por jpt, em 31.05.12
Vejo publicada no mural do Facebook de José Goulão, meu conterrâneo da Beira Baixa e ilustre jornalista, a FOTOGRAFIA acima reproduzida e um texto seu que aquideixo. Pelo que diz da manipulação do real e de nós*, sempre tão prontos a cegamente apontarmos dedos e a acriticamente esposarmos “boas- causas” sobre as quais pouco sabemos.
O MASSACRE DA VERDADEA FOTO que aqui se reproduz foi publicada pelo SITE da BBC como ilustrando o massacre de Houla cometido alegadamente pelo exército sírio. No entanto foi captada em 27 de Março de 2003 no sul do Iraque pelo fotógrafo Marco di Lauro. Dá que pensar… O massacre de Houla, atribuído sem reservas pela comunicação social de GRANDEdimensão e pelos governos dos países ocidentais ao exército sírio, parece ainda ter muito por explicar, como sabem diplomatas da ONU conhecedores dos meandros em que se movem alguns observadores enviados pelos serviços do secretário geral das Nações Unidas. A BBC, com todo o prestígio que lhe é atribuído, também sem reservas, publicou no seu site esta foto das vítimas do massacre de Houla com a legenda de que teria sido facultada por “um activista” mas cuja autenticidade não poderia ser verificada. O fotógrafo italiano Marco de Lauro teve menos dúvidas sobre a autenticidade da foto e do “activista”: a foto é de sua autoria e foi tirada em 27 de Março de 2003 no Iraque, ao sul de Bagdad, poucos dias depois de iniciada a invasão norte-americana do país. Foi o que Di Lauro, fotógrafo da agência Getty IMAGES, explicou ao diário britânico The Telegraph Com base nas informações que têm vindo a lume sobre sucessivos “massacres” alegadamente cometidos pelas autoridades sírias os governos dos países da união Europeia, entre os quais Portugal, estão a expulsar ou a retirar credenciais aos embaixadores da Síria, considerando assim o regime COMO único responsável pela violência – que o próprio secretário geral da ONU já qualifica como “guerra CIVIL”. A Administração Obama afirma, na sequência destes acontecimentos, que o passo que se segue tem que ser a substituição do regime de Damasco – embora sem expor a metodologia para concretizar o objectivo. Meios de comunicação com menor dimensão, menor penetração, ou simplesmente abafados, têm dado informações MAIS completas. Explicam que esquadrões da morte treinados na Turquia e no Kosovo com apoio norte-americano, constituído por mercenários fundamentalistas islâmicos, estão a ser infiltrados em zonas sírias através das fronteiras turcas e libanesa para manterem a desestabilização no país e impedirem o funcionamento do cessar fogo. Os massacres de cidadãos inocentes, entre os quais dezenas de crianças, estão a ser cometidos em coincidência com a VISITA dos observadores da ONU com a missão de analisarem a concretização do chamado Plano Annan. Coincidem também com a data prevista para iniciar a aplicação da segunda fase do plano, as negociações políticas entre Damasco e a oposição, na qual o regime se tem mostrado muito mais interessado do que a oposição, pelo menos os grupos de índole islamita apoiados pela Turquia, Qatar, Arábia Saudita, Estados Unidos e União Europeia. O mundo não tem dúvidas sobre a realidade que é o carácter violento e autoritário do regime da família Assad; o recurso a FOTOS como esta levanta, porém, outras questões, como a da manipulação e a falsificação da informação em torno da realidade que se vive na Síria. E também sobre o carácter das “fontes” privilegiadas, sejam elas “activistas”, blogues patrocinados por serviços secretos ocidentais e organizações ditas de direitos humanos surgidas de um momento para o outro. Este não é o primeiro caso de manipulação de fotos e vídeos. Nos últimos tempos da guerra contra a Líbia, a mesma BBC publicou imagens de manifestações anti-Khaddafi em Tripoli que correspondiam a uma manifestação muito anterior realizada na Índia e que tinha a ver com assuntos indianos; e foi demonstrado que o primeiro vídeo divulgado pela Al-Jazeera sobre os festejos resultantes da queda de Khaddafi foram anteriores à própria realidade e fabricados numa encenação montada no Qatar em que foi simulada (com erros crassos) uma praça de Tripoli. A pergunta de fundo é: se a realidade é a que se diz e se explica com tanta convicção que razão leva a que se fabriquem as supostas provas do que se afirma?
