domingo, 15 de setembro de 2013

ENCONTRO ENTRE ARMANDO GUEBUZA E AFONSO DHLAKAMA.

ENCONTRO ENTRE ARMANDO GUEBUZA E AFONSO DHLAKAMA.

Os moçambicanos não podem suportar por mais tempo o adiar constante da busca de soluções para os problemas que até hoje dividem o Governo e a RENAMO, pois este impasse tira o sono do povo e coloca um ponto de interrogação sobre a tão preciosa paz que foi alcançada a duras penas. Moçambique é de todos os moçambicanos e a todos assiste o direito de viver em paz e com alguma estabilidade. Não devemos esperar que as coisas se agudizem para que ambas as personalidades se encontrem, conversem e acertem as diferenças.
A imprensa moçambicana, por diversas vezes informou ao povo moçambicano que as duas personalidades, que representam cada uma das partes em desavença, estavam dispostas a se encontrarem e a sentarem à mesa para dialogar. Esta informação foi acolhida com muito agrado pelo povo que já estava a reviver o pesadelo passado há mais de vinte anos. No entanto, até hoje, apesar da propalada predisposição para o diálogo, de ambas as partes, nada aconteceu, nenhuma das partes tomou a iniciativa de avançar com propostas concretas quanto as datas e ao local do encontro.
Já passaram meses desde que o problema surgiu e o povo esperava e ainda espera um cometimento sério de ambos quanto a resolução do problema que na verdade afeta a vida de cada um dos moçambicanos. No entanto, ao que parece, está-se a brincar ao esconde esconde e o povo a acabar por tornar-se um espetador forçado de um teatro macabro e de mau gosto. Parece que estão a entreter-nos com brincadeiras de mau gosto quando na verdade é toda a nossa qualidade de vida, nossa estabilidade e o nosso bem-estar que está a ser posto em causa por esta situação.
Portanto é tempo de dizer basta. Basta de brincar connosco, queremos uma solução urgente e equilibrada o mais rápido possível. Todo o povo espera um comprometimento sério de todos os intervenientes para que o interesse geral seja acautelado, não podemos permitir que interesse particular de cada uma das partes em desavença ponha em causa o interesse de todos os moçambicanos. Temos todos o direito e até o dever de exigir o cometimento de todos os intervenientes na busca de uma solução pronta e duradoura para este problema.
Do Presidente da República, como representante de todos os moçambicanos esperamos que, como garante da Constituição e da estabilidade nacional e pelas responsabilidades acrescidas que tem por ser o mais alto magistrado da nação, tenha a humildade suficiente para fazer as concessões que forem necessárias e pertinentes para a resolução definitiva deste diferendo. Que o mesmo esteja predisposto a estar acima da disciplina partidária e saiba agir como Presidente de todos os moçambicanos e não somente como presidente de um partido que por sinal está no comando do nosso país até ao presente momento. Portanto, esperamos que o Presidente da República seja proativo, magnânimo e acima de tudo aberto e acolhedor com vista a que o encontro e o diálogo que se estabelecer possa, de facto e de direito, produzir resultados aceites e entendidos por grande parte dos moçambicanos e que acima de tudo se traduza em mais abertura, dialógo, inclusão, transparência e harmonia entre os moçambicanos.
Do líder da RENAMO também esperamos que acolha favoravelmente a predisposição do Presidente da República e avance com propostas concretas da data e do local do encontro e se necessário faça as concessões julgadas pertinentes para que tanto a data como o local sejam definidos o mais breve quanto possível. Esperamos ainda que o mesmo esteja predisposto a fazer determinadas concessões quanto as exigências apresentadas desde que as mesmas possibilitem a realização das eleições num clima de paz e harmonia e que as mesmas possam ser justas, livres e transparentes, não importando quem seja o vencedor desde que sejam os moçambicanos a decidir nas urnas e em processo transparente quem desejam para os governar. Portanto que o mesmo esteja consciente que nem tudo que reivindica poderá ser satisfeito no encontro com o Presidente da República mas desde que a transparência do processo eleitoral e a integração e estabilidade dos seus soldados seja assegurada, penso que como sinal de bom senso deveria, a meu ver, aceitar participar nas eleições e iniciar com o processo de integração dos seus soldados nas forças armadas e em outros órgãos do Estado conforme estipulado no Acordo Geral de Paz assinado em Roma.

Não gostaríamos que, no final deste esperado, adiado e propalado encontro, ambas as partes, aparecessem a dizer que acordaram princípios e que mandatam as comissões especializadas, de ambos os lados, para se encontrarem e harmonizarem os consensos alcançados. Reafirmamos que queremos consensos saídos desses encontros e que os mesmos traduzam imediatamente em paz, estabilidade, livre circulação e participação de todos em eleições regulares e transparentes, entre outros princípios que tenham impacto imediato na vida dos moçambicanos.
Queremos passar a viajar regularmente de carro e sem precisar de coluna, as crianças querem poder voltar a escola sem receio de serem atingidas por balas perdidas, enfim, os moçambicanos querem, de imediato, voltar a usufruir das conquistas da independência e da paz e contribuírem livremente com o seu saber e trabalho para se libertarem das amarras das imposições das instituições de Bretton Woods e conquistarem de forma gradual, mas consistente, a sua independência económica há muito adiada e hipotecada pelas consequências da colonização, guerra civil e por algumas políticas económicas menos felizes da nossa história como Estado soberano. É isso que todo o cidadão comprometido com o futuro político deste país almeja, o resto é conversa para boi dormir e não gostaríamos que ambas as partes frustrassem as nossas reais expectativas e ambições.
Que no final do encontro entre Armando Guebuza e Afonso Dhlakama, sejamos todos bafejados pela boa nova de que ambas as partes irão participar das eleições e que a vida volta imediatamente a normalidade. Não importa que, como consequência desse mesmo encontro, tenhamos que adoptar uma outra data para a realização das eleições autárquicas. Julgo que enquanto cidadãos comprometidos com a paz e com a estabilidade devemos estar predispostos a aceitar tal decisão.
Eu próprio como candidato e parte interessada no processo eleitoral em curso, assumo desde já que também estou disposto a acolher satisfatoriamente qualquer que sejam os consensos alcançados nesse encontro incluindo a alteração da data da realização das eleições.

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