quarta-feira, 9 de abril de 2014

“Segunda revolução laranja”: um pequeno passo para um grande objetivo norte-americano

Igor Siletsky
Ontem, 18:45

 

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A integração europeia da Ucrânia é uma parte importante do plano norte-americano de contenção estratégica da Rússia.

O principal objetivo dos esforços de Washington permanece inalterado desde os tempos da presidência de Bill Clinton, afirma o jornalista norte-americano Steve Weissman.
Em seu trabalho o jornalista reuniu evidências de que o golpe de Estado em Kiev foi preparado com a participação direta de organismos norte-americanos como a Agência para o Desenvolvimento Internacional, o Instituto para a Paz e toda uma rede de empresas privadas. O que pode contrapor a Rússia a uma tal política de Washington?
A segunda “revolução laranja” e o golpe de Estado em Kiev foram organizados por cidadãos dos EUA, afirma Weissman num artigo publicado no site independente Reader Supported News. Contudo, o autor acredita que o objetivo principal de Washington não é nem de perto a Ucrânia. Tudo o que está acontecendo em terras desta última é apenas uma parte do plano dos EUA dirigido contra a Rússia.
Ultimamente, diz o artigo, o esquema de influência sobre os países com o propósito de democratizá-los segundo o modelo americano foi mudado. Tiveram que ser feitas alterações depois de uma série de revelações: como se descobriu, a CIA realizava operações subversivas usando fundações privadas, incluindo a Ford Foundation.
Agora o controle das fontes de financiamento de “intervenções não militares” em assuntos de terceiros foi assumido pelo Departamento de Estado – e a CIA, a NSA e o Pentágono apenas prestam “serviços especializados”. Os receios de “mau uso de fundos” são tão grandes que até mesmo a distribuição de bolinhos na praça da Independência em Kiev teve que ser realizada pela vice-secretária de Estado. E há que reconhecer que Victoria Nuland conseguiu realizar essa missão com sucesso.
Em princípio, Weissman não disse nada que alguém não soubesse. Em todo o mundo (com a exceção, talvez, dos próprios EUA) há muito se sabe em que estão envolvidas todas essas fundações. Isso se faz sob o pretexto de “ações humanitárias”, mas tal “biombo” não engana quase ninguém hoje em dia, nota o analista Alexei Pilko:
“Estas fundações foram criadas a fim de sustentar regimes estrangeiros “amigáveis aos EUA”. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos trabalharam insistente e propositadamente durante muito tempo com o objetivo de espalhar a influência de Washington. Para esse fim foi criada toda uma série de instituições especiais, que foram testadas na época da “guerra fria”. Hoje elas trabalham muito bem e realizam as tarefas que lhes são colocadas por Washington oficial.”
A “infraestrutura não-militar do imperialismo norte-americano”, como a chama Weissman, é a Fundação Nacional para a Democracia (National Endowment for Democracy ou NED) com suas subdivisões (por exemplo, o Centro para a Iniciativa Privada Internacional e o Centro Norte-Americano para a Solidariedade Sindical Internacional). A lista inclui também a Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e o Instituto dos Estados Unidos para a Paz.
E para operações propriamente ditas e trabalho a nível local é usada uma rede continuamente crescente de grupos de fachada e empresários privados. Nesta mesma categoria estão também instituições privadas como as fundações de George Soros e Pierre Omidyar. No caso deles, Weissman, segundo diz, não tem a certeza “se este é realmente dinheiro privado ou fundos do governo camuflados como privados”.
Não haverá nos cálculos do jornalista norte-americano alguma teoria de conspiração? Talvez o envolvimento dos EUA em processos como a Primavera Árabe e o Inverno Ucraniano seja exagerado?
No entanto, qualquer leitor pode verificar os fatos apresentados no artigo. E será fácil para qualquer um de concluir que os acontecimentos na Ucrânia são o resultado de anos de preparação e financiamento. Sem isso, a derrubada da autoridade legítima seria impossível, acredita o analista político Leonid Polyakov. Quanto à Rússia, Moscou deveria se opor mais ativamente às ações de Washington justamente a nível social, acredita o especialista:
“É necessário contrapor a tais atividades uma intensificação de contatos entre organizações não-governamentais, organizações da sociedade civil, organizações culturais. Se a Rússia realmente acredita que os seus ex-sócios da União Soviética não são apenas vizinhos, mas são parte do chamado “mundo russo”, então o trabalho de cooperação, identificação de interesses comuns, busca de áreas de atividades conjuntas deve ser ampliado várias vezes.”
Retornando à Ucrânia, há que notar que nos últimos anos no país tem sido imposto, segundo Weissman, “um novo conjunto de mitos históricos”. Eles foram “inventados e popularizados” principalmente através dos esforços da “diáspora ucraniana”. Teve uma mão nisso também a ex-funcionária da Casa Branca Katerina Chumachenko – mais tarde, a esposa do terceiro presidente ucraniano Viktor Yuschenko.
E não surpreende que as atuais autoridades de Kiev estejam seguindo os passos do nacionalista Bandera – e isso não preocupa Washington de todo. O autor refere o leitor a uma publicação de 2010, disponível ao público, do Arquivo Nacional dos Estados Unidos sob o nome de “A sombra de Hitler” (The Shadow of Hitler). Este documento mostra claramente que ao longo de toda a Guerra Fria as agências de inteligência norte-americanas não cessaram a cooperação com o líder dos seguidores de Bandera, Mykola Lebed.
O serviço de contraespionagem militar dos EUA chamava Lebed de “notório sadista e colaborador dos nazistas”. E tais qualidades de seu parceiro de negócios, aparentemente, não incomodavam nada a Casa Branca, como não a incomodam as inclinações abertamente pró-nazistas dos atuais governantes de Kiev.
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