receberam seus três milhões em um jatinho, e o dinheiro para a seleção nigerianafoi trazido pelo ministro do Esporte, Tamuno Danagogo, em pessoa.
Contudo, o meme da Copa é, sem dúvida, a mordida do craque uruguaio Luis Suárez. Durante encontro com a Itália, ele mordeu o ombro do zagueiro do adversário, Giorgio Chiellini. O árbitro optou por não punir o futebolista, mas o castigo veio da parte da própria FIFA. Junto com a canção lírica “Luis, Não Me Morda”.
Houve outras peculiaridades, algumas delas meio estranhas, como a observação da Copapor extraterrestres, previsões sobre a derrota do Brasil e apoio à seleção nacional por parte de uma família cujos membros têm seis dedos em cada mão.
Outro fato interessante: o árbitro Marco Antonio Rodríguez, “o único juiz cristão da Copa”, que apitou a partida Brasil-Alemanha, ouviu a voz de Deus, segundo conta ele próprio.
Só vale lembrar que esta foi uma Copa online, com cerca de 11 mil postagens por minuto em redes sociais, 36,6 milhões de tweets durante a semifinal Brasil-Alemanha e um post por segundo após a lesão de Neymar.
A próxima Copa do Mundo terá lugar na Rússia em 2018. Pelé já disse que o Brasil será campeão. Vamos ver.

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