Depois de uma longa maratona política, que incluiu um périplo pelas 11 principais cidades do País, eis que o Comité Central do Partido Frelimo acaba de encontrar o seu candidato presidencial, o qual se chama Filipe Jacinto Nyussi, natural de Namua, distrito de Mueda, província de Cabo Delgado, onde viu o sol pela primeira vez a 9 de Fevereiro de 1959.
Trata-se de um candidato de largo consenso, escolhido por 68 por cento dos membros do Comité Central, ultrapassando, de forma folgada, os seus camaradas concorrentes para o mesmo cargo.
Depois de anos sucessivos de candidatos oriundos do Sul do País, a Frelimo avança, desta feita, com um candidato proveniente do extremo Norte do País, a província de Cabo Delgado, o berço da luta armada de libertação nacional.
Vários quadrantes nacionais manifestaram-se surpreendidos com a escolha de Filipe Nyussi por parte do Comité Central da Frelimo. Nós não ficámos nada surpreendidos, pois vínhamos acompanhando de perto o avolumar de apoios políticos que, em cada dia, chegavam a Filipe Nyussi provenientes das mais diversas camadas frelimistas.
De fauna acompanhante que parecia ser quando em Dezembro foram anunciados os três pré-candidatos da Comissão Política, Filipe Nyussi passou a líder dos três pré-candidatos já desde a sua primeira apresentação pública ocorrida a 13 de Janeiro passado, no Comité Provincial de Inhambane. Daí para frente, o seu carisma foi crescendo de apresentação em apresentação, culminando com a sua brilhante dissertação no fecho desse exercício, no Comité Provincial de Tete.
De Tete para Matola, Nyussi nunca parou de trabalhar, tendo feito diversas aproximações a várias gerações do seu partido, o que lhe aumentou a possibilidade de vitória esmagadora, o que, realmente, veio a acontecer no último Sábado quando foi eleito por 68 por cento dos 196 votos possíveis.
Nyussi é, para todos os efeitos, o candidato que tranquiliza todas as alas do Partido Frelimo neste momento. É o candidato de quem não se espera “caça às bruxas”, nem nenhum tipo de atitude vingativa em relação aos actuais governantes. Trata-se do candidato conveniente e tranquilizador para todos os grupos dentro da Frelimo, para além de ser uma pessoa de fácil trato, com uma humildade embaraçosa, disponível a olhar só para frente, juntando em seu redor jovens e velhos interessados em desenvolver Moçambique.
Nyussi junta, em si, a pujança da juventude e o conhecimento real do que foi a luta de libertação nacional, já que, para além de ser filho de combatentes da luta de libertação nacional, é, ele mesmo, ex- combatente por lá ter estado, em tenra idade, estudando em Tunduro e crescendo nas fileiras da Frente de Libertação Nacional, vindo a desaguar nos Caminhos de Ferro, onde foi desde operário a membro do Conselho de Administração, passando pelas posições de chefe de oficina, director ferroviário até director executivo regional norte, baseado na cidade de Nampula.
Dos Caminhos de Ferro de Moçambique, Nyussi saltou para ministro da Defesa Nacional, uma pasta chave para quem, um dia, poderá vir a ser Comandante-Chefe das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), ou seja, é importante que um candidato a Chefe de Estado tenha conhecimento profundo de como funciona a estrutura de defesa e segurança do País e tenha, inclusive, conhecimento sobre como se relacionam as diversas hierarquias militares. De todos os pré-candidatos a candidato da Frelimo, só Filipe Nyussi possuía essa vantagem comparativa importantíssima.
Porém, Nyussi não é um candidato já comprado pelo eleitorado. É preciso um enorme exercício de marketing eleitoral para que a sua imagem humilde seja a marca de um candidato sério, firme, corajoso e decidido para construir uma nova realidade política e económica do País, com a colaboração de todos.
Deverá, rapidamente, auto-apresentar-se publicamente, descendo às bases do seu partido e às comunidades, em geral, falando do seu projecto de governação e de quão diferente vai ser o seu estilo de gestão do País.
Joga a seu desfavor o tempo escasso que vai de agora até ao dia 15 de Outubro, dia das eleições gerais e presidenciais. Mas, tratando-se de uma tarefa a tempo inteiro, ele poderá, em pouco tempo, recuperar consideravelmente a desvantagem temporal, o que exige bastante empenho e apoio institucional sério.
Com a eleição de Nyussi, termina a longa maratona política que até chegou a ameaçar dividir a Frelimo a meio, com uma ala importante a contestar os métodos utilizados pela Comissão Política na gestão deste dossier. No calor da luta, foi sacrificado o SG da Frelimo, Filipe Chimoio Paúnde, que acabou caindo, vítima das suas declarações controversas e anti-estatutárias, amplamente divulgadas pela Comunicação Social.
Nós saudamos a democracia interna que prevaleceu no decurso do Comité Central da Frelimo e auguramos que a mesma seja replicada nos restantes partidos políticos do mosaico nacional.
Ter Nyussi como candidato é o primeiro passo da luta pelo controlo da Ponta Vermelha. O segundo e mais decisivo passo será convencer o eleitorado a optar por ele e pelo seu partido, o que vai exigir o triplo do esforço dispendido para se tornar candidato da Frelimo.
Ou seja, falta enorme trabalho por fazer por forma a que Nyussi chegue à Ponta Vermelha.
Tudo indica que ele está preparado e disponível para realizar essa enorme obra política.
Venha daí, camarada Nyussi!
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