* Entenda-se aqui este nós COMO majestático – muitos nunca terão caído em tais falácias; eu, confesso, ter ocasionalmente cometido o meu pecadilho
AL
O "rumorismo"-SMS
por jpt, em 31.05.12
Regressam os rumores a Maputo, hoje é dia de SMS escatológico, vibram a Vodacom e a MCel com o aumento do tráfego telefónico. Anunciada para amanhã uma temível manifestação CONTRA o "estado da arte", ameaçam-se pilhagens e outras malfeitorias ...
Credível? Decerto que haverá moçambicanólogos, MAIS ou menos "indignistas", a botarem sobre o assunto com mais propriedade, os meus talentos de adivinho são fracos. De qualquer forma há duas coisas significativas: o peso dos rumores, a capacidade de gerar "frisson" através destas novas tecnologias popularizadas, o que referi há já dois anos; e a continuidade da actividade política (algo que os evolucionistas populistas querem esconder), mesmo que com esta pobre configuração.
Menos significativo mas sintomático: o esforço do(s) autor(es) da mensagem que-se-quer-rastilho em parecer popular, um texto em complexo português disfarçando-se de semi-iletrado e jovem através da substituição dos "ss" por "x", o que não corresponde aos dialectos gráficos da juventude e e às dificuldades maputenses de manuseamento da escrita. Gato escondido com rabo de FORA ...
Que fazer amanhã? Será um dia normal, parece-me.
jpt
A Distância
por jpt, em 30.05.12
(O texto na edição de hoje do "CANAL de Moçambique")
A distância
Ao longo da vida tenho conhecido alguns escritores, poucos. De conhecer mesmo, não “aquilo” das patéticas sessões de autógrafos, das filas intermináveis exigindo aos escribas que rabisquem os seus gatafunhos, cansados, mercantis, nos livros ali comprados. Não os persigo COMO tal, escritores, naquela ideia de que são como se semi-deuses, criadores sobre-homens. Conheci gente, que por acaso escreve. Há pessoas interessantes, outras nem tanto, tal como os outros, os leitores e os que não lêem. Quanto às biografias, daqueles já idos ou distantes, pura e simplesmente não as leio. Ou seja, não me são importantes as pessoas, e seus esconsos da vida, para lhes viver as obras. Certo, será assunto legítimo para os profissionais da literatura. Mas para nós, os que vamos às livrarias? Não. Nada ganho em saber se Lowry era mesmo alcoólico ou Céline maldisposto. É importante saber que livros leram Cervantes ou Dante, para entender o mundo que escreveram? Será, se apenas os sentir como documentos. Não, se temer os purgatórios de hoje ou se seguir, como sigo, qual Sancho Pança.
Vem-me isto a propósito da impressão sentida agora mesmo, ao tornar a reler “O Monhé das Cobras”, o FINAL de Rui Knopfli. Sou fraco leitor de poesia, não me consigo erguer às profundidades a que tanta dela mergulha, e talvez por isso tanto gosto deste poeta, que narra, me deixa acompanhá-lo. Ao livro lera-o em 1997, quando “importei” umas dezenas de exemplares para aqui distribuir o que já se antevia ser uma despedida. E anos depois procurando-lhe aqueles versos resumo do meu país “… Feita de lavras / em pousio e esperança adiada, / pertencemos todos a esta áfrica lusitana / que pelas outras se expandiria. Por estas / andámos perdidos, ignorando então / que a passagem obrigava ao regresso …” (“As Origens”). Voltei agora.
