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"Mas, se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta...," dizia o cartaz de um manifestante fazendo menção às palavras do hino nacional, muitos outros gritavam “O Brasil acordou”. É isso mesmo que está acontecendo, para surpresa de muito políticos e até mesmo de grande parte da sociedade, que achava que a juventude brasileira estava alienada, mas como dizem, filho de peixe, peixinho é.
O Brasil viveu momentos parecidos na década de 60 quando os jovens, o povo, saíram às ruas para se manifestar, lutar por um Brasil melhor e livre de regimes autoritários. Hoje, aqueles jovens de 60 veem seus filhos e netos em 2013 repetindo seus atos, eles aprenderam que o povo unido pode mudar a história da nação.
Coincidência do destino ou não, extamente há 45 anos o Brasil vivia o mesmo período de manifestações. No dia 26 de junho de 1968 realizava-se uma grande passeata no Rio de Janeiro que ficou conhecida como a Passeata dos cem mil, por ter reunido igual número de pessoas insatisfeitas com o regime político. E hoje, quais são as semelhanças e diferenças desses dois momentos históricos no país?
Assim como em 1968, a grande maioria dos manisfestantes é constituida por jovens, estudantes insatisfeitos com o atual governo. O ano de 68 foi também marcado por manifestações internacionais como agora em 2013, a exemplo mais recente da Turquia, em 68 jovens na França também protestavam e faziam greves, o que ficou conhecido como o Maio de 68.
O que podemos ressaltar como diferença é que na década de 60 os jovens no Brasil faziam parte de uma geração e hoje existem várias tribos com estilos diferentes.
A Internet, uma ferramenta tão poderosa, em 1968 ainda não existia. Para organizar uma manifestação eram necessários dias de planejamento, enquanto hoje com a Internet a convocação para uma manifestação é instantânea. Hoje brasileiros em diversas partes do mundo também fazem manifestações em apoio ao Brasil, como aconteceu no Canadá, EUA e outros.
O resultado da manifestação de 68 foi a promulgação do AI-5 que retirou a total liberdade da população, e hoje, como resultado, o povo está sendo ouvido e atendido com um possível plebiscito para reforma política, que também atende a uma das reivindicações contra a corrupção no Brasil.
O país acordou, e foram precisos 45 anos para que o gigante entendesse que a união faz a força. Depois de anos de sono, o povo brasileiro entendeu que não adianta reclamar do sofá e que é preciso fazer algo para que seja ouvido. A gota d’agua foram R$ 0,20 de aumento nas passagens de ônibus. O povo cansou de ser vandalizado. O problema não são os centavos, o problema é a falta de educação, as escolas públicas estão abandonadas, o pobre não tem mais direito a ensino de qualidade, faltam professores e estes são mal pagos, falta material escolar, falta estrutura. Um estudante de rede pública não é preparado para entrar nas universidades e, com isso, seu futuro educacional fica limitado.
Na saúde a situação é ainda pior: faltam leitos para internação, faltam médicos, faltam remédios, falta estrutura, muitos hospitais funcionam em situação de abandono, pacientes ficam no chão esperando atendimento, e se você precisa fazer uma operação ou marcar um exame, isso só é possível meses depois, ou seja, você marca o exame hoje é vai ser atendido no final do ano, e até lá você já morreu se não tiver sorte, a menos que tenha dinheiro para pagar plano de saúde.
O transporte também vai muito mal, ônibus de péssima qualidade, super lotação, estradas esburacadas, congestionamentos inacreditáves... Em São Paulo você pode ficar até 4 horas no trânsito. A passagem cara e a falta de qualidade no serviço de transporte público fazem as pessoas optarem por carros, e muitos carros geram engarrafamentos.
A desigualde social no Brasil é assutadora, o número de pessoas que são dependentes de ajudas do Governo para poderem sobreviver também é grande, mas parece que, para o Governo, é melhor manter a pobreza no país do que torná-lo melhor para que cada pai de família possa sustentar e criar seu filhos sem precisar das esmolas do Estado. O brasileiro fica dependente de bolsa sobrevivência, que são medidas a curto prazo mas que não resolvem o problema da pobreza. Mas hoje para muitos não resta outra saída senão aceitar.
O brasileiro sofre e os mais pobres são os que sentem mais forte na pele os efeitos da corrupção, que roubam as verbas que deveriam ir para educação, saúde e transporte, a exemplo o grande escândalo de caixa dois descoberto ainda no governo Lula, o Mensalão.
O discurso que sempre ouvimos é que não há verba para investir em educação e saúde, mas quando ouvimos que, para a Copa de 2014, foram liberados cerca de R$ 20,1 bilhões, o que será que o brasileiro, castigado pelo transporte público, pelos baixos salários, sente ao ouvir uma notícia desta? O que será que sente o brasileiro que espera no corredor do hospital um leito para ser internado, ou o pai que gostaria de ver seu filho tendo uma boa educação e sofre com a falta de professores e ensino de péssima qualidade?
Dinheiro para investir na população, no bem-estar social não tem, mas parece que para outras coisas tem. Isso gera uma grande revolta, e o povo que sofre resolveu dar um basta, resolveu ir às ruas e se manifestar. Pois é, o Brasil acordou, manifestar é um direito nosso, manifestação sem violência. Espero com isso que tenhamos um Brasil melhor.
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