Para o lado dos destacamentos de autodefesa passaram soldados e oficiais do Ministério do Interior aquartelados na região de Donetsk. Enquanto isso, as autoridades autoproclamadas de Kiev procuram imitar o processo de negociação – o presidente interino, Alexander Turchinov, não afasta hipótese de realizar um referendo nacional em 25 de maio, paralelamente as eleições presidenciais.
Depois de terminar o prazo de ultimato, a confrontação continua envolvendo novas regiões e vilas do Sudeste ucraniano. Em Zhdanovsk, foi ocupada a sede do Conselho Municipal. Na vila de Gorlovka, os manifestantes elegeram um novo chefe da polícia local.
Os federalistas se recusam a cumprir ultimatos lançados pelos poderes ilegítimos. Segundo anunciou em Rostov o presidente deposto Viktor Yanukovich, o atual governo central “está provocando uma cisão na sociedade ucraniana, designando uma parte da população de “separatistas” e a outra – de “revolucionários”. O presidente ucraniano até ameaçou com responsabilidade penal e lançou apelo aos militares da Ucrânia:
“Como comandante em chefe faço apelo aos militares e policiais a que não cumpram as ordens ilícitas, disparando contra o povo. As pessoas jamais irão perdoar isso”.
O destacamento especial Alfa e a milícia de Carcóvia já se recusaram a usar armas contra o seu povo. Hoje, o partido dos manifestantes foi assumido pela 25ª brigada das tropas de desembarque aéreo. As autoridades ucranianas, perdendo apoio das forças policiais e armadas no Sudeste, têm apostado para a formação de novos destacamentos à custa de “incorporação de patriotas ucranianos”. Enquanto isso, a operação militar visando à repressão militar tem sido adiada. Ao esgotar todas as ameaças, as autoridades de Kiev já não excluem um cenário de realização de referendo em escala nacional. O diretor-geral do Conselho Nacional de Assuntos Internacionais, Andrei Kortunov; comenta:
“Creio que tal seja uma marcha natural dos acontecimentos. Mas não se pode excluir cenários do recurso à força. O governo de Kiev é capaz de não controlar a situação em que um ou outro grupo do Setor de Direita ultra-nacionalista possa empreender ações não autorizadas”.
É por essa razão que os habitantes do Sudeste parecem não acreditar em tais promessas, continuando a reforçar a defesa. Após declarações sobre a amnistia, o governo provisório veio endurecer a responsabilidade penal por crimes relacionados com o separatismo. Esse último implica já penas de prisão perpétua. As promessas de realizar o referendo juntamente com as presidenciais, marcadas para o dia 25 de maio, não podem tranquilizar os apoiantes de federalização. Tais declarações podem vir a ser uma tentativa de ganhar tempo. Além disso, as novas autoridades de Kiev, podem assegurar uma afluência às urnas recorde e justificar as eleições ilegítimas, sustenta o historiador, Andrei Marchukov:
“Se o referendo for realizado no mesmo dia com as presidenciais, o escrutínio como tal será supostamente reconhecido legítimo, primeiramente, pelo povo e em segundo lugar, pela Rússia. Tal será uma lógica de raciocínio e nos induza em erro. As questões para um hipotético referendo serão formuladas pelas autoridades de Kiev e seus donos que tudo farão para esterilizar o seu conteúdo e atribuir o mínimo de direitos às regiões amotinadas. As pessoas serão forçadas ou convidadas a irem às urnas para votar no plebiscito. Tal cenário é inadmissível”.
A Comissão Eleitoral Central (CEC) anunciou a disponibilidade de aliar o referendo às presidenciais, se “houver um respectivo quadro jurídico”. O vice-presidente interino do parlamento ucraniano, Ruslan Koshulinsky, expôs dúvidas de o referendo nacional poder se realizar nos prazos agendados. No seu entender, isso vem contrariando as normas da legislação ucraniana.
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