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Em 26 de junho foi apresentado em Viena um Relatório Mundial sobre o Consumo de Drogas em 2013. Em entrevista exclusiva à Voz da Rússia, Viktor Ivanov, diretor do Serviço Federal de Controle sobre o Narcotráfico, se debruçou sobre o seu conteúdo e nos deu a conhecer a sua atitude para com este documento.
– A seu ver, o que se reveste de especial importância para os países da América Latina e da Ásia? O que é que falta no Relatório?
– Gostaria de chamar atenção para o fato de o relatório ter coincidido com o Dia Internacional de Combate ao Narcotráfico. Claro que se trata de um documento muito sério e circunstanciado a conter uma série de dados que lançam luz sobre a situação nessa esfera em escala global. Por outro lado, a questão da produção fenomenal de drogas no Afeganistão não se põe em destaque, ou seja, não se articula bem no contexto geral, sendo referida como um dos problemas pendentes sem chamar a atenção para o fenômeno da produção de drogas em larga escala. No meu entender, isso não permite apontar claramente para a necessidade premente de empreender ações especiais a fim de solucionar este problema. Constatamos a prática de aplicação de medidas desproporcionais quanto à produção de estupefacientes no Afeganistão e no hemisfério Oeste – na Colômbia e no México, por exemplo. Ali se destrói anualmente mais de 50% da sementeira de coca, enquanto no Afeganistão – na ordem de dois pontos percentuais. É uma situação absolutamente inadequada.
– Há quem afirme que após a retirada das tropas da OTAN do Afeganistão a situação pode vir a agravar-se, produzindo um impacto negativo na Rússia.
– A situação se mantém péssima já que a produção de drogas atingiu as proporções nunca vistas. São comercializados um pouco mais de 30% de produtos anuais, os restantes se vão acumulando em estoques secretos.
– O Relatório põe em destaque os perigos relacionados com o consumo de novas substâncias psicoativas. Quer comentar?
– Este problema tem sido realmente global devido ao emprego cada vez frequente de altas tecnologias químicas e farmacêuticas, bem como de nanotecnologias em nível molecular. Os elementos criminosos procuram aproveitar-se desses êxitos, tentando sintetizar novas substâncias psicoativas. Por isso, pode-se observar um vertiginoso crescimento da síntese de novas substâncias do gênero que surgem uma vez por semana. Tal cenário implica a tomada de medidas adequadas da parte do Estado e da sociedade aos quais compete assumirem o controle da situação nesse domínio.
– Hoje em dia, cumpre elaborar um novo paradigma da política de combate à droga e ao narcotráfico. Aí, deve-se procurar vias equilibradas da solução deste grave problema. Em face disso, alguns países, outrora outsiders nesta área, têm tentado impor a tática de legalização. Estamos contra tais abordagens. O combate ao tráfico de drogas deve ser realizado por policiais profissionais muito bem preparados, idôneos e competentes. Os criminosos usam novas tecnologias e ferramentas técnicas, como a Internet, para fazer a propaganda de estupefacientes e promover os produtos ilegais que lhes trazem lucros fabulosos. Por isso, as questões de preparação profissional têm adquirido uma importância enorme.
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