Em sessão do Comitê Central marcada para o dia 22
Tudo indica que a Frelimo vai indicar até antes da festa deste natal o seu candidato às próximas presidenciais agendadas para Outubro de 2014, visto que o actual Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, já não pode concorrer em virtude de ter esgotado o número de mandatos sucessivos permitidos por lei. O próximo candidato da Frelimo será indicado pelo Comité Central, único órgão competente para tomar uma decisão desta envergadura no intervalo entre os congressos do partido. O Autarca apurou que o órgão deverá se reunir em sessão marcada para o próximo dia 22, com agenda única decidir a indicação do candidato do partido. Trata-se de um candidato a ser escolhido num cenário em que já é conhecido seu forte adversário, nomeadamente Daviz Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e edíl da cidade da Beira, a segunda capital do país.
As escolhas da Frelimo por enquanto são várias, ainda que cedentes de consenso no seio dos principais membros do partido, sobretudo de certa ala que reivindica pertencer a fundação da organização política que conduz os destinos do país a aproximadamente quarenta anos.
Eduardo Mulembwé, entretanto, é a figura que já a muito tem sido referida como a mais forte aposta. O seu nome já havia sido prognosticado passam anos mas que de um momento para outro começou a ser colocado fora de baralho a favor de figuras como Luísa Diogo, antiga vice-ministra e ministra das Finanças e Primeira-Ministra; Filipe Nhussi, actual ministro da Defesa; e Feliciano Gundana, um veterano da luta armada de libertação nacional e durante vários anos ministro na presidência.
Luísa Diogo tornou-se a primeira mulher a atingir o segundo mais importante cargo no governo de Moçambique.
Eduardo Mulembwé, um magistrado de carreira que já foi Procurador Geral da República, tornou-se o primeiro presidente da Assembléia da República em regime multipartidário. Feliciano Gundana o seu nome foi recentemente veiculado pela imprensa nacional e estrangeira como tendo sido formalmente apresentado pelo actual Chefe de Estado às autoridades chinesas como seu sucessor. O nome de Filipe Nhussi nessa corrida foi o menos badalado entre os integrantes da lista dos concorrentes.
A semelhança de Filipe Nhussi consta também o nome de José Pacheco, tido como homem de muita confiança do actual chefe de Estado, mas que não tem baixa aceitação pública, uma situação que se agravou enquanto Ministro do Interior e actualmente como chefe da delegação do governo nas negociações políticas com a Renamo, para busca de estabilidade no país. Agravou ainda a credibilidade de José Pacheco no seio do partido o facto de ter chefiado sem sucesso a brigada central da Frelimo em Nampula, que acabou perdendo o município mais importante da zona norte e do maior círculo eleitoral, no último domingo, a favor do MDM.
Algo de comum que existe entre todos esses presidenciáveis, é o facto de todos eles não pertencerem a dinastia sulista. Mulembué é de Niassa (norte), Diogo de Tete (centro), Nhussi de Cabo Delgado (norte), Gundana e Pacheco de Sofala (centro).
A decisão da escolha do sucessor do actual Presidente da República vai acontecer numa altura considerada turbulenta para o partido, em função do saldo das últimas eleições autárquicas que decorrem em cinquenta e três cidades e vilas importantes do país, que denuncia claramente cenário de cada vez maior enfraquecimento da Frelimo a favor de seu principal adversário político neste momento, o MDM.
Apesar de o MDM ter vencido apenas três autárquicas registou forte alargamento da sua base em todas assembleias municipais, incluindo da capital do país.
Também é importante reter que os três municípios conquistados pelo MDM são de elevada importância a escala nacional.
(i) Beira é o segundo maior e mais importante do país e considerado a sede económica e de influência sócio-política e cultural da região centro com quatro províncias (Sofala, Manica, Tete e Zambézia);
(ii) Nampula é o terceiro maior e mais importante do país e também a capital económica e de influência sócio-política e cultural da região norte com três províncias (Nampula, Niassa e Cabo Delgado). O Município de Nampula é ainda a sede do maior círculo eleitoral do país;
(iii) E Quelimane pela ordem de tamanho e importância é o quarto maior do país e representa a capital do segundo maior círculo eleitoral de Moçambique, Zambézia.
Pela forma como o cenário se apresenta fica-se com a sensação clara de que a Frelimo apenas ainda sobra com relativa hegemonia na zona sul (Maputo, Gaza e Inhambane). No entanto, além de esta região ter menor peso eleitoralmente em virtude de as três províncias coincidirem ser os menores círculos eleitorais do país, é um facto que o MDM está cada v ez mais presente nos mesmos.
O AUTARCA – 04.12.2013
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