domingo, 7 de setembro de 2014

A mudança de Nyusi

A Mudança de Nyusi
Em Mazucane, aldeia onde nasci, os jovens da geração que imediatamente me precedeu tinham o seu próprio ethos. Isto é, era possível encontrar naquela geração uma espécie de síntese dos seus costumes específicos, ou traços característicos que a diferenciaram da geração dos meus pais e vieram a diferencia-la da minha própria geração.
No modo de ser e no caráter da geração que me precedeu lá, na minha aldeia, a medida de sucesso era fazer a 4ª classe, rumar para as minas da África do Sul e assumir funções que estivessem acima do simples “Mulaitche”. Mulaitche é aquele mineiro que, de pá, ou de picareta em punho, desce às profundezas da mina para extrair o ambicionado e desejado ouro.
É importante dizer que, no tempo do meu avô, o facto de ir às minas, mesmo que fosse para ser “Mulaitche”, já representava um factor de progressão social, tendo em conta o sistema laboral codificado pelos primeiros gestores coloniais portugueses, que raiava à escravatura. Nas minas, como “Mulaitches”, os contemporâneos do meu avô visionaram oportunidades únicas de melhorarem as suas vidas, comprar mais gado e lobolar mais esposas. Todavia, com a mudança de contextos, novas perspetivas se abriram. Sabendo ler e escrever com alguma proficiência, os jovens da geração que precedeu à minha tinham ambições de serem “team leaders” (que lá na minha aldeia se pronunciava “timu lida”), instrutores de “skrumayela”, (como se pronunciava em Mazucane) querendo significar “School Mine”, ou outras posições superiores.
A pretensão da geração que me precedeu representava uma evolução em relação à geração dos meus pais. Representava uma MUDANÇA e a perspetiva de uma vida melhor, lá nas minas, e na aldeia quando regressassem com carros, aparelhagens sonoras “Haia definition”, a pilhas, (leia-se high definition) e dinheiro para construir casas de alvenaria. Era MUDANÇA, mas não era ruptura. As duas gerações que me precederam continuaram a ter pontos e pontes de intercessão, uma se inspirando na outra. Uma continuando a transmitir os valores que diferenciavam a comunidade de Mazucane de outras.
A minha geração se diferenciou das outras num aspecto. Ir a África do Sul não era, por si só, uma medida de sucesso. Ou não era a única. Tendo nascido no fragor da luta de libertação nacional, com o discurso de oportunidades iguais que os colonos iam sendo forçados a, timidamente, adoptar, a minha geração beneficiou de amplas e novas oportunidades para a progressão social, sem ter necessariamente de emigrar para as minas. Muitos, da minha geração, nascidos na aldeia de Mazucane, tornaram-se contabilistas, comandantes de polícia, directores de bancos, juristas, empresários, despachantes, economistas... até ministros! Era uma mudança. Mas, de novo, não houve ruptura com os valores de que nos nutrimos na infância e na primeira juventude.
Hoje, os meu filhos, bisnetos ou trinetos da primeira geração de mazucanenses que foram às minas, educa-se para competir à escala global. Nunca perdendo as referências da aldeia de Mazucane dos seus avoengos, eles aprendem a chamar casa, a chamar aldeia, ao mundo todo. Que grande MUDANÇA! Que desafios mais exaltantes, de que não se podia sonhar a uns meros 40 anos atrás.
Filipe Nyusi, o candidato da FRELIMO, trouxe um interessante mote eleitoral: CONFIANÇA, MUDANÇA, DESENVOLVIMENTO. Alguns distraídos apressaram-se a ver neste lema um ruptura radical com as referências programáticas de que ele se nutriu ao longo da sua vida. Nascido praticamente quando o Planalto de Mueda já era um caldeirão das ideias emancipalistas, Filipe Nyusi é um filho da FRELIMO. E ele sabe que este é um Partido de Mudanças. A FRELIMO é o movimento político que liderou todas as mudanças fundamentais que marcaram Moçambique no último meio século.
Foi a FRELIMO que provocou uma mudança qualitativa nas formas de luta do povo moçambicano contra o colonialismo. Das reivindicações desgarradas, das greves localizadas, das lamentações que poderiam ser encontradas no cancioneiro popular do Rovuma ao Maputo, a FRELIMO liderou uma MUDANÇA de paradigmas na forma como o colonialismo português deveria ser enfrentado. Estruturou novas formas de luta, incluindo a via armada, que levaram ao derrube do sistema colonial 12 anos depois da sua fundação.
A FRELIMO foi o motor das mudanças que ocorreram na sociedade moçambicana, sinalizando que as oportunidades estavam abertas para todos. Nestes 40 anos de independência, duma sociedade eminentemente camponesa a atrasadíssima, emergiram médicos, engenheiros, operários, professores secundários e universitários, investigadores, agrónomos, enfermeiros, extensionistas agrários, veterinários... Todas estas MUDANÇAS ocorreram em menos de 40 anos!