Para MAIS uma vez me deixar amargurar, é o termo. Afinal, em contradição com o que digo, a encontrar o homem esquecendo os textos. Pois tanto ele se impõe neste seu “adeus”. Pouco sei dele, nunca questionei aqueles que o cruzaram ou estudaram. Nem ao Nelson Saúte, seu cultor, nem ao Noa, seu estudioso, nem a Zé Craveirinha, seu “verso e anverso”, nem mesmo ao “Kok Nam, o fotógrafo, baixa a Nikon / e olha-me, obliquamente, nos olhos: / Não voltas MAIS? Digo-lhe só que não.” (“Aeroporto”), que o acompanhou à partida, definitiva, de Moçambique.
Lembro-me de, há muitos anos, aqui receber uma bela visitante, romeira em BUSCAdos trilhos do poeta. Só me perguntava onde era a casa do Knopfli, sabia lá eu onde era! Alguém a terá levado, lá para as bandas do Núcleo de Arte, ainda hoje não sei. Desencontrado, eu queria discutir “A Ilha de Próspero”, livro tão elogiado e de que nada gosto, apenas documento, coisa padrão, mesmo que talentosa à sua maneira, um olhar marcado e que marcou, ainda o hoje. Mas nada. Fiquei só, resmungando aquele autor, homem ali algemado no seu tempo, na sua gente, em torno das pedras e dos estereótipos, dos velhos típicos, das belas mulheres, com msiro ainda por cima, uns belos e jovens seios a precisarem das jóias locais, COMO se não suficientes em-si. O poeta a olhar os restos de uma ilha construída por “mouros embarcadiços, ali fugidos aos negros canibais do CONTINENTE”, como ainda deixou Alexandre Lobato apresentá-la, e já naqueles anos 1970s! Um homem a ir até à “Ponta da Ilha” para olhar “telhados de macute que se repetem / sempre iguais, ruelas de terra batida / entrelaçadas em labirinto rústico” e deixar-nos três, notei sempre, apenas três fotografias tiradas cá de cima, da avenida CENTRAL. Todas as barreiras ao olhar, brilhantes sob o sol da mito “muipiti”.
Era isso que me brotava, o meu resmungo diante daquele “Próspero e Caliban”, a rasa leitura de que veio a brotar a lendária revista “Caliban” do Lourenço Marques de 70s, e que um dia mais tarde o Nelson e o Soares Martins vieram a reimprimir. Rasa leitura porque a empobrecer Shakespeare, COMO se este ali narrasse o mero mundo, ecoando-o, e não a desvendá-lo. A dizer esta “tormenta” da coexistência da “magia branca” e “magia negra”, do curandeiro e do feiticeiro, ainda para mais coisa tão sabida do Rovuma ao Maputo, ideia tão à mão de semear, bastaria ter os olhos para ouvir.
Um meu resmungo diante de um Shakespeare de cardápio, a deixar fugir a ideia CENTRAL, de que se caliban é colonizado por próspero, é-o pois colonizado pela razão. Por uma razão que não é boa, apenas a fúria e o orgulho quando comedidos. Por isso o elogio exótico, o “generoso” paternalismo de Knopfli do “Não são estes os filhos de Caliban” (“Canção de Ariel”). Incompreendendo que as gentes da Ilha são os filhos do boçal e horrível Caliban. Porque todos nós somos caliban e próspero, é essa a nossa“tormenta”, o “outro” está cá dentro, melhor dizendo o “outro” é o mesmo. Pois é disso que se trata, não da refracção da política e da geografia.
