Guebuza, a menos de dois anos para o fim do segundo mandato como Presidente de Moçambique, tem uma missão salvífica: desarmar a Renamo. Foi ele o negociador-mor, pela parte do Governo, do Acordo Geral de Paz (AGP) e só ele, pode levar a bom termo esta última missão. Acabar com exércitos paralelos fez parte da sua campanha, no primeiro mandato e ao receber os votos do povo, recebeu aprovação desta promessa eleitoral. Há 21 anos atrás, com Raúl Domingos na contraparte, colocou diques contra o sangue que corria pelo país devido a guerra. Todavia, os dois exércitos beligerantes continuaram a coexistir no panorama político nacional e a sociedade foi convivendo com esta realidade como se fosse algo de normal. Hoje, como Presidente, tem a obrigação legítima e moral de deixar ao sucessor um país com um único exército. É um legado desejado pela maioria. Através dos acontecimentos terroristas de Moxungue que deixaram algumas famílias enlutadas, o povo sabe da gravidade do momento. É urgente desarmar a Renamo, e ainda neste mandato. Só esta última missão de Guebuza defenderá a República, as liberdades e as conquistas democráticas.
A Renamo, o histórico e maior partido da oposição, sempre que se encontra sem argumentos, usa as armas reservadas aquando do fim da Guerra, em 1992, para chantagear o Governo e, nestas acções, já perderam-se vidas. Paralelamente a isto, vemos moçambicanos aplaudindo a esta formação político-militar quando aparece a admitir ter mandado matar moçambicanos (sejam civis ou militares). Todo o país vibra de indignação ante desalmados que o querem enterrar num inferno de terror e de morte. O recente ponto prévio colocado pelo governo na mesa de negociações, visto por alguns segmentos como obstáculo inoportuno, é um imperativo nacional que adorna o que Guebuza tem que nos deixar como legado: desarmar a Renamo. Ele já fez muito, para este país e ainda continua fazendo. Recordemos as pontes que unem Moçambique à Tanzania, a que une Sul ao Norte do país. Nesta matéria, somos levados a concluir que Guebuza materializou o sonho de Cecil Rhodes, unir Cabo ao Cairo. Lembremos, igualmente, a reversão da HCB e de outras inumeráveis obras. Mas o desarmamento da Renamo é um complemento inadiável. É indiscutível que conhecemos dificuldades neste processo, mas já tivemos maus momentos em termos de miséria material.
Nos 12 Trabalhos de Guebuza, «Notícias» de 26/06/2013, Rafael Shikhani mostrou os principais desafios da Governação de Guebuza e como ele inaugurou o modernismo. De facto, certas coisas que, há 10 anos atrás, ainda eram objectos de luxo, passaram a ser acessíveis às grandes camadas populares e até o automóvel já se vai tornando reivindicação possível, pelo menos para amplos sectores de funcionários públicos. Graças a paz, superamos muitos países em índice de crescimento, ao atingirmos a média anual de 7%. Ganhamos maior projecção e respeito no exterior ao abandonarmos a velha posição incaracterística de nossa política externa – já fomos um dos promotores dos Países da Linha da Frente – e ao passarmos a participar, com personalidade própria, no cenário africano. Os moçambicanos, enfim, ganharam mais confiança em si próprios e passaram a actuar decisivamente na vida política da nação. Em contrapartida, determinadas facetas da vida do país foram modificadas e novos problemas vieram à tona, desafiando a capacidade nacional e tornando cada vez mais difícil a vida do povo. É momento de enfrentar o problema de frente e ajudar a Renamo a ser um verdadeiro partido político, capaz de ganhar brilho por vias democráticas. Ela tem uma ocasião de fazer o levantamento e caracterização dos seus homens (idade, sexo, escolaridade, etc.) e desenhar o que gostaria que acontecesse com eles: integração no exército, na polícia, na vida civil e os mecanismos de sua inserção, submeter a proposta ao Governo, em nome da transparência.
É preciso devolver-lhes esperança e tira-los do cativeiro em que se encontram. Essa história que alguns analistas andam por aí a espalhar, acerca de existir um ponto próprio onde isto será debatido, é uma anedota. Se a Renamo tem na Lei Eleitoral o seu ponto prévio e a paridade o respectivo ingrediente, o Governo tem-no no desarmamento. Não que o Governo não saiba da complexidade da matéria mas que precisa a clareza dela. Ainda bem que Raúl Domingos, o negociador-mor do AGP, pela parte da Renamo, tende a ressuscitar. Pouco interessa se para a Renamo ou para o PDD. Que ninguém vacile. Todos preparados para agir coloquemos as armas na mão para salvar o país do perigo a que se expõe. Ainda bem que os partidos extraparlamentares e o observatório eleitoral se esforçam na busca de soluções possíveis. Estranhamente, a terceira força política fica à margem do momento.
Se atentarmos para a realidade moçambicana dos nossos dias iremos constatar a existência de inúmeras contradições, que estão a exigir a nossa análise e compreensão. Os paladinos da Democracia, ao mesmo tempo que defendem o Estado de Direito se contradizem quando defendem as acções armadas da Renamo e chegam a ridicularizar as Forças Armadas, como se a capacidade militar de um exército se medisse, necessariamente, pelo número de suas baixas. Quando era suposto que o MDM fosse mais coerente nas suas propostas sobre a desmilitarização da Renamo, vimos como Daviz Simango o levou ao descrédito na única vez que abriu a boca para sossegar, com medida populista, os homens armados da Renamo: criar uma empresa pública para eles. Uma verdadeira Apartheidização da Função Pública em virtude da pertença partidária como se nas actuais empresas não houvesse espaço para os acomodar ou, na pior das hipóteses, como se «eles» - os homens armados da Renamo – fossem outros moçambicanos, merecedores da estigmatização. O país possui espaço para todos, independentemente da sua cor partidária, raça, religião, etc. e é isto que deve ser reforçado e nunca incentivado. Para acabar com estas opiniões sem nexo, Guebuza deve cumprir com a última missão: desarmar a Renamo.
