Centelha por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com )
“Quando os medíocres avaliam o trabalho dos competentes, não se pode esperar grandes avanços civilizacionais.” Anónimo
Neste Centelha, aqui publicado, tenho feito espaço denunciado o perigo que as sociedades correm ao permitir-se à restauração da Inquisição, sobretudo contra figuras públicas, em que os apedrejadores são alguns ditosos bafejados pela sorte de escapar o estreito funil da lei, usando as novas tecnologias de informação e comunicação. Está a criar-se uma sociedade perigosa, perversa e estarrecida, de “caça às bruxas”, sem qualquer injunção das autoridades mundiais. Uma cimeira sobre este assunto – o avanço do mal sobre o bem – quitará o mundo de um grande precipício, lembrando que “um cêntimo gasto em prevenção é melhor do que uma fortuna gasta na cura.”
No caso do nosso país, o Presidente Armando Guebuza considerou Maputo como o “centro de movimentos de críticos ao Governo”, pois tinha razão: é que as incubadoras do mal têm as suas raízes nas veias de alguns cibernéticos (que eu não chamaria de investigadores, porque estão despidos de qualquer ética e moralidade científica, parece precisar de alguns antibióticos para aquisição da capacidade de pensar) estacionados nas “prateleiras” da capital do país. Pretende- se criar, no país, uma sociedade anárquica onde predominarão à intolerância e o ódio exacerbado. É uma questão de tempo, se até lá nada for feito para combater esse mal, lembrando que Titanic não se afundou no mesmo dia.
1. Lucília Hama
Os pronunciamentos da governadora da província de Maputo Lucília Hama, que encorajou as pessoas exauridas económica e financeiramente a aproveitar os derivados de frango e peixe para as suas ceias de Natal, criaram uma gigantesca onda de insensibilidade, havendo quem, entre os que pegaram na “vuvuzela”, pedisse a sua demissão. Não têm sequer um dedo de testa para encaixar entrelinhas a notícia, porque a meditação é um exercício titânico que não se compadece com o mexeriquismo, principal arma dos detractores que infelizmente pululam à velocidade de cruzeiro. Esta campanha foi infrutífera na sua acção e intenção, porque “o mal só cola onde cheira mal.”
Não sou mandatário da governadora Hama, mas não me parece que a mesma tenha cometido algum crime ou exagero de linguagem ao recomendar e prescrever aos cidadãos receitas que podem mitigar o jejum e a estiagem, muitas vezes reportados em algumas famílias carenciadas durante a quadra festiva. Não é nenhum ultraje quando uma governante apresenta uma terapia de racionalização de recursos. É deste tipo de lições de vida que o país precisa, para superar as adversidades da vida. Os derivados de frango e peixe, ao contrário do que se propaga, são alimentos consumíveis e nutritivos.
Os que procuraram ridicularizar os conselhos da governadora mostraram ser exímios utilizadores das suas receitas, ou então, está-se perante pessoas que ostentam uma vida espaventa e que procurarampor via da malícia agitar a mente dasociedade. Saiu-lhes a bala pela culatra,porque a receita, entre os mais necessitados,foi anotada.
2. José Sócrates
Antes de mais um exórdio: tenho uma profunda admiração pelo ex-primeiro ministro português José Sócrates. Talvez seja uma obsessão, pois nunca consegui compreender a causa desta admiração. Desfalecidos pelos adamastores da vida académica em Maputo e Nampula, alguns dos meus colegas de trincheira socorriam-se de grandes sumidades clássicas para suster as suas destilações, eu, que sempre recusei não dar maior primazia aos débitos dos finados, a orientação da minha bússola centrava-se, entre outros pensadores hodiernos, nas lucubrações de José Sócrates, o único líder que deu maioria absoluta ao Partido Socialista.
Considero-o um homem de inteligência catita e castiça que soube prestar grandes serviços à Portugal. Contudo, não sou o seu rábula.
Estava na cidade Património Cultural da Humanidade (Évora) quando pela madrugada soube da sua detenção, 21/11/14, pelo Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC). Não fiquei admirado, pois sabia que os anticorpos de Sócrates não aguentariam por muito tempo a sanha dos seus detractores, cujos dentes Felídeos ultrapassam a ferocidade de qualquer canino. Sócrates nasceu como um tubarão a saber nadar, sempre deu corpo as balas, mas os inimigos que criou em parte devido a sua fervorosa disciplina partidária e combustão face à institucionalização de uma elite privilegiada dos médicos e magistrados (incluindo juízes), acumulou inimigos que todos os dias rezavam nas sinagogas do mal e pediam preces ao seus diabos para se vincarem dele.
A sua prisão, que entristece os portugueses, foi transmitida pelas televisões que se refastelavam de alegria. Foi-lhe preparado com minudência um lugar na cruz, para ajustes de conta. Uma vez preso o troféu de caça foi apresentado ao mundo como sendo um homem perigoso que merece carregar os pecados de Portugal. Chego a pensar cá por mim que Sócrates foi preso pela política e jornalismo que pela justiça portuguesa, porque esta dificilmente encontrará provas para o manter preso. A prisão quando é injusta não reabilita, arma a mente e com uma a força de sansão, esta rebela-se, nenhum obstáculo a detém.