E desses pólos, pobres, afinal não saiu o poeta. Por isso, homem do meio, sem o ter percebido COMO, se foi num “não voltarei, mas ficarei sempre”. Há pouco, em tarde de cafés longos, perguntei a quem sabe daqueles tempos, “o que é aconteceu com o Knopfli?”. Que “foram vocês que o mandaram embora” veio a RESPOSTA, a surpreender-me, qualquer coisa decidida pelo então Alto-Comissário. Será verdade? Uma delas, pelo menos, muito a aconchegar esta incompreensão que lhe brota dos textos, e a dourar um mito, sereno, poético, a continuar.
Depois a república não o tratou mal, enviou-o com serenidade para Londres, o centro do mundo. E é isso que tanto angustia nestas visitas ao TERMINAL “O Monhé das Cobras”. Que o homem, saído da sua Inhambane, desgarrado da sua Lourenço Marques, se findou a escrever sobre a “rua de coolela”, sem nunca ter encontrado naquela urbe, brutal, milionária de sons e tons, ainda que enublada, um qualquer encantador de cobras a quem se dedicar.
Leio Knopfli e vejo a distância. A dele. Para com o onde estava, para com o para onde foi. E vejo-o símbolo, da história de tantos dos meus patrícios. Do meu país. A não olhar(em) a urbe. E pesadelo. Na minha história.
É importante conhecer a VIDA dos escritores? Afinal … é.
jpt
O silêncio é de ouro, a música é de prata e o barulho mata
por jpt, em 29.05.12
[caption id="ATTACHMENT_34604" align="aligncenter" width="511" caption="Murmure du Silence por Kahlil Gibran"][/caption]Desculpem se for calada um bocado ou falar pouco para já, explica a G ao ENTRAR no carro. Não é antipatia mas tão somente a necessidade que tenho de algum recolhimento ao fim do dia de trabalho. Que bom e que saudável!, pensei eu, enquanto percorríamos a estrada caladas e sem sentirmos necessidade de “comunicar”. Rendo-me ao silêncio confortável; aquele silêncio que pauta o estar bem e que cimenta a amizade. Conforta-me e traz-me memórias de infância, das noites quentes de Verão nos terraços da CASA do meu Avô. Nós, as crianças, ocupávamos o terraço grande da cozinha – cantigas de roda, apanhadas, cabra-cega. Era o terraço do barulho, da gritaria e da confusão. Até que, uma a uma nos íamos cansando e calando, adormecendo no sussurro das criadas.No terraço da frente, os adultos. Num canto, a mesa de jogo para os homens; as cadeiras de verga, onde as senhoras se entretinham em conversas rendilhadas a crochet e a ponto cruz, convenientemente distanciadas. Falava-se baixo, no tom requerido para as confidências que ali se desfiavam. E também para não perturbar o jogo dos homens, vá! Gostava de me juntar aos adultos do terraço da frente. Chegava de mansinho e sentava-me no chão de pedra ainda quente, encostada à cadeira da minha Avó. Adormecia ao som das partilhas murmuradas, sobressaltava-me com o ocasional grito de júbilo ou frustração da mesa dos que jogavam. Era um silêncio confortável que me embalava segura no sentido de pertença.Hoje são raras as pessoas com quem partilho silêncios confortáveis e raros os locais que mo proporcionam. Que uma discoteca tenha a música alta, enfim, entende-se; afinal é mesmo isso que se pretende. Mas um restaurante? Onde estão os bares para se beber um copo e conversar? Quando foi que as esplanadas à beira-mar resolveram abafar o vaivém das ondas com “música ambiente”? Quando é tão linda a música das ondas do mar...AL
As mangas verdes
por jpt, em 29.05.12
João Melo, que é um AMIGO do ma-schamba já desde "os tempos", mandou para ogrupo ma-schamba no facebook esta sua FOTOGRAFIA "MANGAS verdes, só falta o sal ...". Eu confesso que sou empedernido, gosto muito mais de BLOGS do que do facebook - e se as conversas, amenas, se deslocaram para lá pelo menos que as imagens venham para cá, quando significarem algo para o que vamos blogando. Acontece que estava a escrever um textito (também) sobre o Rui Knopfli, a publicar no Canal de Moçambique de amanhã. E já que isto das "mangas verdes" virou canónica referência ao poeta aqui deixo o seu (polissémico?) poema a este propósito
MANGAS verdes com sal
Sabor longínquo, sabor acre da infância a canivete repartida no largo semicírculo da amizade.
