quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Israel: um colonialismo não reconhecido - Notícias - Internacional - Voz da Rússia

Israel, Palestina, Gaza, guerra

Desde pequena que ouço falar numa mesma guerra. Ainda não tínhamos televisão em casa e já se falava de mortes em Israel e na Palestina. Talvez por isso, pela sua constante repetição ano após ano, década após década, passei a ser insensível a essa guerra, passei a encará-la como um terremoto que se repete inexoravelmente em terras longínquas, com as quais não temos nenhuma relação.

O “terremoto” hoje entra-nos mais uma vez pela casa, mas agora ao vivo e a cores, na sua pujante brutalidade e injustiça.
Se não tivesse ido tentar saber como tudo começou, talvez achasse que a selvajaria e a desumanidade eram perfeitamente iguais tanto do lado dos sionistas de extrema-direita de Israel, como do lado dos terroristas do Hamas.
Breve nota sobre o passado:
Em 1947, a ONU, motivada em muito pela culpa europeia das anteriores perseguições dos judeus, aprovou um plano de partilha da Palestina, onde até aí a maioria da população era árabe, em que atribuía 54% do território à comunidade judaica e o restante aos palestinos. Já no fim de 1948, as forças armadas israelitas aproveitaram para ocupar mais terras e expulsar centenas de milhares de palestinos. Os que tentaram regressar às suas casas foram impedidos, bem como os seus descendentes. Os seus bens imóveis foram considerados “abandonados” e distribuídos pelos judeus, através da Lei dos Bens Ausentes, de 1950. Foram aprovadas muitas outras leis que proibiam a venda ou transferência de terras para os palestinos.
Deste modo, Israel passou a ter 78% do território. Em 1967, viria a ocupar os 22% restantes. Desta forma, grande parte dos palestinos de Gaza é composta por refugiados, pessoas expulsas das suas casas ou descendentes dos que foram expulsos em 1948.
Desde o início Israel se formou como um Estado judeu de maioria judia. É para manter essa maioria étnica que o governo ocupa os territórios e limita os movimentos dos palestinos. Se aceitasse todos os habitantes de Gaza e da Cisjordânia como seus cidadãos e se lhes concedesse todos os direitos (o que verdadeiramente deveria ter feito desde o início) o Estado judeu ficaria em perigo, já que a sua população deixaria de ser maioritária. Para controlar a população palestina, Israel limita as suas deslocações, pratica detenções e prisões arbitrárias.
O presente
A verdade é que o Estado de Israel, embora possua uma democracia parlamentar, pratica a segregação étnica legalizada, ou seja, o apartheid, regendo-se pela lei do ”olho por olho, dente por dente”. Trata-se de um país colonizador, com colônias que sujeita regularmente a ataques militares, como o que estamos presenciando agora em Gaza. Por muito menos exigiu a ONU o fim dos colonialismos europeus, incluindo o português. Refira-se que Israel, desde a sua criação como Estado, violou a maior parte das decisões da ONU referentes ao seu território.
Seremos antissemitas por criticar o governo de Israel? Não, porque criticamos o governo e não o povo. Sabemos que são muitos os judeus que também condenam esta política vergonhosa. Condenar o colonialismo de Israel significa defender os islamitas do Hamas? Não.
Este último não deixa de ser um movimento terrorista que dispara foguetes contra alvos indiscriminados e envia terroristas suicidas. Devemos apenas responder às questões: Quem criou o Hamas? Por que surgem na Palestina movimentos radicais? Creio que a própria história se encarrega de nos responder. Sim, os islamitas de Gaza contam com o apoio de países árabes autocráticos da região. Para estes países (e também para o braço armado do Hamas) talvez convenha que o conflito se mantenha latente.
Se o Hamas dispara foguetes contra o território do que eles consideram país ocupante, também é verdade que Israel possui um escudo antiaéreo que impede a maioria dos projéteis disparados de atingir os alvos. Israel tem um dos sistemas científicos mais sofisticados e militarizados do mundo. É por isso que, desde o início desta operação militar há poucos dias, já morreram mais de 800 palestinos (na esmagadora maioria civis) e apenas dois civis israelenses e 34 militares.
