Porém, Milorad Dodic, dirigente da República Sérvia, defende consequentemente a ideia da conquista da sua independência. Além disso, como afirmam os peritos, Banja Luka tem bem mais fundamentos jurídicos que o Kosovo para proclamar a independência.
“Se a comunidade internacional deu ao Kosovo o direito a ser independente, isso abre possibilidades para que, um dia, a República Serbskaya seja independente”, declarou Milorad Dodic há um ano atrás. Ele também falou de forma idêntica antes.
Ainda no início de 2008, quando Dodic era primeiro-ministro, o Parlamento da República Serbskaya aprovou uma resolução onde se diz que os sérvios bósnios poderão sair da Bósnia e Herzegovina se a maioria dos países membros da ONU e dos estados da União Europeia reconhecerem a independência do Kosovo. Em finais de 2012, essas condições foram reunidas. Além disso, Banja Luka tem outros fundamentos formais para proclamar a independência, considera Milorad Dodic:
“O desenvolvimento dos acontecimentos pode vir a seguir o cenário kosovar. Mais, se no caso do Kosovo, os albaneses kosovares agiram contra a vontade das autoridades centrais em Belgrado, porque o Kosovo nem sequer constituía uma república autônoma, era apenas uma região autônoma, na estrutura da Bósnia e Herzegovina, a Republica Srpska possui amplas prerrogativas, oficialmente confirmadas a nível internacional. Por conseguinte, a decisão da República Sérvia da Bósnia de sair da Bósnia e Herzegovina é, do ponto de vista do direito internacional, bem mais legítima e fundamentada do que no caso do Kosovo”.
Banja Luka tem mais do que razões para se divorciar de Sarajevo. Atualmente, a própria Bósnia e Herzegovina é uma formação artificial aos olhos dos numerosos sérvios que a habitam. Além disso, a República Sérvia da Bósnia é a parte economicamente mais desenvolvida desse Estado. Os habitantes da Republica Srpska consideram ser uma fardo desnecessário a necessidade de coordenar todas as decisões importantes não só a o nível federal, mas também com representantes da União Europeia.
Há outras circunstâncias que empurram Banja Luka a proclamar a soberania, declara Elena Ponomareva, professora do Instituto de Relações Internacionais de Moscou:
“Quando a Constituição de Dayton foi assinada em 1995, aí ficaram inscritos parágrafos que davam relativa liberdade à República Sérvia da Bósnia. Hoje, tudo isso está a ser revisto. Tem lugar a chamada “revisão suave” dos acordos de Dayton, o que, de fato, significa a perda da parte insignificante de autonomia que a república ainda tem. Isso refere-se, por exemplo, diretamente na escolha de parceiros. A República Sérvia da Bósnia está interessada no desenvolvimento da cooperação energética com empresas russas. Por sua vez, os países ocidentais, principalmente tendo em conta os acontecimentos em torno da Crimeia, tentam bloquear isso. Claro que semelhante pressão não pode ser aceite pela república”.
É preciso acrescentar que em Banja Luka também seguiram com grande interesse os acontecimentos na Crimeia. “A decisão sobre a independência do Kosovo foi tomada por um grupo de pessoas que se chamaram parlamento a si próprias, mas, na realidade, não incluíam representantes de todo o território”, declarou Milorad Dodic.
Acrescentou que a proclamação da soberania da Crimeia foi legítima, porque “isso foi uma decisão do povo sobre a autodeterminação”. Segundo Dodic, os habitantes da Crimeia manifestaram a sua opinião segundo todas as normas internacionais.
Sem comentários:
Enviar um comentário
MTQ