Sabor lento, alegria reconstituída no instante desprevenido, na maré-baixa, no minuto da suprema humilhação.
Sabor insinuante que retoma devagar ao palato amargo, à boca ardida, à crista do tempo, ao meio da VIDA.
[Rui Knopfli, "MANGAS Verdes com Sal", Lourenço Marques, Minerva Central, 1972, 2ª edição]jpt
Fumos virtuais
por jpt, em 28.05.12
Há MAIS de um ano rendida aos cigarros electrónicos, têm-me estes proporcionado alguns episódios verdadeiramente hilariantes.1. Éramos uns oito ao jantar em casa da T. Flui a conversa, vai-se petiscando, enchem-se os copos e acendem-se os cigarros. SEGUROo electrónico costumeiro na mão, vou-lhe puxando uma fumaça e depositando-o aqui e ali sem cuidado de maior. P olha-me verdadeiramente intrigado e pergunta “isso que estás a fumar é o quê?”. Um cigarro electrónico, respondo enquanto lho mostro MAISdetalhadamente. Adensa-se o ar intrigado de P “Hmm e isso quer dizer o quê? Que estás on-line com outros fumadores?”2. Tínhamos acabado de jantar e enquanto os outros se iam irritando com a demora das contas eu ia puxando umas fumaças no meu cigarro electrónico. M olha-me com ar de raiva carinhosa. Lá estás tu com esse cigarro a fazer inveja ao pessoal, não é? Vapor de água, sem cheiro e tal e coisa, não é?Acentua-se o meu sorriso provocador e o M remata Pois fica sabendo que pareces uma chaleira!AL
Nos blogs
por jpt, em 27.05.12
Retratos da Crise é um excelente texto no sempre excelente BLOG A Barriga de um Arquitecto: um diagnóstico a partir de Espanha mas em muito ultrapassando esse contexto.
Um tribunal português obriga a que se apaguem comentários colocados no BLOGPrecários Inflexíveis. Não conheço o BLOG, fui "lá" agora pela primeira vez COPIARo url. Não sei o que está nos comentários (se calhar anónimos, a bubónica dobloguismo). Mas se estivesse aqui sozinho diria: "copiem-nos e transcrevam-nos aqui". Ou seja, e é uma questão que de quando em vez aqui aflorei, qual é a tutela de um tribunal nacional sobre um blog? Qual a territorialidade deste, qual o enquadramento jurídico? Sendo o ma-schamba escrito, maioritariamente, em Moçambique como poderia um tribunal português intervir? Tem a ver com o registo, o alojamento? Mude-se, para aí para o Cambodja ... E depois, que faria o senhor doutor juiz? Um bocadinho de arrogância jurídica? De inércia jurídica? É o que me parece ..., apesar da minha ignorância sobre o assunto.
Mais gosto pela inveja do que pela liberdade, certeiro sobre as relações do "complexo político" com a liberdade (de imprensa) em PORTUGAL.
O Herdeiro de Aécio é um blog sempre interessante, um sortido surpreendente, cheio de curiosidades históricas. Este Indra Lal Roy - o herói retocado é uma breve pérola.
Malomil é um blog delicioso. Para quem gosta de livros. E não só.
jpt
Gonçalo Ribeiro Telles
por jpt, em 27.05.12
No passado 25 de Maio fez 90 anos Gonçalo Ribeiro Telles, o homem em quem MAISvezes votei apesar de líder do partido monárquico e de eu ser fundamentalista republicano. Data redonda que serve para homenagear um dos grandes (raros?) portugueses na minha vida.
