quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

RENAMO aumenta pressão sobre o governo moçambicano

 

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Analistas acreditam que chegada de homens armados a Moatize significa aumento de pressão sobre o Estado. Crise político-militar dá sinais de que pode se espalhar pelo país.
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A notícia sobre o avanço de homens armados, supostamente da RENAMO, na região de extracção mineral de Moatize, na província de Tete, região Central de Moçamabique, fez soar um alarme nos diversos setores da sociedade moçambicana. Será que o conflito poderá se generalizar pelo país?
O tensão político-militar que já se instala a quase um ano regista negociações com expressivos retrocessos e poucos avanços. Somente nas últimas semanas o conflito parece ensaiar uma abrangência maior pelo território moçambicano, com as forças militares da RENAMO a se espalhar pelo resto do país, deixando a província de Sofala.
Alguns analistas, porém, minimizam o alastramento para zonas economicamente estratégicas, entendendo que se trata de mera tentativa de aumentar a pressão sobre o governo.
“Tudo indica que deve estar na estratégia da RENAMO, aumentar a pressão sobre o governo na mesa de negociações. [A RENAMO] já está em Sofala, passou para Inhambane e agora está no sítio mais crítico. Tete é o sítio de maior pressão”, opina o economista Ragendra de Sousa sobre a chegada de homens armados a Moatize.
Longe do acordo
O próprio porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, salienta que a RENAMO nunca teve um projecto de cessar-fogo porque “não está a fazer guerra”. Para ele, “quem tem obrigação de decretar o cessar-fogo é quem estar a fazer a guerra”.
Presença em regiões estratégicas pode ser pressão
Mazanga disse para a DW África que a RENAMO está numa atitude defensiva. “Não está a ter iniciativa de ataque. Simplesmente está-se a defender dos ataques do Governo, que, por sua vez, está a perseguir os desmobilzados e seguranças da RENAMO", defende o porta-voz do partido da oposição.
Em Moçambique, a imprensa destaca os recuos do maior partido da oposição durante as negociações, distanciando-se de um cessar-fogo. Vale lembrar que, depois de 24 rondas inconclusivas, as negociações com vista a por termo a tensão político-militar foram interrompidas. O obstáculo mais recente é a composição da equipa de mediadores.
Enquanto isto, no palco de guerra, o barulho das armas aumenta. A RENAMO se espalha pelo país, provoca refugiados e instabiliza investimentos internacionais.
Poder de barganha
Para o analista do Centro de Estudo Moçambicanos e Internacionais, Henriques Viola, a RENAMO vive um dilema sobre como enfrentrar a crise - quer do ponto de vista militar, como negocial. Viola acredita que o maior partido da oposição está dividido sobre a via que deve apostar.
O analista acha que chegou-se a uma altura que a RENAMO percebe que é melhor ganhar vantagem em nível militar, o que poderá permitir entrar com maior poder de barganha na mesa negocial.
Maior poder de barganha na mesa de negociações
“É o que se viu durante todas as negociaçõe de Roma. É uma tentativa de mostrar que Moçambique está em uma guerra franca, que se estende por todo o território nacional. Isto pressiona mais o Governo e a Comunidade Internacional a fazer alguma coisa”, explica.
Por outro lado, Viola acredita que o Governo já traçou a sua linha pública de diálogo com a RENAMO. “Vai usar o facto de a RENAMO alastrar-se para outros lugares para dizer que a RENAMO não está interessada no diálogo. O que não é verdade. É o momento de entrarem outros atores para darem ar fresco a este diálogo”, opina.
Estratégia de fuga
A RENAMO, entretanto, apresenta uma justificação completamente oposta a dos analistas sobre o alastramento dos seus homens pelo país. Mazanga sublinha que esta deslocação de homens armados para Tete se deve ao facto de soldados do Governo estarem a persegui-los.
“Na tentativa de se defenderem, juntam-se e procuram esconderijos para não serem alcançados pelas forças governamentais”, justifica Mazanga. O porta-voz diz que, quando são atacados, os soldados da RENAMO também se defendem.
“Não se trata de alastramento em termos de estratégia militar nem planificação de uma ação militar.” A vedade é que diversos argumentos são apresentados para as atitudes de cada uma das partes. No entanto, o que parece mais concreto é que não há sequer uma luz no fundo do túnel para o fim do impasse que já dura quase um ano.
DW – 22.01.2014

Comments

1
Sebastião Mussanhane said...
Na Africa do Sul há mais de 70 000 mil mineiros em greve, e um novo massacre como o de 2012, seria o fim, os sindicatos estão em conflito aberto com o ANC, e o poder esta muito fraco para se meter em aventuras, depois as forças sul-africanos em outras partes de Africa foram um triste espetáculo para um exercito convencional. O atual presidente sul-africano, quer humildar o atual presidente de Moçambique por assuntos mal resolvidos do passado.
Um exercito invasor em Moçambique teria como consequência a popularidade do poder, no mínimo cairia para menos de 5%, a população iria-se revoltar em massa, possivelmente os sul-africanos em Moçambique e em particular os da Mozal seriam massacrados, a N4 uma armadilha mortal bem com as praias, mais humilhação Moçambique e os moçambicanos não aguentam, a policia nacional que esta a um nível de pré-revolta contra os seus superiores no Maputo, abandonava de vez o poder, seria a queda de um regime que já esta podre.
2
Umbhalane said...
Artigos deste jeito maneira só servem para distrair os distraídos, não já os que acordaram, estão acordados.
TODOS temos já consciência que o poder reside nas armas, na ponta das baionetas - é bom acordar para a realidade.
Foi isso que aprendemos à nossa custa, com o nosso sangue, através da FIRlimo que nos assassinou impunemente, à vontade deles.
A ÚNICA LÍNGUA QUE eles ENTENDEM.
A RENAMO tem mais é que carregar, conforme a disciplina dos nossos Comandantes, dos nossos Heróicos Combatentes.
SEMPRE ARMADOS, SEMPRE PRONTOS PARA O COMBATE.
Tenhamos consciência concreta e definitiva.
Vai demorar muitos e muitos anos para desarmar.
É bom estar consciente dessa realidade.
“Benditos os que não confiam a sua vida a ninguém”
(Fernando Pessoa)
“O crocodilo esfomeado/insaciável não escolhe a vítima”
(Provérbio Africano)
ABANDONEM O INIMIGO.
JUNTEM-SE AO POVO.
O POVO já acordou de vez faz tempo.
Ife tensene tinadzmanga FIRlimo
NÓS todos vamos correr com a FIRlimo.
Na luta do povo ninguém se cansa.
E sempre a dizer sem cansar,
Fungula masso iué (abram os olhos).
A LUTA É CONTÍNUA

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