O governo mexicano parece ter perdoado o presidente do Uruguai, José Mujica, pelas declarações fortes que ele compartilhou na sexta-feira passada à revista Foreign Affairs Latinoamérica. Naquela publicação, Mujica chamou o México de “Estado falido” por causa de uma série de problemas comuns a vários países da região. E agora, soam mais fortes as críticas internas ao presidente mexicano, Enrique Peña Nieto.
No DOMINGO passado, as autoridades mexicanas convocaram o embaixador uruguaio, Jorge Alberto Delgado, para uma conversação. A Secretaria das Relações Exteriores daquele país também emitiu um comunicado afirmando estar “surpreendida” e “rejeitando categoricamente” certas declarações de Mujica.
O SITEmexicano Sipse atribui a aspereza da entrevista da sexta passada à “franqueza” de Mujica, “presidente humilde” que passou anos na cárcere durante a época da ditadura.
Já o próprio presidente uruguaio fez no domingo uma tentativa de retificar, afirmando que “frente ao narcotráfico estamos falindo todos” e que “o que a você lhe passa, amanhã pode me passar a mim”. A “Suíça latino-americana ” tem índices menores de CRIME organizado, tráfico de drogas e sequestros do que vários países do continente.
Várias fontes citadas pela mídia confirmam que o incidente “já passou”. Mas, de qualquer modo, o presidente uruguaio palpou uma PARTE doente no corpo político e social daAmérica Latina.
Tensões no México
Mesmo se as palavras de Mujica não eram acusações e, sim, uma opinião pessoal, o país não pode fazer COMO se nada acontecesse. A comunidade internacional e a população nacional já têm a sua atenção atraída às ações do governo mexicano. E Enrique Peña Nieto já presencia uma avalanche crescente de críticas.
Os internautas criaram um apelo no TWITTER, dizendo #RenunciaEPN (EPN é Enrique Peña Nieto) . A cada minuto, aparecem novas postagens com este lema. A mídia LOCAL já especula sobre um futuro próximo sem Peña Nieto.
Uma renúncia do presidente antes do fim do mandato (em 2018) é possível se o Congresso aceite os motivos do presidente. Ainda não houve reações oficiais do governo a esse respeito.
O empresariado também expressou a sua preocupação com a insegurança no México. Na segunda-feira, o presidente do Conselho Coordenador Empresarial (CCE) nacional, Gerardo Gutiérrez Candiani, disse em um vídeo publicado no site que os empresários manifestam “a sua solidariedade com todas as vítimas e as famílias afetadas pela insegurança pública”.
O vídeo, chamado “Renovação sem violência”, é um “apelo” à sociedade e às autoridades mexicanas para contribuir para um país SEGURO, inclusive na área do negócio.
O governo já começa a reagir às exigências sociais cada vez MAIS importantes. Hoje, na terça-feira, o presidente do México reuniu-se com o presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), Luis Raúl González Pérez. O encontro terminou com a afirmação de que o país deve ter um ombudsman (defensor dos direitos humanos) forte.
A entrevista
O motivo da matéria na Foreign Affairs foi o desaparecimento de 43 estudantes na localidade mexicana de Ayotzinapa, que fez parte de uma escura operação policial contra o narcotráfico. Mujica respondeu o seguinte: “Dá-se a sensação, visto à distância, que trata-se de uma espécie de Estado falido, que os poderes públicos estão perdidos totalmente de CONTROLE, estão carcomidos. É muito doloroso o do México. Eu apelo a que o México reaja na sua ética e na sua moral”.
Esta última frase teve continuação, com o presidente uruguaio explicando que “isto foi possível por uma gigantesca corrupção”, que tornou-se “uma tácita COSTUME social”.
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