E o primeiro excerto de uma intervenção mais longa, muito interessante apesar de má qualidade na produção. As ligações para os excertos seguintes encontram-se no próprioFILME (esquecer a assustadora introdução do produtor, monótona e óbvio dislate de quem desconhece o tom necessário ao audiovisual de hoje):
jpt
A Camargo Corrêa contrata em Portugal ...
por jpt, em 26.05.12
Já passou MAIS de uma SEMANA desde o início do "affaire Relvas". O ministro já respondeu às perguntas, já falou à imprensa, com toda a certeza já se reuniu com os seus pares. Ainda não reagiu à letal acusação que lhe fizeram, a de que ameaçou botar publicamente dados privados de uma jornalista. Não vale a pena estar com GRANDES, e até pomposos, "j'accuse". Nem invocar histórias de "secretas" ou lembrar o acontecido com Pedro Rosa Mendes. Pois o que se passou é MAIS do que suficiente:
Relvas não tem lugar. Cada dia a mais é um prego no caixão do governo.
Querem governar? É preciso que governem? Demitam-no. Hesitam? Convém lembrar que a panóplia de interesses privados (e esconsos) que todos, ou quase-todos, afirmam que Relvas representa, preferirá gente mais apresentável para os lobizar. O homem está, nitidamente, FORA de prazo.
Solução? Simples, a Camargo Corrêa. Les beaux esprits se rencontrent ...
jpt
O futuro imediato do Sporting
por jpt, em 26.05.12
No nosso BLOG sportinguista És a Nossa Fé! deixei dois breves apontamentos sobre o futuro imediato do SPORTING: este e mais este.
jpt
Frouxo
por jpt, em 25.05.12
[Quadro intitulado "The Spear" por Brett Murray]
Não sei quem é Brett Murray e até há meia dúzia de dias nunca tinha ouvido falar dele. Tal COMO provavelmente 99% dos sul-africanos nunca teriam ouvido falar dele, não tivesse ele feito o que fez. Pintor sul-africano medíocre e didáctico, como já li algures e que aparentemente não tem deixado grande marca nas Artes, catapultou-se como celebridade internacional no dia em que resolveu pintar um quadro (colagem?) com a famosa pose de Lenine, a cabeça de ZUMA e um pénis flácido vá-se-lá-saber-de-quem.Jacob Zuma, o presidente sul-africano que passou incólume num processo de corrupção; que inocentou num julgamento de violação de uma seropositiva (filha de camarada morto e sob a protecção dele, Zuma) só porque a intimidação e a coerção social, moral e hierárquica não eram ainda equiparadas à violência física em casos de violação; que, depois de ter sido durante anos presidente da comissão de combate de luta contra a SIDA, afirmou publicamente não ter medo de ficar seropositivo, pois teria tomado um duche depois de violar a protegida; que não se envergonhou nem humilhou com a chacota internacional de que foi alvo na altura; que não se envergonhou nem humilhou isto ...
[CARTOON de Zapiro]
... nem com isto ...
[CARTOON de Zapiro]
... que não se envergonha nem se humilha com a sua incapacidade para abordar os imensos problemas sociais e de saúde do país que preside, sentiu-se finalmente humilhado com um pénis flácido pintado por um pintor (quase) desconhecido. Aleluia! Isto sim que é saber estabelecer prioridades.Eu, se fosse Brett Murray, estaria agora a dar pulos de contente com tanta publicidade grátis, por tão rapidamente e com tão pouco esforço ver a minha obra projectada internacionalmente e debatida nos principais meios de comunicação. Se fosse do ANC estaria a esfregar as mãos de contente – enquanto se agita a opinião pública não se pensa no que não se resolve. Se fosse ZUMA estaria feliz com a solidariedade bacoca que em minha volta se gerou (ah grande Chefe!) e pela onda de apoio a um maior controle da liberdade de expressão (que belo oximoro!). Sendo eu mais bolos, tenho-me divertido à brava com os hilariantes cartoons da Madam & Eve sobre o assunto.