Este jornalismo, que serve de inspiração a certos jornalistas em Moçambique, é um pasquim, como o diz o amigo Hugo Guerreiro “O jornalismo encontra-se amordaçado pelo pérfido capital e interesses políticos. Mas, acrescente-se, a falta de valores e ética profissional de alguns, é também a causa da queda de credibilidade de uma profissão que é o esteio de qualquer nação democrática.”
Esta prisão mata politicamente Sócrates?
Políticos como Sócrates, além de não se aposentar, têm 7 vidas. Não é fácil derrubar o seu arcabouço. É capaz de estar mais livre na cadeia, do que os seus adversários cujas mentes vivem acorrentadas em liberdade.
Eu não sou bruxo para adivinhar exactamente o que vai acontecer ao ídolo, mas de uma coisa tenho absoluta certeza: a prisão fará nascer mais um best-seller da autoria de José Sócrates.
3. Afonso Dhlakama
Também não me surpreendeu as declarações de Afonso Dhlakama que ameaça formar governo a partir de Janeiro próximo, caso o partido no poder (Frelimo) não aceite a proposta da Renamo que passa pela formação de um “governo de gestão”. Porquê?
Três factores: primeiro, a Renamo tem um esquadrão de homens (antigos e novos guerreiros) por acomodar, e mais do que isso, há um grupo de prosélitos que vê no governo uma “vaca leiteira” pronta a ser ordenhada. Próximos do seu líder e até encarnaram alguma personalidade de Dhlakama (sobretudo a rispidez na comunicação), sofisticam os hábitos pedintes, sempre que a algibeira anuncia estiagem. Acontece porém que para esse grupo de séquitos do líder da “perdiz”, nunca se contentam com pouco: é água salgada que não mata a sede.
É bem sabido que a Renamo em situação de cervo político usa a sua principal arma: chantagem. Segundo: é importante que os “encontros” no Centro de Conferências Joaquim Chissano cessem, para evitar especulações, canseira e improdutividade. Enquanto não forem “públicas” o diálogo entre o Governo e a Renamo, abre espaço para que a “perdiz” se vitimize ante uma sociedade civil do tipo “esponja” (que absorve tudo).
Trata-se de um diálogo de consolidação dos ganhos e não propriamente de compromissos ou construção de pontes, o que leva uma das partes a reivindicar sistematicamente.
É por esta razão que defendo o envolvimento da cidadania – colocar a sociedade civil activa no centro das decisões –, de outra forma não avançaremos. Terceiro: Dhlakama não consegue ficar calado por muito tempo. É como uma criança que precisa de atenção, quando não lhe dão parte copos, lança objectos, chora, embirra-se, etc. Por outro lado, é um astuto que uiva para despistar a manada, enquanto arquitecta uma jogada de mestre quase irreprimível.
Embora esteja a mandar recados para o Conselho Constitucional, a pedido de seus pupilos ou patrocinadores, sabe que no fundo o que mais lhe interessa neste momento é a idade que precisa para cuidar dos netos.
Zicomo (Obrigado).
WAMPHULA FAX – 01.12.2014
comments
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Khanga Hanha Muzai said...
Sr. Dias
Vai lá ver se povo está na esquina malandro
A primeira vez que li um texto deste senhor eu disse bom, ele parece o ponteiro de uma bússola, o homem esta preocupado com os editores de pasquins como ele bem o diz, não passou muito voltei a ler algo dele e duvidei da isenção deste cidadão que aparentemente e o único que escreve certo, sobre assunto sérios com total isenção, como se não bastasse transparece erudição pois o recuso ao verbo selecto remete para essa conclusão;
Bom, vamos conversar Sr. Dias
Qual e o seu problema, o senhor esta contra ou a favor de quem?
Que o senhor se engrace com a beleza da governadora Lucilia Hama não parece ser problema nenhum é um direito seu deixar seu coração nas mãos de espinhos ou de plumas.
Mas, cidadão como ousa defender uma estupidez sem igual, onde cabe em seu são juízo aceitar que com intuito de melhorar a dieta alimentar dos pobres moçambicanos que o senhor denomina-os de “pessoas exauridas económica e financeiramente”, eu as chamo de pessoas pobres desprovidas de recursos financeiros e que estão abaixo da linha de pobreza, bom continuando o senhor procura desesperadamente interceder a favor da sua favorita gata Hama, mas, estamos em presença daquela caricata situação em você e ela esconderam as cabeças no buraco mas deixaram os rabinhos de fora, a culpa não e nossa pois a obra e vossa, se não vejamos.
Centelha por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com )
O senhor diz, citação=“Quando os medíocres avaliam o trabalho dos competentes, não se pode esperar grandes avanços civilizacionais.” Anónimo = fim de citação.
