O SIGNIFICADO DA CONDECORAÇÃO DO PRESIDENTE GUEBUZA EM UGANDA PELO MUSEVENI: É PARA “DORMIRMOS SONO MESMO”?
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Quando a 29 Janeiro de 1986 Yoweri Museveni era empossado como novo presidente de Uganda em resultado de uma rebelião secessionista por ele dirigida que resultou na ...deposição do então chefe do estado, Tenente-general Bazilio Olara-Okello, o seu discurso de tomada de poder à muitos animou.
“Os povos da África, o povo de Uganda, têm direito a um governo democrático. Não é um favor de qualquer regime. O soberano deve ser o povo, não o governo. E eu estou aqui para garantir isso. Para trazer a normalidade democrática. Não irei perpetrar-me no poder” - discursava Yoweri Museveni para o Mundo, Africa e Uganda em particular.
De 1986 a 2013 passam já 27 anos, praticamente o suficiente para que Uganda testemunhasse três presidentes reeleitos, caso os mandatos de presidente fossem de cinco anos com apenas uma reeleição, tal como a ainda constituição moçambicana comanda-nos, no nosso caso.
Em 2006 Museveni conseguiu através de emenda constitucional, retirar o limite de mandatos, não cumprindo assim a promessa por ele feita em 2001 quando jurou que aquela candidatura era a última.
Recentemente o Presidente da República Armando Guebuza visitou Uganda para junto do seu homologo participar das festividades dos 51 anos de independência. Lá, o nosso presidente também foi condecorado com a mais importante Ordem conhecida por “Ordem Excelente da Pérola de África”, na verdade, a mais alta distinção atribuída aos chefes de Estado naquele país.
Isto acontece depois de em Setembro de 2011 o Governo moçambicano ter convidado um ditador para participar das cerimónias de comemoração do ano Samora Machel.
À custa dos impostos do Estado, Guebuza convidou Denis Sassou Nguesso, Presidente do Congo Brazaville, para tomar parte das cerimónias centrais de homenagem ao primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Machel.
Denis Sassou Nguesso é um líder considerado ditador, até sanguinário e que dirige com mão-de-ferro o seu país. Sassou Nguesso chegou à presidência da República do Congo pela primeira vez em 1979 e caiu em 1992. Retoma ao poder em 1997 depois de depor Pascal Lissouba. De lá até hoje ele é quem dirige aquele país.
Caros, estes sinais, estas companhias do Presidente da República devem tirar sono a qualquer um. Num momento em que o seu mandato chega ao fim, recrudesce a propaganda enaltecendo a sua figura, num momento em que o enfoque deveria ser para o partido, como estratégia de criar condições para o próximo candidato. Por outro lado, nunca em nenhum momento da história da Frelimo como movimento ou partido um líder só foi tão bajulado e elevado a categoria de DEUS como o é agora. A inexistência de sinais visíveis de que a sua governação chega ao fim e a não abertura do ciclo de sucessão, adensam ainda dúvidas sobre as reais intenções deste cidadão com relação ao futuro do país.
Museveni, Sassou Nguesso, os dois juraram, tal como o nosso presidente jurou em respeitar a constituição e a normalidade democrática. José Eduardo dos Santos também jurou respeitar a constituição e está a respeitá-la. Mas José Eduardo dos Santos contornou a vontade do povo, alterando a constituição para que o presidente não fosse eleito directamente mas sim por via do partido que vence a maioria parlamentar. Denis Sassou Nguesso conseguiu derrubar militarmente Pascal Lissouba e desde lá a esta parte manipulou sistematicamente as eleições, prendeu e aniquilou sistematicamente potenciais opositores. Yoweri Museveni, outrora tido como um líder inspirador, conseguiu até agora garantir a perpetuação no poder através de mudanças constitucionais que confere reeleições ilimitadas.
Entretanto, é com este tipo de pessoas que o nosso presidente passeia, janta e convive.
Moçambique deve preocupar-se quando “o filho mais querido” recebe premiações de pessoas de má conduta democrática. Não honra a ninguém.
Estive a pensar: o que o presidente Yoweri Museveni estaria a dizer ou comentar com o meu Presidente em relação ao seu fim do mandato? Que temas de democracia o Presidente Yoweri domina, temas estes passíveis de serem passados para o nosso presidente, tendo em conta a sua experiência de vida e de governação? Que lições e ilações pode o presidente Yoweri passar para o Presidente Guebuza quanto a temas como RESPEITO A CONSTITUIÇÃO, boa-governação, inclusão económica, respeito de mandatos, aposentação e vida após presidência?
Que temas de democracia tratam os presidentes Mugabe, Yoweri e Sassou Ngwesso quando se encontram com o meu presidente?
Isto tira- me o sono. Eu rezo todos os dias para Deus esteja no comando desta gente, pelo menos uma vez.
