quinta-feira, 3 de abril de 2014

Homens armados atacam comboios na Linha de Sena

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Ferrovia Moatize-Porto da Beira
Vale e Governo falam apenas de um ataque a um comboio, em Semacueza

Homens armados não identificados atacaram, na noite de terça-feira, duas composições ferroviárias, na Linha de Sena, na zona de Semacueza, entre Muanza e Dondo, na província de Sofala, na Região Centro do país. Ambas faziam o percurso descendente Moatize-Beira. Uma das composições era da companhia mineradora brasileira Vale de Moçambique e outra dos CFM. Um dos casos já foi assumido oficialmente, o outro foi-nos referido apenas por fontes militares.
Dos ataques resultaram dois feridos, os respectivos maquinistas. Foram assistidos na Clínica Avicena, na Beira. O da Vale de Moçambique, ontem mesmo teve alta. Sofreu apenas ferimentos numa perna, atingido por tiros. O outro maquinista, cerca das 20h30 de ontem ainda permanecia internado, nos cuidados intensivos. Este foi atingido em várias partes do corpo, designadamente no tórax, conforme apurou a reportagem do Canalmoz naquele centro privado de saúde.
A identidade das vítimas tem estado a ser escondida.

O vice ministro do Interior, José Mandra, veio a público ainda ontem de manhã acusar a Renamo de ser autora do ataque a um dos comboios. Referiu apenas o ataque ao comboio da Vale de que, segundo ele, resultou “um ferido”.
Mandra afirmou que o maquinista da Vale conseguiu largar “30 vagões” e conduzir ele próprio as “duas locomotiva para o Dondo”.
De várias fontes, designadamente militares, o Canalmoz apurou que houve ataques, na mesma zona – Semacuza – a dois comboios e deles resultaram dois maquinistas feridos.
Depois de fontes militares nos terem informado que não foi apenas um comboio atacado mas, sim, dois, na Clínica Avicena confirmámos que houve realmente dois maquinistas feridos, tendo um deles tido alta ainda ontem e o outro permanecia nos cuidados intensivos.
O vice-ministro do Interior, José Mandra, disse na manhã de ontem que o ataque ao comboio da Vale aconteceu por volta das 21h quando alegados homens armados, segundo ele da Renamo, dispararam contra uma composição, com vagões de carvão, tendo sido atingido um maquinista, “na perna”.
Mandra afirmou que as “Forças Policiais, Forças Armadas de Defesa de Moçambique e outras forças de Defesa e Segurança” estão no terreno desde ontem, a vasculhar a zona para se poder responsabilizar os autores do ataque que diz ter sido levado a cabo por “homens da Renamo”.
“A Polícia da República de Moçambique e as restantes Forças de Defesa e Segurança na província de Sofala têm a missão de garantir que a livre circulação de pessoas e bens continue, para que estejam empenhadas no desenvolvimento do País”, disse Mandra em declarações a jornalistas.
Outras informações
No entanto, ainda na noite de ontem o Canalmoz soube de fontes seguras na Clínica Avicena, na Beira, que contrariamente ao que disse o ministro foram duas as pessoas que ficaram feridas nos ataques.
Sem avançar identidades, a fonte do hospital privado – “Clínica Avicena” – confirmou a entrada de dois homens, um que sofreu na perna direita e que já teve alta hospitalar e outro que sofreu na parte da caixa toráxica e no pescoço, e que ainda se encontra internado nos cuidados intensivos.
A fonte diz que um dos feridos, um maquinista, se encontra sob fortes medidas de segurança, ao ponto de não ser permitido, “nem visitas de familiares”.
Vale reage e fala de um ferido
Entretanto a multinacional brasileira Vale Moçambique já reagiu ao sucedido, ao princípio da noite de ontem, através de uma nota de imprensa.
Segundo o comunicado, a locomotiva atacada fazia o percurso Moatize–Beira, e foi atacada entre Semacueza e Savane, na Linha de Sena.
“A locomotiva foi atingida por diversos tiros, por volta das 21 horas, tendo o maquinista sido atingido na perna. O maquinista foi socorrido e o seu estado de saúde é estável. As operações da Vale na Linha estão temporariamente suspensas para permitir o melhor andamento das investigações”, lê-se no comunicado da Vale que remete qualquer explicação adicional “às autoridades moçambicanas”.
O que diz a Renamo
“A Renamo não tem nenhuma informação sobre essa ocorrência. Sempre que acontece algo, o Governo notifica a Renamo, o que não aconteceu", afirmou Saimon Macuiane a jornalistas ontem no Centro de Conferências Joaquim Chissano, onde decorrem conversações para se poder atingir um acordo de paz entre o Governo da Frelimo e o partido liderado por Afonso Dhlakama, que se têm estado a combater desde 03 de Abril de 2013 quando a Policia atacou a sede da Renamo, em Muxúnguè.
“Desde que o conflito começou, Renamo nunca atacou a via Sena. Por que faríamos isso hoje, quando chegamos a um acordo?”, questionou Antonio Muchunga, porta-voz de Dhlakama, citado pela AFP.
António Muchanga, porta-voz de Afonso Dhlakama, disse ontem ao CanalMoz que está agendada uma conferência de imprensa para a manhã de hoje em reacção oficial às notícias que têm estado a ser veiculadas e sobre as declarações do vice-ministro do Interior.
Oficialmente o governo e a Vale falam apenas de um comboio atacado e de um ferido.
O Canalmoz de várias fontes tem informações que indicam que houve dois comboios atingidos, um da Vale e outro de passageiros.
De fonte militar governamental apuramos que foram realmente atacadas duas composições.
Fonte no terreno indicou-nos que um dos comboios transportava armamento.
Observadores no terreno admitem que os ataques possam ter sido efectuados por uma força de contra-intiligência “para comprometer a Renamo”, tendo em conta que circulavam informações segundo as quais a Vale estaria a financiar a Renamo para que os seus comboios não sejam atacados.
CANALMOZ – 03.04.2014
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