Sem querer esgotar a lista de Mudanças, posso ainda dizer que foi a FRELIMO que promoveu e “pionerou” a participação democrática, de mulheres e homens, na vida política nacional. As decisões, no seio da FRELIMO e, particularmente, nas zonas libertadas eram tomadas após prolongadas discussões e procura de consensos.
Quando há alguns anos atrás, o Partido de Nyusi lançou o slogan “FRELIMO, a Força da Mudança” era a tudo isto que se queria referir. Era uma proclamação e uma afirmação da sua vocação intrínseca para a transformação permanente e positiva da sociedade moçambicana. Era o assumir de que pretende continuar a ser o factor de Mudança (veja-se que eu não disse “um factor”, mas sim “o factor”).
As perspetivas, oportunidades, sonhos, desafios em que Filipe Nyusi irá exercer o seu elevado magistério são diferentes daqueles em que Mondlane, Samora, Chissano e Guebuza exerceram os seus. Seria pois ingenuidade supor que ele iria exercer o seu mandato com os mesmos instrumentos e as mesmas fórmulas usadas pelos seus eminentes predecessores.
As sucessivas gerações de nativos de Mazucane conhecem o sentido da palavra MUDANÇA. Eles a viveram ao longo do seu percurso. Com todas as mudanças que tiveram, aquelas gerações todas não perderam o seu chão, as suas referências, a missão e visão comuns. E Moçambique é constituído por vários Mazucanes. E todos esses Mazucanes sabem que Nyusi continuará a inspirar-se no nosso percurso comum, iniciado há várias gerações atrás.
  • Jose Carlos Jornal Mbebe Confiança, Mudança e Desenvolvimento.
  • Elidio Cuco Eu penso que tal como no periodo eleitoral nos EUA o candidato a sucessao de George W. Bush, ja com a imagem desgastada, principalmente pela ma conducao da sua politica externa contra o Iraque, o candidato do seu partido para a sua sucessao criou um discurso que se distanciava dele, trazendo a ideia da mudanca. ora, analisando politicamente o discurso de mudanca, perante o evidente desgaste da imagem do nosso Chefe do Estado, eh natural e compreensivel a racionalidade politica de mudanca no discurso do actual candidato. Mudar o queh? Nao sera mudar para tudo ficar na mesma se eh nesta logica que S. Excia coloca? Penso que o discurso de mudanca pode revelar a necessidade de estruturar melhor o conceito de Estado e sua funcionalidade para o contexto vigente caracterizado pela exclusao social, alta partidarizacao do Estado e disfuncionalidade das instituicoes democraticas.
  • Herminia Manhica Bem vindo a mudança....
  • Hélder Bata E assim vamos a caminho da vitoria sem medo das mudancas que nos fortalessem.
  • Raúl Salomão Jamisse Bem colocado o trecho agora vou moendo para saber mesmo em quem votar senão troco gato por lebre
  • Carlos Jonaasse O homem por natueza eh um ser de Mudancas e Transformacoes,por conseguinte,as mudancas devem marcar o nosso quotdiano.
  • Lurcélio Tomás Manuel Raúl Salomão Jamisse Moçambique confia em Nyusi e você é de Moçambique. Não há dúvida.
  • Ussene Aboo bonito testo ficamos a saber da uque quer dizer Mudanca
  • Famindo Lamina Concordo bem consigo Raul, mexmo eu xtou ficando confuso, ora vejamos : ora continuidade do ideias do W,X, Y, Z; ora Mudança. Se são da mesma panela somente diferença de pessoas vais mudar o quê? Ciente q teve lugar várias homenagens alusivas a boa governação, agora pergunto pq não apostar na continuidade???? Então creio q a muito q falhou... Prontox nada disse, é um pouco de tudo q tenho meditado para melhor saber a quem oferecer meu voto. Até então partido já só me falta para presidente.
  • Notiço Henrique Boa exposição Dr. #Muthisse. Bom remate #Cuco. Que a propalada e lunática mudança não seja só p/ iludir o eleitorado e distanciar o candidato do triste espectáculo exibido pelo nosso PR desde os primeiros anos da sua entrada. Queremos mudanças, mudanças nos actos porque no papel e no discurso Moçambique é o mais inclusivo, tolerante etc mas no terreno olham-se as cores partidárias (e eu que não simpatizo com nenhum deles). Independentemente de quem vá à ponta-vermelha, queremos mudanças efectivas perceptíveis e palpáveis, QUEREMOS MUDANÇAS QUE, NO DIA A DIA, SE REFLICTAM NO PRATO DO MAIS PACATO CIDADÃO EM MAZUCANE, INHAMPOSSA etc. Abraços à PAZ, à diferença e à dita cuja mudança.
  • Silvestre Joaquim E' uma questao de profundidade reflexiva, e perceber que a continiedade e a mudanca coabitam e confluem juntos para melhoria da vida dos mocambicanos.