Pedro MAHRIChttp://repensand.blogspot.com/ 2013/07/ a-ultima-missao-de-guebuza-desa rmar.html
A Renamo, o histórico e maior partido da oposição, sempre que se encontra sem argumentos, usa as armas reservadas aquando do fim da Guerra, em 1992, para chantagear o Governo e, nestas acções, já perderam-se vidas. Paralelamente a isto, vemos moçambicanos aplaudindo a esta formação político-militar quando aparece a admitir ter mandado matar moçambicanos (sejam civis ou militares). Todo o país vibra de indignação ante desalmados que o querem enterrar num inferno de terror e de morte. O recente ponto prévio colocado pelo governo na mesa de negociações, visto por alguns segmentos como obstáculo inoportuno, é um imperativo nacional que adorna o que Guebuza tem que nos deixar como legado: desarmar a Renamo. Ele já fez muito, para este país e ainda continua fazendo. Recordemos as pontes que unem Moçambique à Tanzania, a que une Sul ao Norte do país. Nesta matéria, somos levados a concluir que Guebuza materializou o sonho de Cecil Rhodes, unir Cabo ao Cairo. Lembremos, igualmente, a reversão da HCB e de outras inumeráveis obras. Mas o desarmamento da Renamo é um complemento inadiável. É indiscutível que conhecemos dificuldades neste processo, mas já tivemos maus momentos em termos de miséria material.
Nos 12 Trabalhos de Guebuza, «Notícias» de 26/06/2013, Rafael Shikhani mostrou os principais desafios da Governação de Guebuza e como ele inaugurou o modernismo. De facto, certas coisas que, há 10 anos atrás, ainda eram objectos de luxo, passaram a ser acessíveis às grandes camadas populares e até o automóvel já se vai tornando reivindicação possível, pelo menos para amplos sectores de funcionários públicos. Graças a paz, superamos muitos países em índice de crescimento, ao atingirmos a média anual de 7%. Ganhamos maior projecção e respeito no exterior ao abandonarmos a velha posição incaracterística de nossa política externa – já fomos um dos promotores dos Países da Linha da Frente – e ao passarmos a participar, com personalidade própria, no cenário africano. Os moçambicanos, enfim, ganharam mais confiança em si próprios e passaram a actuar decisivamente na vida política da nação. Em contrapartida, determinadas facetas da vida do país foram modificadas e novos problemas vieram à tona, desafiando a capacidade nacional e tornando cada vez mais difícil a vida do povo. É momento de enfrentar o problema de frente e ajudar a Renamo a ser um verdadeiro partido político, capaz de ganhar brilho por vias democráticas. Ela tem uma ocasião de fazer o levantamento e caracterização dos seus homens (idade, sexo, escolaridade, etc.) e desenhar o que gostaria que acontecesse com eles: integração no exército, na polícia, na vida civil e os mecanismos de sua inserção, submeter a proposta ao Governo, em nome da transparência.
É preciso devolver-lhes esperança e tira-los do cativeiro em que se encontram. Essa história que alguns analistas andam por aí a espalhar, acerca de existir um ponto próprio onde isto será debatido, é uma anedota. Se a Renamo tem na Lei Eleitoral o seu ponto prévio e a paridade o respectivo ingrediente, o Governo tem-no no desarmamento. Não que o Governo não saiba da complexidade da matéria mas que precisa a clareza dela. Ainda bem que Raúl Domingos, o negociador-mor do AGP, pela parte da Renamo, tende a ressuscitar. Pouco interessa se para a Renamo ou para o PDD. Que ninguém vacile. Todos preparados para agir coloquemos as armas na mão para salvar o país do perigo a que se expõe. Ainda bem que os partidos extraparlamentares e o observatório eleitoral se esforçam na busca de soluções possíveis. Estranhamente, a terceira força política fica à margem do momento.
Se atentarmos para a realidade moçambicana dos nossos dias iremos constatar a existência de inúmeras contradições, que estão a exigir a nossa análise e compreensão. Os paladinos da Democracia, ao mesmo tempo que defendem o Estado de Direito se contradizem quando defendem as acções armadas da Renamo e chegam a ridicularizar as Forças Armadas, como se a capacidade militar de um exército se medisse, necessariamente, pelo número de suas baixas. Quando era suposto que o MDM fosse mais coerente nas suas propostas sobre a desmilitarização da Renamo, vimos como Daviz Simango o levou ao descrédito na única vez que abriu a boca para sossegar, com medida populista, os homens armados da Renamo: criar uma empresa pública para eles. Uma verdadeira Apartheidização da Função Pública em virtude da pertença partidária como se nas actuais empresas não houvesse espaço para os acomodar ou, na pior das hipóteses, como se «eles» - os homens armados da Renamo – fossem outros moçambicanos, merecedores da estigmatização. O país possui espaço para todos, independentemente da sua cor partidária, raça, religião, etc. e é isto que deve ser reforçado e nunca incentivado. Para acabar com estas opiniões sem nexo, Guebuza deve cumprir com a última missão: desarmar a Renamo.
Pedro MAHRIChttp://repensand.blogspot.com/
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