O desequilíbrio de forças não tem apenas a ver com as capacidades militares. Israel constitui, atualmente, um país colonizador e, tal como os vários poderes coloniais ao longo dos séculos passados, conta com a cooperação internacional, disfarçada de apatia diplomática e de apoio econômico tácito.
Essa cooperação internacional tem nomes conhecidos. O seu principal motor é o lobby da indústria militar norte-americana e a imprensa dos EUA, a maior parte da qual é cegamente pró-Israel, por razões conhecidas. Este último fato explica por que motivo a maioria dos americanos - 57 por cento - acredita que as ações militares de Israel em Gaza são justificadas, e apenas quatro em 10 diz que Israel usa força excessiva. Numa imprensa favorável a certos grupos étnicos ou econômicos, a maior parte das pessoas não irá pesquisar e conhecer a verdade histórica tal como ela ocorreu, limitando-se à versão mainstream.
Um jornalista israelense, Chemi Shalev, escreve no Haaretz: “Desviar o olhar e deslegitimar o sofrimento dos palestinos é uma parte importante do processo. Muitos israelitas e simpatizantes desta incursão não só estão convencidos de que a dor e a destruição em Gaza são restritas e totalmente justificadas, como até consideram que todas as imagens do sofrimento palestino são propaganda inimiga e equivalente a uma traição do povo judeu (tal como Jon Stewart descobriu nos últimos dias).”
Na Europa, a opinião pública é bem mais crítica em relação a esta guerra que está semeando a morte e a destruição numa escala jamais vista.
Há quem diga que Israel precisa sobreviver e se defender por se encontrar num meio árabe adverso. Isso também é, em parte, compreensível, embora não justifique o que está acontecendo. Tal como uma pessoa doente e em perigo, ela agarra-se àquilo que possa salvá-la. Não se lembra que toda a vida cometeu excessos que levaram a essa doença.
No meio de tanto desespero e tantas lágrimas, no meio de tanto medo, creio que, mesmo assim, para Israel pode ainda não ser tarde para mudar a forma de viver, salvar a vida e ficar finalmente em paz com os seus vizinhos.
Os fatos citados e as opiniões expressas são de responsabilidade da autora
  • #Ricardo CruzRicardo Cruz29 Julho, 17:12
    Caso a Rússia não tivesse erros políticos recentes, neste novo momento do país, já teria entrado de uma forma mais efetiva no conflito entre Israel e Palestina, especialmente na faixa de gaza A omissão histórica principalmente da Inglaterra depois da segunda guerra mundial, faz com que este conflito cada vez mais desigual esteja no ponto em que está!!
  • #DitoDito29 Julho, 17:17
    Texto equilibrado e verdadeiro! Vou compartilhar nas redes sociais...
  • #Moisheleh MoisheMoisheleh Moishe29 Julho, 19:58
    O último estado a ocupar aquelas terras foi o Império Otomano, perdeu as terras para a Inglaterra que por sua vez cedeu ao povo judeu! Em 1947 fomos atacados pelo Iraque, Jordânia, Síria, Líbano, Egito e Palestina, por estarmos em guerra, não permitimos que o inimigo entrasse em nosso território. Muitos palestinos ficaram em Israel, são cidadãos israelenses, com os mesmos direitos dos judeus e cristãos...alguns são voluntários na IDF, têm seu próprio partido político com representantes no Knesset (parlamento israelense) e vivem muito bem em Israel, única democracia da região! Não somos inimigos do povo palestino, nossos inimigos são o Hamas e demais grupos terroristas que atuam na região. Ou terroristas são apenas os que são contra a Rússia, como os chechenos por exemplo?
