quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A disciplina partidária dos Camaradas e o enquadramento nela por parte do Dr.Frangulos: pontos e contrapontos


A disciplina partidária dos Camaradas e o enquadramento nela por parte do Dr.Frangulos: pontos e contrapontos

Dr. Frangulos como é respeitosamente tratado entre nós, é docente universitário, já foi Deputado pela Frelimo e Director da Polícia de Investigação Criminal, PIC.
A semanas atrás alguns jornais da praça se referiam que o Partido Frelimo ao nível da cidade de Maputo, onde Frangulos é mili...tante, tenciona expulsa-lo das linhas de direcção. Os mesmos meios de informação avançavam como prováveis causas, os pronunciamentos desde docente durante o programa Linha Aberta da STV.

Este caso nos remete antes de tudo, a indagação sobre qual seria o lugar do académico (filósofo ou outra coisa) numa sociedade. Alguns autores clássicos por exemplo defendiam que existia três lugares possíveis no cemitério, no governo como político activo ou ainda na academia como pensador livre. A escolha é livre sabendo de antemão que cada uma das escolhas implica a submissão a ela, ou seja, se um intelectual decidir seguir academia por exemplo tem de se conduzir e guiar pelas regras da academia e nunca o contrário, se escolher cemitério então deverá colocar a corda no pescoço e morrer tranquilamente respeitando claro, a regra do jogo, se optar pela política e se de livre vontade aderir a um grupo político e não a uma comunidade científica, então deve se submeter a disciplina partidária.

Dr. Frangulos intelectual e inteligente como é percebe esta regra do jogo, sabe melhor que eu e o caro leitor que da mesma forma que em ciência falamos de comunidades científicas detentoras de um paradigma (verdade científica, modelo de conhecimento, modelo e etc), em política só se Mudam os termos, ou seja, de comunidade científica para comunidade política detentora de uma ideologia.

Seja ela comunidade científica alimentada por paradigmas, seja ela comunidade política alimentada por ideologias visando o poder, o que deve ficar claro é que cada uma delas tem regras, tem métodos, objectivos e formas de relacionamento próprias da entidade e quem lá quiser estar deve obedecer.

Na vida pratica a conciliação entre o ser da comunidade científica e o pertencer a uma comunidade política é extremamente complicado. O problema do fundo é que muitos dos valores defendidos por um lado são totalmente opostos aos valores defendidos pelo outro lado, mas como disse a escolha de um dos lados cabe ao cidadão letrado.

Ao se filiar ao Partido dos Camaradas Frangulos passou a se sujeitar a regras, métodos e princípios de conduta da FRELIMO. Do seu membro, a FRELIMO passou a esperar mais militância, mais entrega, mais disciplina e sobretudo “sigilo partidário” ou seja, roupa suja lava-se em casa e não na rua (stv neste caso. Mesmo em caso de frustração maior a FRELIMO espera do seu ilustre Camarada adopção de canais próprios para se fazer ouvir. Ao não respeitar as regras do jogo do grupo (FRELIMO), o mesmo tem toda liberdade de o afastar das suas fileiras, do mesmo jeito que o cientista ao não respeitar as regras de jogo de uma dada comunidade científica a que faz parte pode ser removido. A questão de fundo aqui não é se o cientista ou político pode se expressar livremente, mas sim se este expressar se enquadra no conceito de “liberdade de expressão” que o grupo previamente definiu.

Este caso me faz recordar um outro, o de Ismel Mussa no MDM, Mussa foi corrido do secretariado do MDM e hoje é candidato independente para autarquias de Maputo. Frangulos poderá ser corrido dos cargos de direcção do partido FRELIMO. Me parece que nos dois casos a questão da disciplina partidária jogou papel muito importante.

Hora bem, se Frangulos ocupa alguns cargos de direcção ao nível da cidade de Maputo como alguma imprensa procurou dizer, tendo por esta via poder e capacidade de fazer e mudar as coisas que estejam a correr mal ao nível local e até nacional por meio de canais que ele mesmo os conhece e domina, pode ser perceptível a posição da FRELIMO ao nível da cidade de Maputo de o retirar dos cargos de direcção. Dr. Frangulos se realmente ocupa algum cargo de chefia ao nível da cidade de Maputo, devia ser parte da solução e não da reclamação. Ao proceder da forma como se procedeu ao nível da imprensa (stv) Frangulos pode ter dado tiro ao seu próprio pé.

Enfim, o problema de DR.Frangulos é de muitos outros que sendo intelectuais optam por engrenar na política usando regras da academia, ou seja, dificuldade de conciliação de dois importantes papéis que por si são muito complexos.
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