O Líder da Renamo, Afonso Dhlakama, está a baralhar a opinião pública e os políticos nacionais, com a pretensão, de constituir um “Governo de Gestão” por um período de cinco anos. Alguns analistas consideram que, Governo de Gestão no conceito clássico, é um Governo com uma duração curta, entre seis meses a um ano, por não poder tomar decisões estruturantes da sociedade e, acontece em casos de crise, ora, estando o país a sair de um processo eleitoral, onde as forcas politicas em numero acima de trinta participaram, com resultados por divulgar, é de pouco sentido querer convencer as pessoas para uma decisão de crise, as motivações, de um tal Governo, caem por terra!
Por outro lado, é preciso reter que, a menos de três meses, o Líder da Renamo saiu das matas de Gorongoza onde viveu por um período de dois anos e meio, com um ano e meio de hostilidades militares, á sua saída, teria declarado que, conseguiu tudo quanto reivindicava e que, pela primeira vez na historia de Moçambique “as eleições seriam livres, justas e transparentes porque se aprovou uma nova Lei eleitoral” estas afirmações, foram espontâneas e voluntarias, a Lei mantêm-se a mesma e as condições foram criadas para acomodar as exigências da nova lei eleitoral, o discurso de fraude é recorrente em Afonso Dhlakama e Renamo, na pratica e na verdade, não traz nada de novo, no seu périplo pelo centro do país, não diz o que falhou!
Na minha modesta opinião, ainda que reconhecendo a popularidade de Afonso Dhlakama, é ingenuidade política pensar-se em sucesso eleitoral nacional, marginalizando parte significativa do território nacional, como são as províncias do Sul e a Cidade de Maputo, ainda assim e, pela primeira vez, esses círculos votaram em Dhlakama e Renamo. Os membros da Renamo, devem saber que, Gaza não é Xai-Xai ou Chibuto, Gaza é muito mais do que esses dois lugares urbanos, província de Maputo não é Matola, a Província de Maputo é muito mais do que uma passagem por Manhica Sede, Marracuene e pouco mais, estes factos não são levantados pela Renamo e seu Líder, porque não lhes convém.
Na analise dos resultados eleitorais, a Renamo e Afonso Dhlakama não se debruçam sobre as razões de não terem preenchido, os lugares que lhes eram reservados nas mesas de voto nas províncias referidas, limita-se a propalar “fraude massiva” evidentemente que, é mais cómodo esse discurso do que analisar as causas de insucesso num determinado processo e, por aquilo que é dado a observar, o próprio Líder da Renamo, Afonso Dhlakama, não estão certos do que desejam com o propalado “Governo de Gestão” se não teriam aceitado debate nos diferentes órgãos de comunicação social.
POLITICOS SEM NORTE!
Afonso Dhlakama, depois de tanto falar de um “Governo de Gestão” e receber como reacção a inconstitucionalidade e outros adjectivos pouco abonatórios e, notar que, parece estar a falar de algo desconhecido e sem apoio de outras forcas politicas, eis que ensaia “convite” aos partidos políticos de baixa representação e sem expressão na sociedade, indicando Sibindy, Daviz e Domingos, como sendo prováveis elegíveis ao referido “Governo de Gestão” e, as reacções não tardaram, o Presidente do PIMO, Yacub Sibindy, mesmo não conhecendo a natureza e os objectivos gerais de tal Governo, diz estar disponível a integrar, Raul Domingos, Presidente do PDD, como lhe é característico, nem sim nem não, já o MDM reage de forma violenta com acusações á mistura!
Ora, se de facto, o PDD e o PIMO, são partidos políticos com existência de mais de dez anos no panorama politico nacional, e não conseguem se quer entrar na Assembleia da Republica, é lógico que, a hipótese de um “Governo de Gestão” abri-lhes uma boa perspectiva, sem igual, para entrar, da janela, na governação do país, ao convida-los, Afonso Dhlakama, não mais pretende deles, se não um coro a favor da ideia e, infelizmente, caíram que nem crianças, embora sem reacção conhecida, fala-se de anuncio nos próximos dias de pessoas ligadas a sociedade civil, provavelmente a Presidente da Liga dos Direitos Humanos, a minha irmã Alice será convidada, do Parlamento Juvenil e outros serão convidados, tudo isso, para ganhar eco publico a ideia de um “Governo de Gestão” que nem o proponente tem ideias de como pode funcionar.
Se as organizações da sociedade civil, caírem como os partidos políticos estão fazendo, a sociedade vai perder uma massa critica importante, em democracia, a liberdade de expressão e de opinião, relativamente aos processos de governação, constitui participação na vida publica nacional, participar da democracia não é somente ostentar um cargo publico, a recente devolução da Lei sobre os direitos e deveres dos deputados e dos Presidentes da Republica e ex-presidente é um exemplo de participação da sociedade civil na vida politica nacional, não cabemos todos na Assembleia da Republica e tão pouco no Conselho de Ministros.
A experiencia do vizinho Zimbabué não é muito boa nessa perspectiva, o Líder da Oposição, Morgan Chiwangirai, depois de ocupar o cargo de primeiro-ministro, hoje nem a liderança do partido conseguiu, de uma forca politica com potencial de vencer as eleições, passou a insignificante partido, portanto mais um no panorama local, será isso que anima Afonso Dhlakama, governar, pelo menos um dia!
Adelino Buque
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