Perante tanta indignação presidencial subsiste-me no entanto uma dúvida: mas afinal “aquilo” é mesmo o dele?
AL
Uma década, hoje mesmo
por jpt, em 25.05.12
Há anos, um dia, deixei-a aqui, era então assim. A fotografia é uma memória. Agora, os anos passados, hoje mesmo, também dito "dia de África" e "dia da Argentina", é dia de prata na nossa família, a princesa cumpre uma década. Dez anos de VIDA. Menina, já.
jpt
Aos que me pedem ajuda/informações para imigrar
por jpt, em 25.05.12
Abro as mensagens do facebook. Tenho 5 PEDIDOS de informações sobre o "estado da arte" em Moçambique, pedem-me conselhos sobre possibilidades de trabalho em determinadas áreas, enquadramentos jurídicos, enquadramento de modos e níveis de vida. Duas pessoas pedem-me ajuda MAIS explícita, que lhes arranje CASA. Não conheço nenhuma delas, são ligações estabelecidas em torno do grupo ma-schamba - que me parece estar a desiludir muito gente, pois não providencia informações, para além das do meu ensimesmamento e de raras incursões dos companheiros (ainda mais ensimesmados? ou totalmente entimesmados?).
Já por duas vezes aqui referi a aridez do que posso dizer (ou fazer) a quem quer imigrar. Sei que é antipático, as pessoas cobram o que acham ser falta de interesse ou solidariedade. Não me passa pela cabeça menosprezar quem precisa de ajuda para trabalhar. Mas não vou estar com rodeios, pouco tenho a adiantar. E não vou interromper o meu vácuo para procurar casa ou informações para um colectivo, crescente.
Aos patrícios que querem imigrar. Boa SORTE. Coração ao alto. Para mais informações gerais vejam este artigo recente no jornal "i". Oito opiniões de portugueses residentes, escolhidos entre a burguesia e os funcionários públicos (muito pobres os critérios da jornalista Isabel Tavares), a maioria dos quais conheço (conheço 5 dos 8 entrevistados). Opiniões diferentes, algumas das quais até surpreendentes - um tipo que diz que pagou à polícia "mas que tem tudo em ordem", só para não ficar retido é um caso, radical, de autismo. Um tipo que diz que Maputo em 1997 "era um inferno", enfim, merece quando morrer ir para o purgatório. Mas os caminhantes que leiam as opiniões, já podem imaginar um quadro geral.
O que tenho a dizer? O meu único luxo actual é o Peter Stuyvesant azul, 75 meticais (2 euros). Já tentei o Pall MALL, o velho Palmar (35 meticais, 1 euro) mas provoca-me enxaqueca. Sei que há que não acredite, a maioria proveniente de um grupo sociologicamente confinado e que de quando em vez, nestes oito anos de bloguismo, me surgem a resmungar: os que partiram há décadas e que continuam a ilegitimar a história, em particular nós, malandros, que estamos onde eles não estão. Para eles um tipo que aqui está está a enriquecer. Quem me dera. Mas não, o nível de vida está cada vez mais baixo, a tornar-se difícil. Falo da burguesia. Da dieta europeia.
E uma coisa podem APRENDER comigo. Aprendam a comer folhas. Nhangana, "ma-couve" (e este nome é cá de casa, deve ter outro), cacana, mboa, matapa. Usem farinha de milho. Moelas, cabrito. Não é preciso comer trinca (o arroz mau), que é o que o povo está agora condenado a comer. Ou seja, seja-se emigrante em Moçambique como se fosse noutra "frança" qualquer. Pois assentar praça em general é coisa de expatriado. Sei bem do que falo, também o fui.
jpt
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