A FIR está a deixar o Governo sem qualquer hipótese de mostrar os dentes.
E está-se a provar que ou este Governo acaba rapidamente com a sua atitude prepotente ou Armando Guebuza corre o risco de acabar na rua ou a fugir com os seus comparsas a seguir-lhe as pegadas.
A “musculatura” com que o Executivo de Guebuza, através de agentes da Polícia transformados em seu “exército privado”, se tem apresentado a civis desarmados, em manifestações pacíficas de protesto que embora constitucionalmente permitidas este Governo insiste em reprimir selvaticamente, está a ficar evidente que não passa de “tecido insuflado”, sem qualquer utilidade prática se for necessário salvar a honra do Estado.
Incendiando e atacando sedes de partidos de oposição, impedindo-os de trabalhar livremente;
Contra os “desmobilizados de guerra”, velhos combatentes esfarrapados e humilhados socialmente;
Contra os “madgermens”;
Contra os deslocados de Cateme;
Contra os deserdados de Moatize;
Contra os manifestantes nas areias pesadas em Moma;
Contra os médicos que apenas pedem para os tratarem de forma a que possam viver com dignidade;
Contra o pessoal da Saúde que também apenas pede que lhes paguem por forma a não terem de viver como mendigos;
Contra tudo e contra todos, os blindados de guerra e as armas, os corpos bem constituídos dos agentes da FIR mas com preparação duvidosa, os capacetes, os coletes à prova de bala, os camiões com canhões de água para combate a manifestantes pacíficos, as AK47, e todo um aparato agressivo vinham dando a ideia de que o Governo de Guebuza tinha como continuar a impor a sua arrogância.
No entanto, hoje, depois de Nampula em que se viu quem de facto são os “bandidos armados” que cercam e atacam os outros não os deixando livres na sua própria terra;
Depois de Muxúnguè em que se viu quem viola a Constituição e a Lei, atacando instalações privadas de partidos políticos;
Depois dos acontecimentos da última sexta-feira na Gorongosa, nas imediações do local em que Afonso Dhlakama decidiu ir residir, a conversa agora é outra.
As baixas na Polícia são muitas e na Renamo apenas uma. Isso dá bem a ideia de que a força que Guebuza julgava que tinha é praticamente nula.
Armando Guebuza e os seus seguidores que mesmo na Frelimo já são muito poucos apesar dele se ter imposto no X Congresso em Pemba, pensavam que bastava correr com todos os militares das FADM provindos das hostes da Renamo no fim da guerra civil e criar uma força policial com grande aparato bélico para passar a fazer o que lhe apetecesse e lhes desse na real gana. Enganaram-se!!!...
Em Nampula a reacção dos tais “homens armados da Renamo” ao serem atacados pôs Guebuza a correr para o Norte para se encontrar com Dhlakama.
Depois a mensagem habitual continuou a ser passada: “Dhlakama cala-se com uns chequesitos porque ele o que quer é dinheiro”.
As promessas sucessivas de Dhlakama de que iria promover manifestações que nunca aconteceram, foram desgastando a sua imagem e a imagem da organização que dirige.
Um MDM – um dos dois partidos na oposição parlamentar – a pautar-se por um comportamento cívico esmerado chamando apenas à atenção para as suas bandeiras rasgadas e queimadas; as suas sedes atacadas, destruídas ou incendiadas, sem reagir violentamente, foi permitindo que se fosse ganhando consciência da violência do regime Guebuziano, mas este continuou a organizar a sua escalada de desrespeito pela liberdade dos outros consagrada na Constituição da República interpretando a Lei a seu bel-prazer, intimidando inclusive e subtilmente a própria magistratura, insultando opositores e críticos, utilizando linguagem vil e de baixo nível, caminhando com o “rei na barriga” chegando mesmo ao ponto de dizer: “vamos continuar a irritá-los!”.
Esse comportamento de Guebuza era típico de quem já tinha ganho consciência de que os seus dias estavam a chegar ao fim, mas como qualquer ditador, como qualquer fascista, continuou perdido na sua alucinação, contaminando instituições como a Polícia da República, levando-a a enveredar por atitudes e comportamentos contra cidadãos que era suposto defenderem.
Até no seio do próprio Conselho de Ministros hoje é bem conhecida a arrogância de Guebuza.
Ao mais alto nível do próprio Partido Frelimo, Guebuza é hoje uma peça indesejável.
Camaradas que ajudaram Guebuza a escorraçar Joaquim Chissano do poder, como foi o caso de Graça Machel, Marcelino dos Santos, Jorge
Rebelo e tantos outros, hoje não escondem os seus sentimentos contra a casmurrice de quem se habituou ao conforto do poder e se recusa a aceitar que Moçambique é muito mais do que ele e do que as suas ambições pessoais e familiares.
A dita paciência dos moçambicanos não existe. Os moçambicanos parecem pacientes mas não são. São, sim, responsáveis. Sabem que para se verem livres de um ambicioso com propensão a déspota não precisam de partir tudo à sua volta, mas por isso mesmo é urgente e absolutamente indispensável que as vozes mais conscientes dentro do próprio partido Frelimo promovam um congresso extraordinário para pôr fim a toda a instabilidade que o Senhor Armando Emílio Guebuza está a promover no País.
Mais do que a Frelimo tentar preservar o poder que detém desde a Independência é um imperativo nacional salvar Moçambique de desgraça maior do que já é continuarmos a ter como chefe de Estado um homem que um dia o quase profeta Carlos Cardoso disse que onde ele pega estraga.
Não há neste momento nenhum sector social que não tenha consciência que “Guebuza não”, como escreveu Carlos Cardoso. Até uma criança em Maputo a quem um pai ofereceu há dias cadernos escolares com a fotografia de Guebuza na contra-capa rejeitou esses cadernos dizendo-lhe: “Pai, eu não gosto da foto desta pessoa”.
Guebuza como Presidente da República neste momento não é um factor de unidade entre os moçambicanos nem mesmo dentro da Frelimo a julgar pelas vozes que já falam abertamente, incluindo o próprio Marcelino dos Santos em sítios públicos.
Por isso deixemo-nos de ilusões e façamos tudo para fazer saber ao próprio Presidente Guebuza que ele está isolado e que ninguém mais o quer.
Por isso juntemo-nos todos, a bem do País, para defender a democracia e livrarmo-nos do homem que ficará seguramente para a história como o pior presidente de todos os tempos.
Não permitamos que a situação chegue a extremos! Digamos todos de mãos dadas: GUEBUZA BASTA!!!
Canal de Moçambique – 29.05.2013
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