  • #Ricardo Socorro Nyara DaraRicardo Socorro Nyara Dara30 Julho, 03:38
    Mas o fato da existência de terroristas, tal como o Hamas, não da direito a Israel dizimar todo o povo palestino! O que o povo não aceita é a desproporcionalidade dos atos de Israel contra o povo palestino!
  • #Rogério Barros MacêdoRogério Barros Macêdo30 Julho, 04:50
    muitas crianças mortas na conta de Israel
  • #Renato Taira ImagawaRenato Taira Imagawa30 Julho, 05:29
    Resumindo: Se israel nao tivesse invadido os outros 58% paletinos nao existiria HAMAS. Quem eh o vilao da historia?
  • #AluizioAluizio30 Julho, 07:22
    Infelizmente a autora de forma tendenciosa ignora a ação de diversos países quanto a imigração, destacando Israel como se fosse o único a fazê-lo! Israel não expulsou os árabes, eles saíram por uma campanha do auto comando árabe e deveriam retornar quando Israel fosse derrotado! As terras foram conquistadas não estão sendo colonizadas! Se tivesse Israel perdido, o que agradaria a muitos, não estaríamos aqui discutindo isso!
  • #israel jose moraes araujoisrael jose moraes araujo30 Julho, 18:55
    Texto favorável aos ditos palestinos,que segundo a autora recai toda a problemática da região para o estado de Israel.Ela se perde em suas parcialidades e preferências. Fácil é dizer,o difícil é resolver.Os tais palestinos se comportam como se fossem os donos da terra,como eles tivessem criado a Terra e ninguém mais tem direito. Israel vive naquela terra há muito tempo, bem antes deles,bem como tem o direito de se defender.Os terroristas não reconhecem a existência de Israel e querem, simplesmente, a sua destruição. Eles tem que arcar com as consequências de seus atos maldosos.
  • #gilsongilson30 Julho, 19:41
    o texto nao é verdadeiro, olha a questao de uma perspectiva. De chacoalhar a cabeca é de novo a argumentacao de que Israel possui o Iron Dome. Possue porque precisou cria-lo se nao já se sabe o que aconteceria. Foi uma reacao diante dos ataques do Hamas e do Hisbullah do Líbano. Criar um muro separando a faixa de Gaza também foi uma reacao aos atentados suicidas contra Restaurantes e onibus lotados de mulheres e criancas, Engracado que ninguém lembra disto né? No mais Israel nao vai devolver terras e porque nao? Primeiro por que Israel CRE de acordo como os textos Bíblicos que Deus lhes deu esta terra por heranca. Segundo , que o Hamas e Hisbullah já disseram que JAMAIS reconhecerao Israel. Ceder terra , como as colinas do Gola por exemplo, também é ceder espaco para ataques. A autora diz que no fim de 1948 Israel aproveitou para ocupar mais terras do que as condedidas pela ONU. APROVEITOU o que? ela nao diz, mas eu digo... Aproveitou o ataque de 6 nacoes Árabes bem armadas contra o recém nascido país. O resultado foi inusitado... Israel ganhou. 1 contra 6. Como? Porque de fato Deus protege aquela terra. Os Árabes jamais entenderao esta realidade, o mundo inteiro também jamais entederá. em 1967 diz ela, Israel ocupou mais 22%. Ela de novo nao diz que foi resultado de uma guerra iniciada pelos Árabes. Fato é que se os Árabes tivessem reconhecido a decisao da ONU em 1948 os Palestinos nao teriam perdido suas terras e propriedades, provavelmente e Israel teria que responder à comunidade internacional se se apropriasse de terras. Mas conquistando terras num processo de auto-defesa os Árabes perderam a forca de argumentacao por terem atacado ao invés de negociar ou discutir. A mesma coisa faz o Hamas e Hisbullah com resultados previsíveis... mais uma vitória Israelense com mais ganho de territórios (?) A autora finaliza de forma hilária e inocente, pra nao dizer outra coisa. Ainda é tempo para Israel mudar , salvar a vida e viver em Paz? com grupos radicais ao sul, norte e o Iran ... os tres pregando a destruicao de Israel? Acorde moca.