*Texto também publicado na edição de hoje (16 de Outubro de 2013) do Canal de Moçambique de hoje, página 9.See more
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Quando a 29 Janeiro de 1986 Yoweri Museveni era empossado como novo presidente de Uganda em resultado de uma rebelião secessionista por ele dirigida que resultou na ...deposição do então chefe do estado, Tenente-general Bazilio Olara-Okello, o seu discurso de tomada de poder à muitos animou.
“Os povos da África, o povo de Uganda, têm direito a um governo democrático. Não é um favor de qualquer regime. O soberano deve ser o povo, não o governo. E eu estou aqui para garantir isso. Para trazer a normalidade democrática. Não irei perpetrar-me no poder” - discursava Yoweri Museveni para o Mundo, Africa e Uganda em particular.
De 1986 a 2013 passam já 27 anos, praticamente o suficiente para que Uganda testemunhasse três presidentes reeleitos, caso os mandatos de presidente fossem de cinco anos com apenas uma reeleição, tal como a ainda constituição moçambicana comanda-nos, no nosso caso.
Em 2006 Museveni conseguiu através de emenda constitucional, retirar o limite de mandatos, não cumprindo assim a promessa por ele feita em 2001 quando jurou que aquela candidatura era a última.
Recentemente o Presidente da República Armando Guebuza visitou Uganda para junto do seu homologo participar das festividades dos 51 anos de independência. Lá, o nosso presidente também foi condecorado com a mais importante Ordem conhecida por “Ordem Excelente da Pérola de África”, na verdade, a mais alta distinção atribuída aos chefes de Estado naquele país.
Isto acontece depois de em Setembro de 2011 o Governo moçambicano ter convidado um ditador para participar das cerimónias de comemoração do ano Samora Machel.
À custa dos impostos do Estado, Guebuza convidou Denis Sassou Nguesso, Presidente do Congo Brazaville, para tomar parte das cerimónias centrais de homenagem ao primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Machel.
Denis Sassou Nguesso é um líder considerado ditador, até sanguinário e que dirige com mão-de-ferro o seu país. Sassou Nguesso chegou à presidência da República do Congo pela primeira vez em 1979 e caiu em 1992. Retoma ao poder em 1997 depois de depor Pascal Lissouba. De lá até hoje ele é quem dirige aquele país.
Caros, estes sinais, estas companhias do Presidente da República devem tirar sono a qualquer um. Num momento em que o seu mandato chega ao fim, recrudesce a propaganda enaltecendo a sua figura, num momento em que o enfoque deveria ser para o partido, como estratégia de criar condições para o próximo candidato. Por outro lado, nunca em nenhum momento da história da Frelimo como movimento ou partido um líder só foi tão bajulado e elevado a categoria de DEUS como o é agora. A inexistência de sinais visíveis de que a sua governação chega ao fim e a não abertura do ciclo de sucessão, adensam ainda dúvidas sobre as reais intenções deste cidadão com relação ao futuro do país.
Museveni, Sassou Nguesso, os dois juraram, tal como o nosso presidente jurou em respeitar a constituição e a normalidade democrática. José Eduardo dos Santos também jurou respeitar a constituição e está a respeitá-la. Mas José Eduardo dos Santos contornou a vontade do povo, alterando a constituição para que o presidente não fosse eleito directamente mas sim por via do partido que vence a maioria parlamentar. Denis Sassou Nguesso conseguiu derrubar militarmente Pascal Lissouba e desde lá a esta parte manipulou sistematicamente as eleições, prendeu e aniquilou sistematicamente potenciais opositores. Yoweri Museveni, outrora tido como um líder inspirador, conseguiu até agora garantir a perpetuação no poder através de mudanças constitucionais que confere reeleições ilimitadas.
Entretanto, é com este tipo de pessoas que o nosso presidente passeia, janta e convive.
Moçambique deve preocupar-se quando “o filho mais querido” recebe premiações de pessoas de má conduta democrática. Não honra a ninguém.
Estive a pensar: o que o presidente Yoweri Museveni estaria a dizer ou comentar com o meu Presidente em relação ao seu fim do mandato? Que temas de democracia o Presidente Yoweri domina, temas estes passíveis de serem passados para o nosso presidente, tendo em conta a sua experiência de vida e de governação? Que lições e ilações pode o presidente Yoweri passar para o Presidente Guebuza quanto a temas como RESPEITO A CONSTITUIÇÃO, boa-governação, inclusão económica, respeito de mandatos, aposentação e vida após presidência?
Que temas de democracia tratam os presidentes Mugabe, Yoweri e Sassou Ngwesso quando se encontram com o meu presidente?
Isto tira- me o sono. Eu rezo todos os dias para Deus esteja no comando desta gente, pelo menos uma vez.
*Texto também publicado na edição de hoje (16 de Outubro de 2013) do Canal de Moçambique de hoje, página 9.See more
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