Além disso, em 40 estados terão lugar 140 referendos sobre os assuntos “candentes”: desde o consumo de marijuana à introdução de impostos sobre os soft drinks para evitar a intoxicação de crianças. Tais escrutínios se realizam no país de dois em dois anos.
A maior consulta popular, segundo reconhecem os meios de comunicação social republicanos e democráticos, diz respeito ao próprio Barack Obama. Será eleito o Congresso, mas as “notas” serão dadas ao presidente. Pelo visto, esta ser á uma prova difícil para ele.
Conforme as previsões do Serviço Gallup e avaliações de politólogos e jornalistas, Obama poderá, depois de 4 de novembro, perder o resto do controle que tem tido sobre o Congresso. Na câmara baixa (435 assentos), os republicanos tinham a maioria de assentos parlamentares (35) com duas vagas. No Senado (100 assentos), os democratas têm 53 mandatos contra 45 pertencentes aos republicanos e mais dois senadores sem partido. Após o dia 4 de novembro, os republicanos poderão obter, na câmara baixa, a maioria de 60 deputados e no Senado – 52 senadores contra 45 democratas. Resumindo, se poder á dizer “ adeus ” ao Congresso democrático.
O mais surpreendente é que a antipatia em relação a Obama alcançou já tais proporções que os PR gerentes da Casa Branca não recomendam que o presidente se manifeste em apoio de uns ou outros candidatos. Receiam que a “infecção de repúdio” se transmita aos pretendentes aos assentos parlamentares no Congresso. Acontece algo semelhante ao um “ebola político”.
Normalmente, as eleições para o Congresso se associam mais aos problemas internos, sem olhar para as crises externas. Mas estas eleições são bem diferentes. Desta vez, ao Obama serão atribuídos “pontos” pela sua política externa. “A administração presidencial está vagabundeando de uma crise para a outra – a Europa está à beira de uma nova Guerra Fria, no Médio Oriente está cometendo violências o Estado Islâmico (EI), a África está assolada pelo ebola”, escreve o periódico Washington Post, lamentando que, perante esses desafios, o governo norte-americano não tenha seguido uma linha estratégica de longo prazo. "Tudo isso vem colocando a questão sobre a capacidade do presidente e de sua equipe de reagirem, de forma adequada, às crises indicadas e verem muito mais longe dos problemas atuais pendentes".
Em comparação com Bush, Obama tem certas vantagens. Melhor dizendo, tinha, pelo que o Obama de hoje é bem diferente de o Obama no ano de 2008, considera o professor catedrático a Universidade de Boston, Andrew Bacevich:
“Quando elegíamos Obama em 2008, pensávamos que, na política externa, ele merecia a nota mais alta. No ano da tomada de posse ele foi galardoado com o Prêmio Nobel de Paz. Hoje, ele não merece a nota ótima. Na melhor das hipóteses, merece uma nota satisfatória.
A segunda metade do mandato presidencial tem sido sempre um período difícil quando se torna evidente que as promessas anteriores quase não tinham sido cumpridas. Segundo as últimas sondagens, o nível de apoio presidencial caiu para 41,5%. Um indicador pior, igual a 39%, tinha apenas George W. Bush, júnior.
Ninguém se lembra da altíssima taxa de popularidade de Obama (83-89%) antes das presidenciais de 2008 Ninguém hoje veste camisolas com o retrato do Prêmio Nobel e a palavra “esperança” em baixo. Para os meados do segundo mandato, os “irmãos afro-americanos” já não têm certeza absoluta que Obama é tão “negro” como devia ser, os ecologistas duvidam de ele ser “verde”, para os racistas ele é “mais escuro do que a escuridão”, para os radicais da ultra-direita ele é “muçulmano, socialista e semi-americano” e para os elementos de ultra-esquerda ele é “conservador e renegado”.
Em resumo, Obama tem pouca sorte com seus compatriotas. Eles costumam, depois de “presidentes maus” (como era, aliás, George Bush), elevar bem alto a fasquia para os líderes seguintes. Por vezes, colocam-na tão alto, como se para a Casa Branca devesse chegar não um político, mas sim um navio cheio de tesouro.
A “amputação” do Congresso, em princípio, não é uma “operação” fatal. A história conhece casos análogos durante a presidência de Dwight Eisenhower, Ronald Reagan e George Bush júnior. Em primeiro lugar, mesmo possuindo a maioria, os republicanos não poderão “quebrar” o direito de veto presidencial – para tal serão necessários dois terços de votos, o que hoje é lhes impossível fazer. Em segundo lugar, como já foi sob Reagan e sob Clinton, os presidentes que ficam na “minoria” obtêm uma excelente oportunidade de atribuir ao Congresso a culpa por todos os males. Dizem assim: queríamos muito cumprir isto ou aquilo, mas foi o Congresso que não nos deixou cumprir nossos planos relativos à aprovação de uma emenda, de um candidato, projeto-lei, apoio popular, etc. Tal mecanismo funciona sem falhas. Mas com tal presidente, o Partido Democrático dos EUA nunca poderá ganhar as presidências.
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