    Sob ponto de vista da logica conceptual, nao ha contradicao muito menos contrariedade, o paradigma d
    a complexidade que governa a visao hodierna das C.sociais preve a convivencia entre o uno e o multiplo, a particularidade vs a universalidade, que a prior parece contraditorio, somos unus enquanto mocambicanos e multiplos enquanto machanganas, marongas, macondes.

    De tal forma que temos continuedade quanto aos principios que tem guiado o partido ate hoje, e mudanca quanto a melhoria da qualidade de vida dos mocambicanos que e' emanente oas olhos de qualquer um.
  • Hermes Sueia Viva a PAZ........venham as mudanças num ambiente de PAZ, capacidade permanente de diálogo e de respeito pela diversidade que nos une. Afinal, esta nacional bandeira tão duramente conquistada ao longo de lutas seculares cobre a todos por IGUAL.
  • Hermes Sueia O meio rural agradece......Gorongosa poderá voltar à sua condição de celeiro de Sofala. Os camponeses poderão voltar às suas enxadas enquanto esperam pela tão prometida mecanização agrícola. A música dos pássaros na floresta terá outro sabor.
  • Hermes Sueia A lógica da mudança impõe sempre algum tipo de ruptura dentro da continuidade, para que se atinjam outros estágios de desenvolvimento. A matriz estruturante, essa, já lá está.
  • Hermes Sueia Actores locais mais fortalecidos, equipados e esclarecidos, donos do seu próprio destino, verão as suas oportunidades alargadas e verão aumentar a sua fatia do bolo económico que todos confecionamos. A terra fértil está lá (sempre esteve), clamando por ser trabalhada de forma não mediaval (afinal estamos no século XXI) para que o repolho de Quelimane não venha do Malawi, e o tomate e a batata reno de Maputo venham da Moamba.
  • Elidio Cuco O discurso de mudanca pode ganhar forca se for construido nao apenas para uma dimensao indogino mas sim do Estado, isso pode seguificar vontade de resolver os grandes problemas da actual governacao.,fora disso, politicamente e racionalimente falando este discuso nao tem forca.
  • Paulino Manhique Confiemos na mudanca
  • Patricio Manjate De um ou doutro modo eu penso que o elemento mudança embora esteja sempre presente face a espécie de cordão umbilical que une os membros da Frelimo, convenhamos que face às críticas negativas as vezes infundadas ao actual PR que se estendeu para o GLORIOSO partido, havia uma necessidade de levar ao de cima o elemento MUDANÇA como forma de calar e amputar todas aquelas profecias que indicavam para a candidatura de #Nyusi como mero simbolismo porque realmente quem continuaria a mandar seria o actual PR.

    #EuConfioEmTiNyussi
    16 hrs · Like · 2
  • Antonio Mupendo Para mim nao devia se usar palavra MUDANÇA mas sim continuidade, so quando for um da oposição é que será mundança, parem de nos usarem senhores. tiveram tanta teimosia caso muchungue acabaram aceitando depois de morrer tantas pessoas.
    12 hrs · Edited · Like · 2
  • Gabriel Muthisse Essa é a sua opinião, senhor Antonio Mupendo, que felizmente nao é acolhida na FRELIMO.
    12 hrs · Like · 2
  • Antonio Mupendo Concordo e respeito mas a FRELI devia ouvir o povo, principalmente neste ultimos dois mandatos as coisas nao correram bem, tem que se dizer isso porque a freli é povo como se dizia quando crescia ate tinha uma canção que dizia isso.
    12 hrs · Like · 1
  • Aida Halafo Frelimo HOYEEEEEEE!
    12 hrs · Like · 2
  • Emerson Manuel Chembene Excelente ensinamento.. Sem palavras
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  • Lisalisete Cumbe Isso, camada Mutisse, a frelimo é a força da mudança, eu nasci na frelimo e vou morrer na frelimo.
    9 hrs · Like · 1
  • Camy Mahungane E por isso que sempre serei da frelimo pk a mudanca vem de mto longe e tb a historia a frelimo e o gala dela viva frelimo,viva Nhussy
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  • Daniel Andicene Cada um deve dar a sua opiniao mas nao criticar o k outro disse. Cda Mupengo, assina por baixo das palavras do Cda G. Muthisse pork na verdade, e' opiniao dele. Qualker duvidas, liguem pra mim... Andicene em Chimoio
    8 hrs · Like · 1
  • Jerónimo Jeremias Wa lê Kaya
    8 hrs · Like · 1
  • Antonio Mupendo Afinal de contas estamos n país democrático, onde pode se criticar quando as coisas achas que não estão bem e eloggiar quando estiver bem, principalmente quando o caso é da nação.
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  • Gabriel Muthisse António Antonio Mupendo, eu acho k nao devia ser problema perder o cartao de desmobilizacao. Certamente k pertencia a uma brigada, a um batalhao, a uma companhia, a uma unidade. Julgo que ha registos. Ja pediu segunda via?
    3 hrs · Like · 1

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