Pode Sr. Dias apontar os medíocres aqui? Eu posso o senhor e muito medíocre e um autêntico estafermo que não sei a troco de que vem para aqui tentar lavar a face de alguém que sozinha sujou a sua cara mergulhando na lama como se de uma piscina olímpica se tratasse.
Desculpe-me Sr. Dias “hoje alienado”, no fundo continuo a pensar que estas a pregar-nos uma partida com a pretensão de provocar risadas ou algo parecido, eu quero conferir o senhor comunga do mesmo pensar com a Sr. Hama?
Meu caro senhor Dias, até os colonos que votavam os pretos a miséria intencionalmente nunca foram capazes de publicamente dizer aos pretos vão comer patinhas, moelas, rabinhos de frangos miudezas todas com tamanho descaramento como o fez a senhora sua……..Sr. Dias, a sua reacção foi por encomenda do partido ou da Sr. Hama?
Quando o povo se exprime manifestando sua total repugnância ao discurso da nossa assalariada que de há uns tempos para ca tem desenvolvido substancialmente o seu traseiro a custa dos pobres, o senhor nos chama de restauradores da inquisição quando a sua protegida e posta ao crivo popular?
O senhor me lembra uns tempos a traz, tempo esse em que pensar em voz alto podia ser equivalente a levar um tiro em publico, se as reacoes do povo para si pareceram uma inquisição então o senhor para nos e o restaurador da ditaduta moda Pol-Pot, não encontro outra aberração para comparação com a sua infeliz tentiva de limpar a
Abaixo faco uma exposição dos seus ditos para denunciar o seu chauvinismo, narcisismos, egoísmo, hominipotencia, intelecutalida ao rubro, abaixo jaz o seu real tamanho que mal dissimula sua avareza sem limites ao tentar ser o único verdadeiro pensante neste blog, parece-me sinceramente que de pensante o senhor tem muito dar mas a FRELIMO pois la todos estão habituados a esse tipo de língua bovina. Veja oque você escreveu e tenta auto retratar-se moçambicano.
Citacao = No caso do nosso país, o Presidente Armando Guebuza considerou Maputo como o “centro de movimentos de críticos ao Governo”, pois tinha razão: é que as incubadoras do mal têm as suas raízes nas veias de alguns cibernéticos (que eu não chamaria de investigadores, porque estão despidos de qualquer ética e moralidade científica, parece precisar de alguns antibióticos para aquisição da capacidade de pensar) estacionados nas “prateleiras” da capital do país. Pretende- se criar, no país, uma sociedade anárquica onde predominarão à intolerância e o ódio exacerbado. É uma questão de tempo, se até lá nada for feito para combater esse mal, lembrando que Titanic não se afundou no mesmo dia.Fim de citacao.
Num único remate conseguiste garantir um lugar no próximo governo se o presidente for o Nyusi, ninguém pode duvidar da sua subserviência ao regime, o jeito com exprimes o teu amor por ela retira qualquer tipo de duvida sobre a que nível vai a sua paixão. Sr. Dias nos poupe por favor também temos cães em casa e para estes seres inferiores que reservamos as patinhas, moelas, fígado, rabinhos de frango sabias, então não venha nos confundir e pensar que e somente vosso o direito de curtir os bons Beefes, Fileminhões, entrecosto de vaca, também gostamos de frango com natas e não de patinhas com natas, gostamos do peito de frango na grelha é um mimo,
Satanhoco alma vendida ao diabo
Khanga Hanha Muzai
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JJLABORET said...
Ambíguo o pensamento escrit do Viriato Dias. Não deixou claro nas entrelinhas do que escreveu, se o que pretende ver é o controlo da internet!
Viriato (V.Dias) já deambulou por aqui nas caixas de comentários, alguns anos atrás. Sua posição já agora não assusta, pois era férreo defensor do "tio" Mugabe, de quem dizia-se "filho".
Já quanto a defesa que faz das declarações da ministra Lucília Hama recomendando ao povo "comer derivados de frango ou peixe...
O que entende por "derivados de frango e peixe"?
Sabe-se que os derivados são produtos manufaturados, industrializados, PORTANTO MAIS CAROS!
Ou será (inimaginável) que queria recomendar o povo a comer sub-produtos (pescoço, asa, pés, moelas) de frango e cabeça, babatanas peixe?
No Natal?
Ora pois, os países que adotaram a "gratificação" de Natal ou o 13º salário, o fizeram para propiciar ao assalariado menor, um Natal com mesa mais farta, mais digna dos outros dias. Recomendá-los a comer "miúdos" de frango e peixe como ceia de Natal, é no mínimo uma provocação, pois que isso não precisaria ser dito ou enfatizado por uma Ministra: O pobra já o faz sm precisar de recomendação oficial.
A propósito... como será a "Ceia de Natal" da Lucília Hama?
Está aqui o maior exemplo do ditado popular: "faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço"! Mesmo porque não pode.
Fica a dúvida o sentido da recomendação da Ministra.