sexta-feira, 5 de julho de 2013

SERÁ QUE TODOS ENTENDEMOS A RENAMO COMO DHLAKAMA


  • SERÁ QUE TODOS ENTENDEMOS A RENAMO COMO DHLAKAMA?

    Em 1992 assinou-se os acordos de paz em Moçambique, entre o Governo e o então movimento rebelde, a Renamo, cujos protocolos foram transformados na Lei 13/92 de 14 de Outubro (vide a Lei aqui: http://www.macua.org/blog/AGP.pdf), previa, entre outras matérias, a inclusão dos homens armados nas Forças Armadas de Moçambique em número de 15.000 (quinze mil) homens.

    Para a segurança do líder da Renamo, chegou-se a um consenso de que os homens que faziam a sua guarda deviam ser integrados na Polícia, depois de serem ministrados uma reciclagem, que tinha como objectivo a assimilação da diversa legislação que rege aquela força, bem como das próprias práticas policias (vide posição do Governo aqui: http://www.imensis.co.mz/news/anmviewer.asp?a=3872).

    O primeiro processo foi seguido sob a supervisão da Onumoz, e cada parte disponibilizou 15.000 homens para as novas Forças Armadas, e o contigente remanescente foi desmobilizado, e retomou as suas vidas fora do gatilho e das botas.

    Sobre o segundo ponto (inclusao das forças da guarda pessoal de Dhlakama na Polícia), o líder da Renamo disse que não podia disponibilizar estes manos porque não tinha confiança que eles voltariam com a mesma filosofia.

    Ultimamente há uma corrente que esquece estes processos, e inventa factos, de modo a branquear a história e a convencer os mais incautos ou os mais novos que pensam que não tem às fontes.

    Na leitura atenta do Acordo Geral da Paz aqui disponibilizado, pode-se chegar à conclusão que todos os protocolos foram cumpridos positivamente, que a abertura do anterior presidente Joaquim Chissano em aceitar que Dhlakama mantivesse um contigente armado, fez com que o Governo actual herdasse o actual estado das coisas.

    Aliás, Dhlakama também tem uma cota parte da culpa, uma vez que se se assina um acordo, o espírito é entrar numa nova filosofia, e ele demonstrou que não tinha vontade e nem capacidade para encarar a nova vida como político.

    A própria Renamo (e não só), faz política de uma forma rudimentar, esperando somente pelas épocas eleitorais para aparecer, e mesmo com isso, esperando que a sua base eleitoral crescesse, porém continuando com o mesmo marasmo visível a olho nu.

    O seu líder, sempre usou da política do complexo de Elias, não vendo outro quadro para poder dirigir o partido, desde o Raul Domingos, passando pelo Manuel de Araújo, Ismael Mussá entre outros, que os via como uma ameaça ao seu poder.

    Dhlakama, esperto que é, dividiu a Renamo em duas, vedando o contacto entre a ala intelectual e a ala militar, e usando duma ou doutra, conforme os seus interesses de momento.
    Fazendo com que cada uma das alas gire à sua volta e acompanhasse os seus lentos passos políticos, embora outros membros, principalmente os da aula intelectual, tenham capacidade para esgalhar mais que o líder.

    Assim, e pela sua inércia política, a Renamo perdeu grande parte do seu eleitorado, quer para a Frelimo, quer para outros partidos mais novos como o MDM, e, notando isto, começou a usar da política de sequestro de consciências, ao aparecer de vez em quando a prometer incendiar o país, ou a mudar o estado constitucional à força.

    Esta posição também fez com que o eleitorado aumentasse a velocidade na sua fuga, e vendo isto, a Renamo entendeu que não tinha nenhuma alternativa para se afirmar como o partido mais forte da oposição, e preferiu fazer a ponte para reforçar a sua presença na sociedade.

    Assim, Dhlakama recorreu à ala militarizada, e promoveu o Bissopo para andar a pregar o evangelho da guerra, que era também uma mensagem à ala intelectual de que a bússola do líder tinha girado.

    Bissopo estava a ganhar projecção, e até chegou de ser negociador chefe da Renamo no diálogo com o Governo, mas o complexo de Elias veio ao de cima, e o líder enconstou-o, e ele humildemente desapareceu.

    Deste modo, a actual situação que se vive no centro do país, é resultado da inércia política da Renamo, e do medo político do seu líder que não tem argumentos para acompanhar o evoluir do jogo político no país, e usa de justificações sem sentido para açambarcar o bem estar geral, tentado fazer de refém um Estado soberano.

    O líder da Renamo sabe que a sua capacidade estava a ser questionada em surdina, e se a Renamo participasse nas eleições que estão a ser preparadas, as vozes que se ouviam nas esquinas do partido iam ser vuvuzelas autênticas, porque a Renamo ia ser esmagada completamente, e haveria necessidade de uma mudança interna para que o partido pudesse renascer.

    Dhlakama entendeu. Será que todos entendemos?
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