O RECRUSCEDER DA CRIMINALIDADE E A APARENTE APATIA DAS NOSSAS AUTORIDADES POLICIAIS.
O RECRUSCEDER DA CRIMINALIDADE E A APARENTE APATIA DAS NOSSAS AUTORIDADES POLICIAIS.
Em tempos escrevi neste mesmo espaço sobre o recrudescer da criminalidade e o surgimento de novos tipos de crimes e a ausência de acções concretas visando estancar e inibir a propagação destes actos criminais por todo o país. Alertava na ocasião que o surgimento de novos tipos de crimes, muitos dos quais utilizando técnicas altamente sofisticadas, exigiam do Estado a redefinição célere de toda a sua estratégia de combate ao crime, a adopção de tecnologias apropriadas, capacitação adequada das suas forças policiais, políticas remuneratórias e de segurança social correspondentes a estas forças e uma maior vigilância quanto a possíveis infiltrações de agentes activos e passivos ligados ao crime organizado, no seu seio e acima de tudo, uma acção rápida e concertada no sentido de não passar para a sociedade o sentimento de apatia, falta de vontade ou até mesmo de aparente cumplicidade com o crime.
No entanto, nos últimos dias somos colhidos de surpresa com o agravar dos assaltos as residências, violação de mulheres e crianças e outros crimes hediondos que passaram a caracterizar alguns bairros periféricos da Cidade da Matola e um pouco por outras cidades do país e noto com preocupação e indignação que persiste uma relativa apatia das autoridades policiais no combate e esclarecimento destes mesmos crimes e de outros que causam dor e luto e elevados danos humanos e materiais, como é o caso de assassinatos, mutilações, raptos, roubo de viaturas, tráfico de pessoas, roubos a residências, violações de crianças e mulheres, tráfico de órgãos humanos para fins de rituais satânicos, assaltos aos bancos, entre outros e tudo leva-nos a acreditar que o estado esta sendo gradualmente capturado pelo crime organizado e não se vislumbram sinais de que haja, de facto, vontade politica suficiente para se inverter este triste estado de coisas.
Salvo melhor entendimento, a impunidade ou o sentimento de que a entidade responsável por garantir a segurança não irá agir adequadamente no sentido de punir os crimes praticados poderá conduzir toda a sociedade à anarquia e à descrença total das instituições do nosso Estado, o que, convenhamos, não deve sossegar a ninguém e muito menos ao Estado.
O desespero que a impunidade pode causar nas vítimas do crime pode conduzir a experiências em que os cidadãos assumam para si a função de garantir a sua segurança pelos meios de que dispõe e portanto fazer a justiça por suas próprias mãos; o que deve-se evitar a todo o custo, cabendo a cada um de nós dar o seu contributo para que a sociedade não seja conduzida a este extremo.
Acima de tudo é necessário e urgente que haja vontade e seriedade na forma como a nossa polícia aborda a criminalidade em geral e se esclareça com a brevidade e celeridade exigida estes casos criminais
Enquanto cidadãos cumprimos a parte que nos cabe do contrato social celebrado com o Estado, pelo que cabe ao Estado também cumprir a parte que lhe cabe. Só assim poderemos validar e renovar ciclicamente o nosso contrato social.
Portanto, sendo a segurança um direito de todos tal como todos são iguais perante a lei e devem perante a Lei responder pelos actos praticados, exigimos então, que o Estado faça o uso do monopólio da força para estancar, inibir e punir exemplarmente os criminosos.
É isso que se espera do Estado.
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