terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Agentes da CIA são heróis por terem torturado presos?

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Hoje, 14:24


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O ex-vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, declarou que os agentes da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês) que torturavam presos deveriam ser condecorados por serem “heróis, não torturadores”.

“Isso me deixou muito confuso, muito perplexo, porque ninguém está sendo culpabilizado”, diz o jornalista Rasheed Abou-Alsamh, autor saudita-americano do jornal O Globo e da agência saudita Arab News, contatado pela emissora Sputnik.
Cheney coincide com os dirigentes atuais da CIA, que confirmaram recentemente que iriam usar de novo a tortura “se for necessário”.
O relatório de 6 mil páginas do Comitê de Inteligência do Senado norte-americano sobre a tortura realizada por agentes da CIA contra detentos demonstra um excesso de violência não justificada.
Segundo o doutor Abou-Alsamh, que escreveu no final de semana passado um artigo sobre o assunto, o relatório confirma que, entre 39 pessoas que passaram pelo sistema ultrassecreto de interrogatório sofrendo tortura, sete não revelaram nada e 26 não estavam dentro dos requisitos para serem presos. De modo que a pergunta é: quando a tortura pode ser necessária?
Os EUA agora tentam criar uma imagem positiva do seu país, que ficou danificada após a publicação do relatório, acredita Abou-Alsamh. A TV estadunidense que faz o espectador “torcer pelos EUA”, apresenta só visão do lado norte-americano, não dá visão “do outro lado”. Mas mesmo com essa visão, não houve nos EUA discussão pública nem política sobre a suposta “necessidade” de aplicação de tortura contra “inimigos de Estado”.
Segundo o jornalista, o presidente estadunidense, Barack Obama, que tinha anunciado, no primeiro dia do seu mandato, que iria fechar definitivamente a base de Guantánamo, está sofrendo resistência forte por parte dos republicanos, que não querem este fechamento.
Abou-Alsamh saudou a atitude do presidente do Uruguai, José Mujica, que recebeu no seu país um grupo de detentos libertados de Guantánamo. Segundo o jornalista, “após dez anos de Guantánamo, eles já pagaram pelos crimes que a gente pensa que eles cometeram”.

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