  • #franciscofrancisco 4 Agosto, 19:00
    SE O SEU FILHO ESTIVESSE LÁ MORTO, O QUE VOCÊ FARIA, E DE QUEM SERIA A CULPA. DE ISRAEL?? DOS HAMAS?? DA PALESTINA??? OU DOS PATROCINADORES DE GUERRAS?????
  • #franciscofrancisco 4 Agosto, 19:01
    MUITO BLA///BLA///BLA/// E POUCA IMAGINAÇÃO DE APROVEITO.
  • #OsUSAestaochegando_CuidadoBrasileiros_SePreparemOsUSAestaochegando_CuidadoBrasileiros_SePreparem 4 Agosto, 23:17
    esse Moisheleh deve ter um pouco de razão, pois antes do Estado de Israel existir, palestinos e judeus viviam em paz na mesma região, como se fosse um povo em comum, isso eu fiquei sabendo... agora nos dias de hoje não sei como que está exatamente a convivência entre estes 2 povos, QUE DEVERIAM SER UNIDOS COMO IRMÃOS
  • #gilsongilson 5 Agosto, 22:19
    se o meu filho estivesse lá? de quem seria a culpa? kkkk dele uai. Vai fazer o que lá. Ta loco!
  • #GeorgeGeorge14 Agosto, 01:28
    Fiz a leitura da matéria. Depois fui ler os comentários e vejo aqui a mera repetição dos fracos argumentos dos simpatizantes do sionismo. A matéria traz informações históricas e não apenas um ponto de vista. O que a autora fez de forma brilhante, foi embasar seu ponto de vista com a realidade histórica. Os defensores de Israel , quando lhes convém dizem que os árabes não acataram a decisão da ONU, mas convenientemente não citam que não aceitam quaisquer decisões da ONU que firam seus nefastos objetivos. Naturalmente, sem a ajuda dos EUA isso não seria possível, pois os EUA vetam tudo que poderia favorecer aos palestinos. Não engulo essa história de HAMAS. O Hamas foi criado no final da década de 80, estranhamente em um momento onde o saudoso Arafat vinha conseguindo mobilizar governantes do mundo todo para a causa Palestina. Me parece que Israel se utilizou de uma velha estratégia de guerra, "dividir para conquistar" e nas sombras orquestrou o surgimento do Hamas. Apenas isso pode explicar como Israel derrotou 03 exércitos em apenas 06 dias no ano de 1967 e finge lutar quase 03 décadas com um punhado de gente que não possui um único tanque ou avião, sem conseguir derrotá-los em definitivo. Sem falar que em 1967 a guerra foi em terreno aberto e o Hamas atua de dentro de uma prisão a céu aberto. Sem falar também que Israel, com seus satélites, drones e outros meios eletrônicos e de inteligência, exercem um controle absoluto sobre a vida de quase 2 milhões de palestinos em Gaza. Dizem que o Hamas faz contrabando de armas, mas que armas são essas que nunca destruíram tanques ou aviões de Israel? Vemos apenas os "temíveis" mísseis do Hamas, que não passam de morteiros e convenientemente pararam no tempo sem aumentar seu poder de explosão e alcance. Muito conveniente não é mesmo? Seria interessante também que respondessem o porquê de não vermos nas fotos e vídeos, os vestígios de armas e munições que Israel alega estarem escondidos nas casas, escolas outras instalações civis de Gaza? O que vemos são flagelados descalços andando sem rumo em meio aos pedaços do que antigamente eram residências. A única coisa que espero, é que o mundo apresente a mesma pressa e omissão que oferecem aos palestinos, quando as bocas dos canhões e mãos sedentas de vingança estiverem agindo sobre Israel. Israel está sempre atacando, então o direito de se defender também tem que ser dado ao agredido.
  • #JPOG-BRJPOG-BR19 Agosto, 05:09
    Pelo cumprimento da Resolução 181 da ONU...

Sem comentários:

Enviar um comentário

MTQ