Por Amosse Macamo
O meu amigo Gito Katawala fez um post ontem manfestando “nojo” pelos moçambicanos “...que disseminam por aqui a ideia de que os Portugueses estão a montar uma conspirção para voltarem a Moçambique e reclamar propriedades e infraestruturas que eles perderam há 38 anos.” Na verdade reagia a um pronunciamento do também meu amigo Nhecuta que referenciava “ex-colonos” com interesses em recuperar as conquistas dos moçambicanos.
Não quero inventar um falso debate e nem quero tomar partido nesta peleja que até mete nojos a alguns. Mas a descolonização trouxe feridas que ainda mantém-se abertas. Ainda vive a geração dos que acham que perderam os seus bens em Moçambique e há literatura sobre isso, aliás, a foto acima, é de uma Associação de quem alimenta ainda uma expectativa jurídica.
Essas pessoas tem filhos e dependentes que ouvem todos os dias e pior em momentos de ira estas pessoas a referenciarem os seus bens perdidos nas ex colónias. Há de convir ...que por mais que não queiram acabarão assumindo as dores dos seus, afinal, seja porque motivo for, perder um bem que um dia já foi nosso, não é fácil.
Deste grupo, há os que já se conformaram e perceberam que estão num processo que os ultrapassa e há outros que nem por isso e a nossa mana Ângela Maria Serras Pires pontifica como exemplo e as dores da casa dela deixada atrás em Sofala mantém-se.
Ela existe e é real, e o Nhecuta falava destas pessoas e não de portugueses. Os portugueses quer queiramos ou não são nossos irmãos e só pela língua tornam-se incontornáveis e sabemos que não o são incontornáveis somente pela língua.
O Nhecuta, não falou de nenhuma realidade que não possa existir, não inventou nada que não se equacione e por isso mesmo era importante tentar percebe-lo. Tomar as suas declarações pelo curso e seu grau de instrução pode se revelar ingrato porque ele pode-se defender usando a ideia da expectativa jurídica que paira no seio dos que acham que devem ser indemnizados pelos seus bens deixados a trás. O facto de eles exigirem essa indemnização ao Governo português não afasta e nem pode afastar o local onde o seu bem ainda está lá, servindo a finalidade para que foi edificado.
Deixe-me terminar esta minha confusão com a história de um amigo que comprou um televisor velho no estrela a quase preço para um plasma. Quando comprou não o percebi e questionei: porque gastar tanto por uma coisa velha e que podes substituir por uma nova e com imagens mais apuradas?
Calou-se. E percebi tudo quando chegamos a casa dos pais. O pai dele sorriu e abraçou o televisor. Lembrei-me que há duas semanas o velhote tinha comunicado roubo na sua casa.
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