sábado, 1 de novembro de 2014

Obama poderá perder o controle sobre o Congresso - Notícias - Internacional - Voz da Rússia


EUA, Congresso, Obama

Os EUA estão se preparando para as eleições gerais, que serão as últimas na presidência de Barack Obama. Na terça-feira, a Câmara dos Representantes e um terço do Senado serão renovados, devendo ser eleitos 39 governadores estaduais, deputados de assembleias legislativas e prefeitos de centenas de cidades.

Além disso, em 40 estados terão lugar 140 referendos sobre assuntos “candentes”: desde o consumo de marijuana à introdução de impostos sobre os soft drinks para evitar a intoxicação de crianças. Tais consultas populares se realizam no país de dois em dois anos.
A eleição mais importante, segundo reconhece a mídia republicana e democrática, diz respeito ao próprio Barack Obama. Será eleito o Congresso, mas as “notas” serão dadas ao presidente. Pelo visto, esta será uma prova difícil para ele.
Conforme as previsões do Serviço Gallup e avaliações de cientistas políticos e jornalistas, Obama poderá, depois de 4 de novembro, perder o resto do controle que tem tido sobre o Congresso. Na câmara baixa (435 assentos), os republicanos tinham a maioria de assentos parlamentares (35) com duas vagas. No Senado (100 assentos), os democratas têm 53 mandatos contra 45 pertencentes aos republicanos e mais dois senadores sem partido. Após o dia 4 de novembro, os republicanos poderão obter, na câmara baixa, a maioria de 60 deputados e no Senado – 52 senadores contra 45 democratas. Resumindo, se poderá dizer “ adeus ” ao Congresso democrático.
O mais surpreendente é que a antipatia em relação a Obama alcançou já tais proporções que os conselheiros de relações públicas da Casa Branca não recomendam que o presidente se manifeste em apoio de uns ou outros candidatos. Receiam que a “infeção de repúdio” se transmita aos pretendentes aos assentos parlamentares no Congresso. Acontece algo semelhante ao um “ebola político”.
Normalmente, as eleições para o Congresso se associam mais a problemas internos, sem olhar para as crises externas. Mas estas eleições são bem diferentes. Obama deverá ser avaliado pela sua política externa. “A administração presidencial está vagabundeando de uma crise para a outra – a Europa está à beira de uma nova Guerra Fria, o Médio Oriente está a braços com a violência do Estado Islâmico (EI), a África está assolada pelo ebola”, escreve o periódico Washington Post, lamentando que, perante esses desafios, o governo norte-americano não tenha seguido uma linha estratégica de longo prazo. "Tudo isso vem colocando a questão sobre a capacidade do presidente e de sua equipe de reagirem, de forma adequada, às crises indicadas e verem muito mais longe do que os problemas atuais pendentes".
Em comparação com Bush, Obama tem certas vantagens. Melhor dizendo, tinha, pelo que o Obama de hoje é bem diferente do Obama de 2008, considera o professor catedrático a Universidade de Boston Andrew Bacevich:
“Quando elegemos Obama em 2008, pensávamos que, na política externa, ele merecia a nota mais alta. No ano da tomada de posse ele foi galardoado com o Prêmio Nobel de Paz. Hoje, ele não merece a nota de bom. Na melhor das hipóteses, merece uma nota satisfatória.
A segunda metade do mandato presidencial tem sido sempre um período difícil quando se torna evidente que as promessas anteriores quase não foram cumpridas. Segundo as últimas sondagens, o nível de apoio presidencial caiu para 41,5%. Um indicador pior, 39%, tinha apenas George W. Bush júnior.
Ninguém se lembra da altíssima taxa de popularidade de Obama (83-89%) antes das presidenciais de 2008 Ninguém hoje veste camisolas com o retrato do Prêmio Nobel e a palavra “esperança” em baixo. Nos meados do segundo mandato, os “irmãos afro-americanos” já não têm certeza absoluta que Obama é tão “negro” como devia ser, os ecologistas duvidam de ele ser “verde”, para os racistas ele é “mais escuro do que a escuridão”, para os radicais da extrema-direita ele é “muçulmano, socialista e semi-americano” e para os elementos de extrema-esquerda ele é “conservador e renegado”.
Em resumo, Obama tem pouca sorte com seus compatriotas. Eles costumam, depois de “presidentes maus” (como era, aliás, George Bush), elevar bem alto a fasquia para os líderes seguintes. Por vezes, colocam-na tão alto, como se para a Casa Branca devesse chegar não um político, mas um navio cheio de tesouros.
A “amputação” do Congresso, em princípio, não é uma “operação” fatal. A história conhece casos análogos durante a presidência de Dwight Eisenhower, Ronald Reagan e George Bush júnior. Em primeiro lugar, mesmo possuindo a maioria, os republicanos não poderão “quebrar” o direito de veto presidencial – para tal serão necessários dois terços de votos, o que hoje é lhes impossível fazer. Em segundo lugar, como já foi sob Reagan e sob Clinton, os presidentes que ficam na “minoria” obtêm uma excelente oportunidade de atribuir ao Congresso a culpa por todos os males. Dizem assim: queríamos muito cumprir isto ou aquilo, mas foi o Congresso que não nos deixou cumprir nossos planos relativos à aprovação de uma emenda, de um candidato, projeto-lei, apoio popular, etc. Tal mecanismo funciona sem falhas. Mas com tal presidente, o Partido Democrático dos EUA nunca poderá ganhar as presidenciais.

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